Saúde Animal

Aditivos fitogênicos na alimentação animal: Tendência no mercado da suinocultura

Durante muitos anos os antimicrobianos fazem parte da composição de formulações de rações afim de prevenir, combater doenças e promover o crescimento de animais


Publicado em: 10/01/2022 às 08:20hs

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Atualmente, discussões quanto a real necessidade e uso indiscriminado desses medicamentos, que são de uso comum entre a linha humana e veterinária, vem ganhando força nos mais diversos encontros dos profissionais destas áreas. Aliado a isso, no Brasil, determinações do Ministério da Agricultura vem banindo o uso de alguns princípios ativos para uso como promotores de crescimento. Devido este cenário de turbulência envolvendo os antimicrobianos, aditivos naturais vem ganhando cada vez mais espaço na indústria de produção animal, sendo a União Europeia a principal precursora.

Além da preocupação com a eficiência dos tratamentos nos humanos com antibióticos de uso comum entre os dois setores, atualmente uma parcela da população mundial já exige que animais de produção devem ser alimentados com rações livre de antibióticos. Em virtude disso, pesquisas científicas vem sendo desenvolvidas com o objetivo de analisar e comprovar os efeitos do uso de plantas na medicina tradicional, desvendando os mecanismos de ação que possam agir na prevenção, tratamento e cura de patologias humanas e animal (NUNES PINHEIRO et al., 2003). Entretanto, o maior desafio na utilização de extratos vegetais, ainda é a identificação e o estabelecimento dos efeitos exercidos pelos compostos ativos presentes nessas plantas sobre o organismo animal (RIZZO, 2008).

No mercado da suinocultura, atuando frente a redução do uso de antibióticos e possibilitando manter os excelentes ganhos zootécnicos do setor, os chamados aditivos fitoterápicos desenvolvidos através de extratos herbais, óleos essenciais, especiarias a base de plantas, tem se mostrado uma excelente ferramenta, principalmente no controle de problemas entéricos. Suas principais aplicações ficam voltadas a indústria de rações que fazem uso desses produtos afim de promover uma maior integridade e modulação da microbiota intestinal. É de conhecimento que esses elementos podem atuar de forma isolada ou em sinergia, o que pode levar a uma ampla variação ou potencialização dos efeitos, dificultando assim estabelecer uma garantia fixa dos resultados.

Nas mais variadas fases de criação dos suínos são encontrados trabalhos demonstrando os efeitos benéficos do uso destes aditivos. Nas fases reprodutivas por exemplo, onde a quantidade de ração ingerida por dia é fundamental, o uso de aditivos que atuam na melhoria da palatabilidade tem mostrado suas vantagens. Desta forma, consumindo quantidades maiores de ração, resultados como maior produção de leite, maior peso de leitegada, menores índices de refugagem de leitões, menor desgaste da fêmea normalmente são vistos e assim trazem ótimos benefícios financeiros ao sistema de criação. Nas fases de leitões na maternidade e desmamados, o principal uso fica voltado ao controle entérico devido a modulação intestinal estimular o desenvolvimento de bactérias benéficas e inibir o crescimento das patogênicas e assim diminuir a necessidade de uso dos promotores de crescimento. Nas fases de engorda, ambos benefícios citados acima seguem trazendo vantagens, desde melhoria de consumo até melhorias em conversão alimentar e ganho de peso diário, por auxiliarem na digestibilidade dos nutrientes.

Apesar do termo fitogênico soar conhecido e parecer estar presente no cotidiano das pessoas, o assunto pode ser considerado relativamente recente quando se fala em seu uso exclusivo para a linha animal. Por este motivo, é normal encontrar divergências quanto aos resultados esperados e os reais ganhos zootécnicos obtidos. Desta forma, existem e seguem sendo avaliados inúmeros trabalhos In Vitro e In Vivo na busca por respostas que giram em torno dos aditivos fitogênicos nessa busca da retirada de antibióticos promotores de crescimento. 

O fato é que, a suinocultura ainda segue com uma certa dependência do uso dos antibióticos para tratamentos de plantéis acometidos por doenças, mas também é verdade que a cada dia está evoluindo para um uso mais consciente dos medicamentos. Nessa linha, o Brasil caminha a passos largos rumo às tendências de mercado que brevemente não irão abrir mão de produtos de origem animal livres de antibióticos, mas sim que tenham sido produzidos com uso de aditivos fitogênicos.

William Rui Wesendonck - Assessor Técnico Suínos - Zootecnista com Mestrado em Nutrição e Pós Graduação em Sanidade Suína.

Fonte: Vaccinar Nutrição e Saúde Animal

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