Publicado em: 11/07/2025 às 10:10hs
Consumidores norte-americanos poderão enfrentar alta significativa nos preços de produtos básicos, como café e suco de laranja, caso o governo do presidente Donald Trump mantenha a proposta de aplicar tarifas de 50% sobre todas as importações brasileiras. A informação foi divulgada por especialistas e comerciantes na quinta-feira.
Na quarta-feira, o presidente Trump anunciou o aumento das tarifas sobre importações do Brasil, que passariam de 10% para 50%, a partir de 1º de agosto. Os Estados Unidos, entretanto, mantêm um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil, segundo dados do U.S. Census Bureau.
O Brasil é responsável por quase metade da produção mundial de café arábica e domina o mercado global de suco de laranja, representando cerca de 80% das exportações mundiais da bebida. Embora seja o maior produtor mundial de açúcar, suas exportações para os EUA não são expressivas.
Segundo Michael McDougall, analista de açúcar, o impacto maior dessas tarifas estará no café e no suco de laranja, e não no açúcar. Ele também menciona a possibilidade de efeitos sobre o mercado de açaí, já que o Brasil é o principal exportador da fruta para os EUA.
Howard Lutnick, secretário de Comércio dos EUA, indicou que alguns produtos naturais não disponíveis nos EUA, como frutas tropicais e especiarias, podem ser isentos das tarifas, dependendo das negociações com os países exportadores.
Um executivo de uma grande trader global afirmou que, com uma tarifa de 50%, não seria economicamente viável vender café brasileiro para os EUA, país que consome cerca de um terço do café mundial e importa aproximadamente 8 milhões de sacas anuais do Brasil.
Mais da metade do suco de laranja consumido nos EUA é importada do Brasil. A dependência tem aumentado nos últimos anos devido à queda na produção doméstica, especialmente na Flórida, afetada por doenças, furacões e temperaturas baixas.
O Departamento de Agricultura dos EUA projeta que a safra americana de laranja na temporada 2024/25 será a menor em 88 anos, com a produção de suco em níveis recorde de baixa.
Os produtores de gado dos EUA receberam bem a tarifa contra o Brasil, considerando que as exportações brasileiras contribuíram para o encolhimento do setor pecuário norte-americano. A R-CALF USA declarou apoio às medidas, visando reduzir a dependência do país em alimentos importados.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, principalmente à base de cana-de-açúcar e milho. Em 2024, a produção chegou a cerca de 35 bilhões de litros, mas menos de 6% foi exportado, com cerca de 300 milhões de litros destinados aos EUA.
Empresas como Shell, por meio da joint venture Raízen com o grupo Cosan, e a BP, proprietária de produtora brasileira de açúcar e etanol, estão expostas ao mercado brasileiro de biocombustíveis, reforçando a relevância econômica do setor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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