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Granjas já operam no prejuízo e buscam ajustar custos

As granjas de ovos já estão operando no vermelho com o descompasso entre os preços pagos aos produtores pela caixa de ovo, que estão em queda desde setembro, e os custos de produção, que continuam altos, segundo empresários e representantes do setor


Publicado em: 11/11/2013 às 19:40hs

Granjas já operam no prejuízo e buscam ajustar custos

As granjas de ovos já estão operando no vermelho com o descompasso entre os preços pagos aos produtores pela caixa de ovo, que estão em queda desde setembro, e os custos de produção, que continuam altos, segundo empresários e representantes do setor. Na primeira semana de novembro, houve granjas que receberam R$ 45 por cada caixa de 30 dúzias que chega a custar R$ 60 para ser produzida.

"O prejuízo começou em outubro. Estamos fazendo alguns descartes de galinhas que poderiam ficar mais tempo", afirmou Aulus Assumpção, diretor financeiro do Aviário Santo Antônio, da cidade de Nepomuceno (MG), a duas horas de Belo Horizonte.

Na última semana de outubro, os produtores da região metropolitana da capital mineira receberam R$ 3,60 a menos pela caixa de ovos, uma queda de 6,25%. Em São Paulo, a desvalorização chegou a 55,57% para os produtores de Guararapes e Mirandópolis (SP). Em um mês, o preço da caixa do ovo caiu R$ 10.

A margem de manobra do aviário, porém, é pequena, já que, por ser de grande porte, o planejamento de produção é feito com antecedência. "Não consigo de uma hora para outra mudar toda a posição. Temos que trabalhar com certa margem onde se começa a ter mais estoque de matéria-prima, diminui as compras. Vamos fazendo ajustes internos para aguardar e ver se o mercado retoma", assinalou Assumpção.

Os produtores associados à Coopeavi, do Espírito Santo, também estão enfrentando prejuízo. Na sexta, 8, o preço praticado para o ovo extra branco no Rio de Janeiro era de R$ 47 - queda de 7% na comparação anual. O preço está R$ 2 abaixo do custo de produção para os associados à Coopeavi. Segundo o gerente de comercialização da cooperativa, Luís Carlos Brandt, o descarte de galinhas velhas está acelerado, mas dentro do cronograma. "No curto prazo, não tem o que fazer."

Excesso de produção

A queda dos preços é reflexo direto da oferta abundante de ovos. Neste ano, os alojamentos receberam mais de 1 milhão de pintinhos por mês com relação ao ano passado. Em 2012, a média mensal de alojamento era de 6,3 milhões; neste ano, a média já alcança 7,6 milhões ao mês. Segundo Brandt, o ritmo se intensificou no segundo semestre, "motivado por um bom momento vivido até a primeira metade de 2013, quando a expectativa era de manutenção das características de mercado encontradas até então".

O aumento da produção também decorre de um componente sazonal, já que a entrada da primavera aumenta a intensidade da luz e, consequentemente, da reprodução das aves. "Tem lote que produz até 15% mais do que o normal", ressalta José Roberto Bottura, diretor executivo do Instituto Ovos Brasil.

Fim de ano incerto

As expectativas quanto a um aumento na demanda no fim do ano são pouco firmes. Além de representar menos de 10% de toda a demanda do setor de ovos, a procura pelo produto para a produção de panetones já está se encerrando, afirma Bottura. A Cooperovos, que recebe ovos de produtores cooperados, calcula que pode haver inclusive uma redução da demanda a partir de novembro, e "em dezembro e janeiro cai bastante o movimento na indústria", avaliou o gerente comercial, Pedro Melchor Claudio.Para o diretor financeiro do Aviário Santo Antônio, "esse resto de ano vai ser bem difícil".

Brandt, da Coopeavi, é mais otimista, acredita que o descarte das aves já tenha reflexo em dezembro, quando "espera-se que os preços retornem ao patamar que seja remunerador". Já Bottura estima que os descartes terão reflexo no mercado somente daqui seis meses.