Publicado em: 03/07/2013 às 19:50hs
O setor sucroenergético apresenta muitas vantagens e é indiscutivelmente estratégico quanto à sustentabilidade neste quesito, por trabalhar com produtos renováveis e ambientalmente corretos.
Workshop - Este foi um dos pontos defendidos pelo administrador e consultor Aerton Paiva, que falou sobre o assunto durante o “Workshop Sustentabilidade e Inovação - Desafios para a Competitividade nos Negócios” ocorrido no dia 10 de junho, na sede da Alcopar, em Maringá. Formado pela PUC-SP, atua nas áreas de Planejamento Estratégico, Governança, Modelos de Gestão e Desenvolvimento Sustentável.
Relevância estratégica - “O setor sucroenergético possui relevância estratégica para o País por oferecer soluções e demandas centrais da sociedade, como a diversificação da matriz energética, consumo em larga escala de combustível renovável, em oposição ao consumo de combustíveis fósseis, e desenvolvimento de novos materiais mais sustentáveis”, afirmou.
Conclusões - Em sua palestra, Aerton apresentou as principais conclusões do estudo desenvolvido pela empresa Gestão Origami, a pedido da Unica (União da Indústria de Cana de Açúcar) sobre as tendências de mercado e suas influências para o desenvolvimento sustentável do setor, mostrando as principais oportunidades e ameaças ao setor. Trabalhos semelhantes foram desenvolvidos para os principais setores econômicos brasileiros onde se buscou identificar os aspectos socioambientais de maior relevância para cada negócio e os aspectos de desenvolvimento sustentável. A palestra foi intermediada pelo presidente do Centro de Inovação de Maringá (CIM) e ex-prefeito de Maringá, Silvio Magalhães Barros.
Caminho sem volta - O administrador Aerton Paiva reconhece que de um modo geral ainda prevalece certa falta de disposição em romper com o passado e inovar e que o grande desafio é convencer as empresas a adotarem práticas socialmente inclusivas e ambientalmente corretas. Mas ressalta que esse é um caminho sem volta e que é preciso trabalhar as relações entre uma nova ética para os negócios e os valores econômicos financeiros.
Impactos - “A crescente preocupação com os impactos ambientais das atividades agrícolas impulsionaram diversos atores da sociedade para a construção de novas soluções”, afirmou, ressaltando que o setor sucroenergético tem investido nisso. “As mudanças das práticas ambientais ocorridas na cadeia da cana sinalizam a preocupação em desenvolver novas práticas produtivas alinhadas aos conceitos de sustentabilidade”. Ele destaca a mecanização da colheita, a qualificação e reinserção ocupacional dos cortadores de cana no mercado de trabalho e outros cuidados com o meio ambiente como os principais desafios enfrentados pelo setor hoje neste aspecto.
Vantagens são evidentes, mas setor sofre sem marco regulatório - Apesar das vantagens evidentes do etanol frente à agenda energética e ambiental, o consultor Aerton Paiva diz que o setor passa por sérias dificuldades por falta de um marco regulatório para o produto. “Se do ponto de vista tecnológico o cenário não poderia ser mais favorável, o quadro político e econômico atual ainda é de grande incerteza para o setor”, afirma.
Fontes renováveis - O administrador cita que programas energéticos de todo o mundo apontam para a incorporação de fontes renováveis de combustíveis na matriz de transporte. O etanol de cana apresenta vantagens frente aos outros biocombustíveis, mas o produto brasileiro carece de uma política energética que o posicione com clareza na matriz energética. “Estabelecer uma política clara e de longo prazo é fundamental para alavancar investimentos de grande monta”, diz.
Articulação - Aerton defende que a grande inovação para o setor está em nível de articulação. Para o administrador, se a forma como está sendo trabalhado o assunto no âmbito político não está funcionando, tem que mudar a estratégia. Definir o que o setor quer e qual a estratégia para chegar a isso. “É preciso rever as estratégias atuais de conscientização política e transcender o setor, envolvendo toda a cadeia produtiva”, comenta.
Subprodutos - Os avanços tecnológicos do setor tem gerado cada vez mais possibilidade de subprodutos de cana, cita Aerton. Ao menos duas tecnologias são destacadas por ele como tendo potencial de mudar de forma decisiva o setor sucroenergético brasileiro: o etanol de segunda geração e a gaseificação de biomassa. “Apesar do grande potencial energético, o caminho ainda é longo até a tecnologia de cogeração atingir a grande escala. Falta de políticas de longo prazo do governo para investimento no segmento também é entrave”, lamenta.
Metas agressivas - Grandes grupos econômicos de diversos setores têm também adotado metas cada vez mais agressivas relacionadas ao percentual de material de origem renovável na composição de seus produtos e embalagens, visando sustentabilidade. “O destino de parcelas crescentes da produção para esse mercado em desenvolvimento minimiza os riscos do setor e traz perspectivas interessantes”, afirma o administrador. Ele comenta que embora os altos custos dos materiais de origem renovável seja um desafio, novos negócios, o aumento de escala e redução de preços podem incentivar a indústria.
Fonte: Jornal Paraná
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