Publicado em: 18/07/2013 às 14:30hs
O Brasil é mesmo o celeiro do mundo. Pelo menos do mundo da Mitsui. Os japoneses estão semeando em terras brasileiras um grande projeto integrado de agribusiness com impacto direto sobre sua operação global no setor.
O objetivo da trading é consolidar o país como seu maior fornecedor mundial de grãos, com tamanho suficiente para garantir o abastecimento de parte expressiva de suas exportações no mercado asiático.
A estratégia da Mitsui combina pesados investimentos em agrotecnologia e forte expansão da área plantada no país. O primeiro caso envolve a parceria fechada no início do ano com a conterrânea Hitachi.
A dupla sensei deverá investir cerca de US$ 200 milhões no desenvolvimento de ferramentas de TI voltadas ao aumento
da produtividade agrícola. Uma das principais apostas é o uso de imagens de satélites para o monitoramento e definição dos períodos de plantio e colheita. Os serviços serão comercializados a terceiros, mas a Mitsui pretende usar e abusar da parafernália em benefício próprio, mais precisamente em suas plantações de grãos em Minas
Gerais, Maranhão e Bahia.
É exatamente neste ponto que os investimentos em agrotecnologia se conectam ao segundo vértice do projeto dos japoneses: o aumento do seu latifúndio no Brasil, operação que passa pela Multigrain, dona de mais de 100 mil hectares de terras e de uma produção de soja, milho e algodão na casa de um milhão de toneladas ao ano.
Além da joint venture com a SLC Agrícola, anunciada recentemente, a Mitsui pretende dar a partida em um plano de expansão da controlada por meio de aquisições. A lista seria encabeçada pela Insolo, empresa de agronegócio pertencente à família Ioschpe.
A companhia soma aproximadamente 80 mil hectares de área plantada nos estados do Maranhão,Bahia, Tocantins e Piauí.
Com a aquisição, a Multigrain se tornaria a terceira maior proprietária de terras nessa nova fronteira agrícola, atrás apenas da Tiba Agro e da SLC Agrícola.
Procuradas, Mitsui e Insolodisseram, em coro, “desconhecer a informação”. A Mitsui é movida por uma estratégia de longo prazo e por fortes interesses geoeconômicos. Tanto que, em nome de um projeto muito maior e mais longevo, os japoneses parecem dispostos a suportar o quanto for necessário a temporada de prejuízos da Multigrain.
Não são poucos. Nas últimas duas safras, as perdas da empresa passaram dos R$ 100 milhões.
Fonte: Relatório Reservado
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