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Indústrias de biscoitos, massas alimentícias e pães & bolos industrializados alcançam 9% a mais em faturamento, totalizando R$ 40 bilhões em 2020

Em meio à crise gerada pela pandemia setor tem bom desempenho por oferecer alimentos acessíveis ao ‘bolso’ da grande maioria das famílias do país


Publicado em: 24/03/2021 às 09:40hs

Indústrias de biscoitos, massas alimentícias e pães & bolos industrializados alcançam 9% a mais em faturamento, totalizando R$ 40 bilhões em 2020

A ABIMAPI (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados) divulga as informações do desempenho do setor, referentes ao ano de 2020. O levantamento realizado pela consultoria Nielsen, apontou que juntos, os segmentos movimentaram R$ 40,5 bilhões, 9% acima do valor do faturamento alcançado em 2019 (R$ 37,1 bilhões) e 3,5 milhões de toneladas em volume de vendas, 6% a mais que o ano anterior (3,3 milhões de toneladas). 

Apesar da chegada da pandemia, a constante alta do dólar e a instabilidade política, a alta do consumo das categorias se manteve firme durante 2020. A liberação das parcelas do auxílio emergencial pelo governo federal foi determinante para as vendas do setor, com os consumidores adaptando o orçamento apertado às necessidades básicas. 

O resultado foi impulsionado principalmente pelo primeiro semestre de 2020. Só no 1º quadrimestre do ano passado, os segmentos movimentaram R$ 9,6 bilhões, 5% acima do valor alcançado no mesmo período do ano anterior (R$ 9,1 bilhões). 

"Entre março e abril os carrinhos ficaram mais cheios. As pessoas estocaram comida com medo do desabastecimento e passaram a fazer o maior número de refeições em casa, em virtude das medidas de distanciamento social para controle da covid-19.", observa Claudio Zanão, presidente-executivo da ABIMAPI. 

Para este ano, o fator que deve ser determinante para o crescimento contínuo das vendas de derivados de trigo é a prorrogação do programa Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda do governo federal. 

Outro ponto é a aceleração da alta do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e a dificuldade financeira das empresas que fizeram com que um quarto dos reajustes salariais em 2020 ficasse abaixo da inflação. 

"Em 2021, o INPC continua elevado o que fará com que busquemos novas estratégias de negociação juntamente com as entidades laborais, sempre com foco na manutenção de emprego e renda do setor", avalia Zanão. 

"A expectativa é alcançar um crescimento de 3% a 5% em faturamento em 2021 das categorias ABIMAPI. Mesmo com o afrouxamento gradual das medidas de distanciamento social, as pessoas ainda se sentem inseguras para retornar ao consumo fora do lar, além disso, os produtos da categoria são relativamente baratos, pertencentes à cesta básica de alimentação e a população está menos capitalizada, revisando as suas prioridades de consumo", destaca Zanão. 

Biscoitos 

A indústria de biscoitos atingiu R$ 20 bilhões e 1,5 milhão de toneladas de produtos, aumento de 6% em faturamento e 2% em volume de vendas na comparação com 2019 (R$ 18,9 bilhões e 1,49 milhão de toneladas), respectivamente. 

"Apesar da categoria registrarem um crescimento significativo, com a pandemia perdemos ocasiões de consumo essenciais. As escolas, por exemplo, foram fechadas e com isso as lancheiras ficaram vazias. O expediente nos escritórios também era um momento de destaque para os biscoitos e estabelecimentos sem funcionar, como bombonieres (um dos principais canal de compra), também afetou o volume de vendas", explica Claudio Zanão. 

Massas Alimentícias 

O setor de massas alimentícias registrou aumento de 14% em faturamento e 6% em volume de vendas, quando comparados com os valores de 2019 (R$ 9,8 bilhões e 1,2 milhão de toneladas), atingindo R$ 11,2 bilhões e 1,3 milhão de toneladas (em 2020), respectivamente. 

"A atuação foi impulsionada sobretudo pelo hábito de cozinhar em casa, que passou a ser uma atividade mais frequente. O macarrão além de ser nutritivo com opções de formatos e combinações de molhos, é um alimento de rápido preparo, econômico e acessível ao ‘bolso’ da grande maioria das famílias do país", destaca Zanão. 

