Publicado em: 24/10/2025 às 17:30hs
Após uma semana de pouca movimentação e foco dos produtores no plantio, o mercado brasileiro de soja reagiu fortemente nesta quinta-feira (24). O motivo foi a disparada do petróleo, que impactou o complexo soja e estimulou novas negociações no mercado físico nacional.
De acordo com Rafael Silveira, analista e consultor da Safras & Mercado, “a forte alta do petróleo movimentou os preços no complexo soja, e o produtor brasileiro aproveitou o momento para negociar”.
Na Bolsa de Mercadorias de Chicago, os contratos de soja encerraram o dia em alta, impulsionados pela valorização do óleo de soja. Esse movimento foi reflexo direto da alta do petróleo, após Donald Trump anunciar sanções ao petróleo russo. A medida deve afetar países como China e Índia, grandes compradores da matéria-prima russa, que precisarão buscar novos fornecedores para evitar a exclusão do sistema bancário ocidental SWIFT, penalidade prevista para quem mantiver importações da Rússia.
As sanções têm como objetivo cortar uma das principais fontes de financiamento da Rússia e restringir sua capacidade de sustentar o conflito contra a Ucrânia.
Paralelamente, o dólar recuou frente ao real, influenciado pelo aumento do fluxo de capitais estrangeiros no Brasil. “A elevada liquidez global impulsionou a busca por moedas de economias emergentes, e o real foi uma das mais beneficiadas”, explica Silveira.
Segundo o consultor, o cenário internacional ainda é incerto, com dúvidas sobre a trajetória do dólar e as políticas econômicas adotadas pelo governo norte-americano.
No mercado físico brasileiro, o avanço dos preços em Chicago estimulou a retomada das negociações.
“Mesmo com a desvalorização do dólar, a elevação dos prêmios para outubro e novembro deu o suporte necessário para impulsionar a comercialização ao longo do dia”, destaca o analista da Safras & Mercado.
Para a safra nova, no entanto, os negócios seguem lentos. Os prêmios futuros mostraram pouca variação, com valores entre US$ 1,60 e US$ 1,75 por bushel para novembro/25, e US$ 1,50 a US$ 1,70 por bushel para dezembro/25, nos portos de referência.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) divulgou nova projeção para o balanço de oferta e demanda do complexo da soja em 2026, com números recordes.
A produção nacional está estimada em 178,5 milhões de toneladas, e o esmagamento deve atingir 60,5 milhões de toneladas. O farelo de soja deve alcançar 46,6 milhões de toneladas, enquanto o óleo de soja chegará a 12,1 milhões de toneladas.
Nas exportações, as projeções indicam novo recorde, com 111 milhões de toneladas de grãos embarcados. O farelo de soja deve registrar 24,6 milhões de toneladas exportadas, e o óleo de soja, 1 milhão de toneladas, o que representa queda de 25,9% em relação ao ciclo anterior.
Já as importações de óleo devem subir para 125 mil toneladas, e as de soja totalizar 500 mil toneladas, destinadas a complementar o abastecimento interno.
Fonte: Portal do Agronegócio
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