Publicado em: 01/04/2022 às 09:40hs
O The Good Food Institute acaba de divulgar dados comprovando que 2021 foi um ano de investimento recorde no ecossistema de empresas de alternativas aos produtos de origem animal. Neste setor estão incluídas não apenas empresas de proteína vegetal, mas também as de carne cultivada e de fermentação. Desde 2020, foram investidos quase US$11,1 bilhão no setor, sendo US$8 bilhões (73%) após o início da pandemia do coronavírus e a consequente disrupção dos mercados globais.
Em um contexto onde o mundo está voltado a buscar soluções para mitigar a crise climática, lidar com questões de uso de terra e água, e prevenir a próxima pandemia, as proteínas alternativas despontam como um investimento que vai além de retornos rápidos, sendo sustentável para o planeta a longo prazo.
A análise dos investimentos foi realizada utilizando a plataforma PitchBook Data, e mostrou que 740 empresas globais do setor, incluindo três brasileiras, receberam US$5 bilhões em investimentos em 2021. Este número é 60% maior que os US$3,1 bilhões registrados no ano anterior e cinco vezes mais que o US$1 bilhão investido no setor em 2019. “A metodologia utiliza como base anúncios públicos de investimentos, porém, há muitos outros acordos que figuram ainda em carater privado ou de confidencialidade. Por isso, o estudo não é suficiente para definirmos como os investimentos performaram no Brasil no último ano. No entanto, esses números são uma importante sinalização sobre o otimismo dos investidores sobre esse mercado globalmente que, sem dúvida, está se refletindo por aqui”, afirma Raquel Casselli, gerente de engajamento corporativo do GFI Brasil.
Vale ressaltar que em 2021 a JBS anunciou investimento de US$ 100 milhões nesta nova frente, consolidando um trabalho de análise mercadológica iniciado há três anos, com apoio do GFI Brasil. Com esse recurso, a JBS firmou acordo para aquisição do controle da empresa espanhola BioTech Foods, prevendo o investimento na construção de uma nova unidade fabril na Espanha, além da implantação do primeiro Centro de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) em Biotecnologia e Proteína Cultivada no Brasil. Por não ter sido registrado no PitchBool Data Inc., esse investimento não foi contabilizado pelo estudo.
A confiança dos investidores em empresas de proteínas alternativas é impulsionada por vários fatores de mercado, e as crises de saúde pública e ambientais que dominaram o mundo ao longo de 2020 e 2021 tornaram claros os riscos associados a portfólios e práticas de negócios habituais. Nesse contexto, tem relevância ainda maior a perspectiva de carne produzida sem risco de contribuição para a transmissão de doenças zoonóticas e emissões dramaticamente menores do que a carne convencional.
Embora os investimentos em proteínas alternativas tenham crescido a uma taxa impressionante, eles continuam sendo uma fração minúscula dos trilhões de dólares que foram investidos globalmente em empresas de tecnologia climática como um todo. Somente em 2021, o capital privado em empresas de tecnologia climática em estágio inicial totalizou US$ 47 bilhões. ”Com cada vez mais investidores reconhecendo que o risco climático é um risco de investimento, as proteínas alternativas oferecem uma solução escalável que aproxima o mundo de um sistema alimentar mais seguro e neutro em emissões de carbono. Gerenciar os riscos climáticos é impossível sem abordar os alimentos, e a agricultura e as proteínas alternativas nos oferecem uma ferramenta para fazer isso”, explica Sharyn Murray, especialista de engajamento corporativo do GFI-EUA.
Apesar do bom momento, o processo de diversificação de tipos e fontes de investimento no setor está apenas no começo uma vez que as proteínas alternativas ainda não são vistas como solução fundamental na equação da sustentabilidade. “Considerando a escala de reduções de emissões que ocorreriam com uma mudança para proteínas alternativas, este é um momento crítico para investir em tecnologias e inovações que podem levar nosso sistema alimentar a zero líquido e rápido”, pondera a vice-presidente de engajamento corporativo do GFI-EUA Caroline Bushnell. Os investimentos no setor são consideravelmente menores em comparção com outras indústrias como energia renovável e carros elétricos, por exemplo. “Aumentar os investimentos em proteínas alternativas sustentáveis permitirá que as empresas financiem P&D, produção em escala e reduzam custos para competir efetivamente com a proteína animal produzida convencionalmente e, finalmente, levar proteínas alternativas para mais pratos.”, conclui.
Para quantificar essa atividade de investimento, o GFI utilizou a sua própria ferramenta company database para criar uma lista global costumizada de empresas de carnes, ovos, pescados, leites e produtos lácteos vegetais, carne cultivada e alimentos obtidos por fermentação rastreadas pelo PitchBook Data Inc. Isso gerou uma lista de mais de 740 empresas, incluindo 3 brasileiras: Fazenda Futuro, The New e Vida Veg. os números publicados nesta versão podem diferir dos números anteriores publicados pelo GFI à medida que aprimoramos continuamente nosso conjunto de dados. Para os fins deste comunicado, “investimento”, “capital de investimento” e “capital investido” são usados alternadamente para se referir a negócios que incluem financiamento de acelerador ou incubadora, financiamento anjo, financiamento inicial, financiamento coletivo de capital ou produto, capital de risco em estágio inicial, capital de risco em estágio avançado, crescimento/expansão de private equity, capitalização, empreendimento corporativo, joint venture, dívida conversível e dívida geral (mas exclui fusões, aquisições, fusões reversas, aquisições e aquisições alavancadas, IPOs, ofertas de ações subsequentes e investimento privado em capital público). Os dados de 2021 pertencem ao período de 52 semanas que termina em 31 de dezembro de 2021. Esses dados não foram revisados pelos analistas do PitchBook.
Fonte: NQM
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