Pães & Bolos Industrializados 

Em 2020, as indústrias de pães movimentaram um total de R$ 9,2 bilhões - receita 11% a mais que em 2019 (R$ 8,3 bilhões e 584 mil toneladas) - resultante da venda de 652 mil toneladas de produtos, com crescimento de 12%. 

"Evitar aglomerações e ficar em casa era e ainda é essencial no combate a pandemia, neste sentido, os pães e bolos industrializados se destacaram pela praticidade e prazo de validade dos produtos, que acabou se tornando fator determinante, impulsionado pelos canais de compra: super e hipermercados, estabelecimentos que se mantiveram abertos", finaliza Claudio Zanão. 

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Fonte: Nielsen - Elaboração: ABIMAPI 

MERCADO INTERNACIONAL 

Em 2020, como efeito da pandemia, a crise provocou alta demanda por produtos de primeira ordem na alimentação como farinhas, misturas, macarrão, massas instantâneas, pão de forma, além de alimentos congelados, tendo como destino principal os países da América do Sul. 

Juntos, os segmentos alcançaram o número de USD 196,3 milhões em exportações no ano passado. No total, houve 15% de crescimento em valor, quando comparado com o fechamento de 2019 (USD 171 milhões). Em volume, o aumento foi significativo (52%), somando 158 mil toneladas de produtos vendidos ao exterior. 

Massas alimentícias foi a categoria que mais se destacou com um aumento expressivo de 159% em faturamento, totalizando USD 24,3 milhões e 29 mil toneladas em volume, 247% a mais que no mesmo período de 2019. 

O resultado é consequência do trabalho desenvolvido pelo projeto setorial Brazilian Biscuits, Pasta and Industrialized Breads & Cakes, mantido pela ABIMAPI em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). 

Para 2021, a associação espera sustentar o crescimento destas categorias, projetando um aumento médio de ao menos 10% frente a 2020, tendo em vista a permanência do período da pandemia e eventual crise financeira em decorrência da COVID-19. 

"Manteremos um cuidadoso olhar para a China, entre os mercados-alvo de nosso setor no exterior. Devemos acompanhar o crescimento previsto pelo PIB Chinês de 8,2% em 2021, sustentando um substancial aumento das exportações brasileiras ao país em 2020", conclui Zanão. Em 2020 as exportações brasileiras cresceram 120% em valor para a China frente a 2019 - o destino subiu 13 posições e passou a figurar entre os 30 principais do setor no exterior, o segundo no continente asiático atrás apenas do Japão. 

MATÉRIA-PRIMA E VARIAÇÃO CAMBIAL 

Mesmo com o crescimento das categorias, o setor enfrenta a dificuldade de reajuste de preço em meio a um cenário de recessão econômica. A desvalorização do dólar ante o real e a entressafra na produção nacional do trigo levou ao aumento do custo da farinha de trigo - principal matéria-prima da cesta ABIMAPI. 

"Diante de um ano atípico, a matéria-prima atingiu valores históricos em plena colheita, os produtores de trigo vêm negociando a safra atual com uma margem de lucro muito acima da média histórica o que retraiu as negociações no mercado da farinha, em um cenário em que os reajustes nas precificações são imprescindíveis", comenta Zanão. 

Nas massas, em média, 70% do custo é de farinha. Nos biscoitos, em média, o peso é de 30%, e nos pães e bolos industrializados, em média, de 60%. Sendo assim, qualquer variação no preço do trigo tem impacto direto para os fabricantes. 

"Para frear o impacto dessa mudança de consumo, muitos fabricantes estão com um estoque maior de trigo e produto acabado, além disso, numa tentativa de manter preço atraente ao consumidor, as empresas estão mudando o portifólio, apostando nas embalagens mais econômicas e produtos com maior giro na gôndola", completa Zanão. 

O repasse aos custos já foi iniciado no início deste ano com um reajuste médio de 2% a 3%. De todo modo, este aumento tende a ser gradual, pois não há espaço para elevar os preços de uma só vez para o consumidor final. 

Fonte: ABIMAPI

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