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Nova tarifa dos EUA gera incertezas nas exportações brasileiras de mel, com impacto no Paraná

Paraná é o terceiro maior exportador nacional, enquanto Estados Unidos concentram 84% das vendas do produto; setor enfrenta desafios comerciais e climáticos


Publicado em: 24/07/2025 às 18:00hs

Nova tarifa dos EUA gera incertezas nas exportações brasileiras de mel, com impacto no Paraná
Tarifa de 50% dos EUA preocupa exportadores de mel

O anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, com início previsto para 1º de agosto, tem gerado apreensão entre exportadores, especialmente do setor de mel. A informação consta no Boletim de Conjuntura Agropecuária divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab).

Estados Unidos: principal destino do mel brasileiro

Os EUA são o principal mercado para o mel brasileiro, respondendo por 84,1% do volume exportado no primeiro semestre de 2025. Neste período, o Brasil embarcou 16.170 toneladas para o país norte-americano, gerando receita de US$ 52,2 milhões.

Impactos práticos já são sentidos no setor

O boletim destaca que o impacto da tarifa pode ser significativo na cadeia produtiva do mel. Um exemplo é o Grupo Sama, do Piauí, uma das maiores exportadoras mundiais de mel orgânico, que teve o cancelamento imediato de um carregamento de 585 toneladas para os EUA. Parte da carga estava pronta para embarque nos portos de Pecém e Mucuripe (CE). A empresa informou que o custo extra devido à tarifa chegaria a aproximadamente US$ 6 milhões.

Outra exportadora nordestina, a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), teve 95 toneladas liberadas no dia 13 de julho, antes da vigência da tarifa, após negociações com compradores norte-americanos.

Clima desfavorável pode agravar situação

Além dos entraves comerciais, a Casa Apis alertou para os efeitos da estiagem prolongada no semiárido, que pode reduzir a produção de mel em até 40% em 2025. A combinação dos fatores climáticos e tarifários coloca em risco a sustentabilidade da apicultura na região.

Crescimento nas exportações brasileiras no primeiro semestre de 2025

Dados da Agrostat indicam que o Brasil exportou 19.219 toneladas de mel in natura nos seis primeiros meses do ano, um crescimento de 8,7% em relação ao mesmo período de 2024. A receita cambial chegou a US$ 62,2 milhões, com preço médio de US$ 3.237,47 por tonelada, 27,1% maior do que no ano anterior.

Paraná é o terceiro maior exportador do país

Minas Gerais lidera as exportações com 4.621 toneladas e US$ 15,2 milhões em receita, seguido pelo Piauí, com 3.796 toneladas e US$ 12 milhões. O Paraná aparece na terceira posição, com 3.814 toneladas exportadas e faturamento de US$ 12,3 milhões. Santa Catarina e São Paulo completam o ranking nacional.

Mercados alternativos e riscos à viabilidade econômica

Além dos Estados Unidos, o mel brasileiro também é exportado para países como Canadá, Reino Unido, Países Baixos, Austrália, Bélgica e Israel, porém em volumes menores.

O boletim reforça que os efeitos da nova tarifa devem ser monitorados de perto, pois podem comprometer a viabilidade econômica dos produtores e exportadores, especialmente nas regiões que dependem fortemente do mercado externo.

Fonte: Portal do Agronegócio

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