Publicado em: 20/08/2025 às 19:20hs
O mercado global de açúcar registrou pressão sobre os preços ao longo de 2025, influenciado por expectativas de oferta e demanda. O açúcar bruto iniciou o ano cotado a 19,5 c/lb e chegou ao pico em fevereiro, em meio à preocupação com a safra indiana 2024/25 e ao desempenho da região Centro-Sul do Brasil em 2025/26.
Apesar dos desafios de produtividade e qualidade da cana, a moagem brasileira deve superar 600 milhões de toneladas, sustentada por um mix recorde de açúcar. Isso ajudou a estabilizar os preços em torno de 16,5 c/lb, refletindo o aumento da oferta em comparação com safras anteriores, embora a demanda global tenha impedido queda significativa, mantendo-os acima do mínimo de junho, de 15,5 c/lb.
Durante maio a julho, a China voltou a impulsionar as importações brasileiras, aproveitando o superávit do período, mesmo com forte produção doméstica. Segundo a analista de mercado da Hedgepoint, Lívea Coda, as compras chinesas posicionaram o país como principal comprador de açúcar brasileiro, aproveitando oportunidades de arbitragem.
Apesar de fatores sazonais, como a entressafra brasileira e estoques baixos de etanol, a Hedgepoint projeta um excedente global superior a 2,5 milhões de toneladas entre o terceiro trimestre de 2025 e o terceiro trimestre de 2026, limitando expectativas de recuperação expressiva dos preços.
A produção indiana de açúcar para o ano-safra 2024/25 atingiu 3,75 milhões de toneladas, com moagem de 58,4 milhões de toneladas de cana. Para 2025/26, a previsão é de moagem de 60,6 milhões de toneladas, quase 4% acima do ano anterior, resultando em produção líquida de açúcar estimada em 31 milhões de toneladas.
As exportações devem alcançar 1,5 milhão de toneladas, considerando pedidos governamentais e superávit não utilizado de 2024/25. O desvio para etanol está previsto entre 4 e 4,5 milhões de toneladas, mantendo a produção líquida de açúcar em níveis robustos.
Na Tailândia, a produção de açúcar em 2024/25 atingiu 10 milhões de toneladas, com aumento da área cultivada e moagem total de 92 milhões de toneladas de cana. As exportações permanecem alinhadas à safra anterior, com embarques de açúcar bruto em alta e açúcar branco em queda. A previsão para a próxima temporada é de produção de 100 milhões de toneladas de cana, limitada por riscos de doenças fúngicas, mas apoiada por condições climáticas favoráveis.
A produção chinesa de açúcar em 2024/25 alcançou 11,16 milhões de toneladas, com aumento de área plantada e produtividade ligeiramente superior. As importações de açúcar atingiram 740 mil toneladas em junho, recorde para o período, aproveitando arbitragem favorável.
Para 2025/26, a produção doméstica deve chegar a 11,2 milhões de toneladas, com estabilidade nas importações e aumento marginal da demanda. A Hedgepoint projeta acúmulo de estoques de cerca de 1 milhão de toneladas, reforçando a tendência de preços equilibrados no curto prazo.
Segundo a analista Lívea Coda, o cenário atual sugere preços estáveis, sem expectativa de quedas abruptas ou elevação acima de 20 c/lb no curto prazo. Uma forte recuperação dependeria de interrupções climáticas ou mudanças significativas nos fundamentos de oferta e demanda.
A disponibilidade crescente em países como Índia, aliada ao resultado sólido da região Centro-Sul do Brasil e à produção robusta no Hemisfério Norte, indica que o açúcar seguirá favorecendo a acumulação de estoques e mantendo estabilidade relativa nos preços internacionais.
Fonte: Portal do Agronegócio
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