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Mercado de farelo e óleo de soja segue com ajustes: biodiesel sustenta valorização no Brasil e estreita margens da indústria

Farelo de soja recua em Chicago, mas mantém leve alta no mercado interno


Publicado em: 15/10/2025 às 19:40hs

Mercado de farelo e óleo de soja segue com ajustes: biodiesel sustenta valorização no Brasil e estreita margens da indústria

O mercado global de derivados de soja apresentou movimentos distintos em setembro, segundo o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA. Na Bolsa de Chicago (CBOT), o farelo de soja registrou queda de 1%, influenciada pelo aumento do esmagamento mundial e pela redução temporária das retenciones na Argentina, medida que estimulou as exportações do país vizinho. A cotação média mensal atingiu US$ 279,8 por tonelada, a segunda menor de 2025.

Em contrapartida, no mercado brasileiro, o produto teve comportamento mais firme. Em Rondonópolis (MT), o farelo subiu 1,5% em setembro, sendo negociado a R$ 1.503 por tonelada. A alta oferta interna, resultado do ritmo acelerado de esmagamento, tem mantido os estoques elevados e dificultado a absorção dos volumes produzidos, especialmente no segundo semestre.

Óleo de soja mantém valorização e ganha relevância na margem de lucro da indústria

O óleo de soja apresentou um cenário mais positivo no Brasil, sustentado pela demanda do setor de biodiesel, que opera com boas margens de rentabilidade. Em Mato Grosso, o produto valorizou 4,3% em setembro, cotado a R$ 6.489 por tonelada, marcando o terceiro mês consecutivo de alta.

Essa valorização tem alterado significativamente a estrutura de receita da indústria esmagadora. Em 2025, o óleo de soja passou a representar 49% da margem de lucro do setor, frente aos 38% registrados no mesmo período de 2024, segundo o Itaú BBA. Essa diferença reflete um estreitamento da distância entre as receitas de óleo e farelo, o que pode se consolidar como um novo padrão de mercado, impulsionado pelo crescimento do mandato do biodiesel B15 no país.

Esmagamento acelerado eleva oferta de farelo e pressiona o mercado

O ritmo intenso de esmagamento de soja no Brasil, voltado principalmente à produção de óleo para o biodiesel, tem aumentado o volume de farelo disponível no mercado interno. Apesar da demanda firme de indústrias de ração e exportadores, o setor enfrenta dificuldades em absorver os grandes volumes produzidos.

Essa situação reflete um desequilíbrio temporário entre oferta e demanda, com o óleo de soja se destacando como o principal componente de rentabilidade para as esmagadoras, enquanto o farelo perde força relativa nos preços domésticos e externos.

Demanda chinesa e tensões comerciais elevam incertezas no mercado global

A demanda chinesa por soja brasileira continua aquecida, impulsionada pela ausência de um acordo comercial com os Estados Unidos. A China ainda não garantiu todo o volume necessário para o período de dezembro a fevereiro, o que tende a manter os preços em alta no Brasil.

Esse movimento, porém, pode pressionar as margens de esmagamento, caso o óleo não acompanhe o ritmo de valorização do grão — cenário que elevaria o custo do biodiesel e reduziria a oferta interna de óleo de soja.

A situação é agravada pela escalada das tensões comerciais entre EUA e China, após o anúncio do presidente americano Donald Trump sobre tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses. A medida reacende a disputa comercial entre as duas potências, com impactos diretos no comércio global de grãos.

Perspectivas: estabilidade cautelosa e foco no biodiesel

De acordo com o Itaú BBA, o setor deve seguir em ajuste de margens nos próximos meses. O óleo de soja tende a manter protagonismo na lucratividade da indústria, enquanto o farelo enfrenta desafios de absorção interna e volatilidade nas exportações.

A combinação de forte demanda por biodiesel, soja valorizada e incertezas externas cria um ambiente de estabilidade cautelosa, com atenção voltada aos próximos desdobramentos da disputa comercial entre as maiores economias do mundo.

Fonte: Portal do Agronegócio

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