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Açúcar avança nas bolsas internacionais, mas projeções apontam superávit e pressão nos preços

Apesar da valorização recente, projeções indicam oferta acima da demanda, mantendo pressão sobre os preços do açúcar no mercado mundial.


Publicado em: 24/09/2025 às 11:20hs

Açúcar avança nas bolsas internacionais, mas projeções apontam superávit e pressão nos preços

Os contratos futuros de açúcar registraram alta nas bolsas internacionais nesta terça (23) e quarta-feira (24), acompanhando o avanço do petróleo e as perspectivas de mercado. Apesar das valorizações recentes, projeções da consultoria StoneX indicam um cenário de superávit global em 2025/26, o que pode pressionar os preços no médio prazo.

Petróleo impulsiona açúcar e etanol

Na terça-feira (23), o petróleo bruto avançou cerca de 2% após a Otan anunciar que responderia a incursões russas em seu espaço aéreo, segundo o Barchart. A alta do petróleo aumentou a atratividade do etanol, o que pode reduzir a oferta de açúcar no mercado internacional, sustentando os preços da commodity.

Projeções da StoneX: superávit global em 2025/26

A StoneX revisou suas estimativas e prevê superávit de 2,8 milhões de toneladas na safra 2025/26, revertendo o déficit registrado em 2024/25. Para o analista Marcelo Di Bonifácio Filho, os fluxos comerciais têm sido o fator determinante no mercado atual. Estoques elevados, importações moderadas e a safra recorde de 2023/24, aliada às exportações brasileiras de 2024, reforçam a tendência de preços mais baixos no médio prazo.

Safra brasileira segue robusta

Entre abril e agosto, o mix açucareiro do Centro-Sul do Brasil superou 52%, refletindo a prioridade da produção de açúcar sobre o etanol. Para a safra 2026/27, a StoneX projeta moagem de 620,5 milhões de toneladas, alta de 3,6% em relação ao ciclo atual. A produção de açúcar deve alcançar 42,1 milhões de toneladas, avanço de 5,7%, enquanto as exportações podem chegar a 34 milhões de toneladas, se aproximando do recorde de 2024.

No Norte-Nordeste, a moagem deve permanecer estável em 57,3 milhões de toneladas em 2025/26. A produção de açúcar tende a cair 1,9%, para 3,65 milhões de toneladas, mas o destaque está no etanol de milho, que deve se aproximar de 1 bilhão de litros já nesta temporada, com novas unidades entrando em operação em estados como Bahia, Tocantins, Piauí e Rondônia.

Expansão do etanol de milho

O etanol de milho ganha cada vez mais importância no Brasil. Para 2026/27, a produção deve atingir 11,4 bilhões de litros, alta de 17,5% sobre o ciclo anterior, representando quase um terço do volume total de etanol no país. Segundo Di Bonifácio, esse movimento diversifica a matriz produtiva, fortalece a competitividade regional e amplia a segurança no abastecimento de biocombustíveis.

Bolsas internacionais: Nova York e Londres

Na ICE Futures, em Nova York, o açúcar bruto encerrou terça-feira (23) em alta:

  • Outubro/25: 15,66 centavos de dólar por libra-peso (+41 pontos)
  • Março/26: 16,15 centavos de dólar por libra-peso (+24 pontos)

Na abertura desta quarta (24), os preços mantiveram leve valorização, com outubro/25 estável em 15,66 centavos, março/26 em alta de 0,25% (16,19 centavos) e maio/26 também subindo 0,25% (15,76 centavos).

Em Londres, na ICE Europe, o açúcar branco encerrou terça em valorização:

  • Dezembro/25: US$ 462,80 por tonelada (+US$ 11,80)
  • Março/26: US$ 454,00 por tonelada (-US$ 9,40)

Na quarta-feira (24), o dezembro/25 recuava 0,13%, cotado a US$ 462,20 por tonelada.

Mercado interno: açúcar e etanol

No Brasil, o açúcar cristal registrou alta de 0,08%, segundo o Indicador Cepea/Esalq, com a saca de 50 kg negociada a R$ 119,79. Já o etanol hidratado recuou 0,25%, sendo comercializado a R$ 2.831,00 o metro cúbico nas usinas de Paulínia.

Fonte: Portal do Agronegócio

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