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Cachaça: Uma dose de brasilidade

Reconhecimento internacional da cachaça anima produtores e estimula exportações


Publicado em: 13/04/2012 às 13:50hs

Cachaça: Uma dose de brasilidade

Durante a última visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos, no dia 9 de abril, um debate de anos teve desfecho favorável para o Brasil. Enfim, os norte-americanos entenderam que, assim como a tequila é parte da cultura mexicana e o whisky é somente o da Escócia – só para ficar em dois exemplos -, a cachaça é típica e genuinamente brasileira.

O destilado é secular e, conforme descrito por Maria Lúcia Gomensoro, no livro Pequeno Dicionário de Gastronomia [Objetiva, 1999], é graças à criatividade dos negros, que hoje é possível a degustação da famosa aguardente. “Como o refugo da produção dos engenhos de açúcar era destinado aos animais e aos negros, estes teriam descoberto as vantagens de consumir aquela borra de melaço depois de alguns dias de fermentação.”

Ainda no livro, consta que a destilação do caldo de cana é feita desde 1540. Mas de lá para cá, muita coisa mudou. Yaya Quintella, diretora executiva da Cachaça da Tulha, explica que o processo de feitura da cachaça depende, basicamente, de quatro etapas. Moagem, quando o caldo da cana é extraído. Fermentação, destilação – a fase do famoso alambique e a última, o armazenamento.

E para a diretora, o primeiro benefício deste novo cenário para a bebida no mundo, é que “a cachaça será, oficialmente, um produto só nosso, nenhum outro país poderá produzir a bebida, nem utilizar o mesmo nome”, diz otimista. Concordando com Yaya, a gerente de marketing do Grupo Vale Verde, Naiara Corrêa, acredita que depois de uma luta de mais de 10 anos pela valorização do produto nacional, “os Estados Unidos reconhecerem a cachaça é muito benéfico para o Brasil. Uma vez que dá visibilidade para esta ótima fase pela qual passa o setor”, acredita a especialista.

Naiara lembra o fato de que antes, a cachaça só podia ser comercializada naquele país com a denominação brazilian rum. “O mundo vai conhecer a cachaça como realmente é”, diz a gerente. Em comemoração à decisão norte-americana, de reconhecimento da cachaça, a presidente Dilma presenteou o presidente Barack Obama com uma garrafa de cachaça industrial. E isto representa que, até então, apenas este tipo do produto é o mais comum no mercado externo. Segundo Naiara, “exportar cachaças artesanais vai possibilitar ao consumidor internacional entender a variedade desta bebida brasileira”.

Cachaça para todo o mundo


Tanto a Cachaça da Tulha, quanto as do Grupo Vale Verde ainda não são exportadas. Porém, este cenário tem previsão para acabar. “Em pesquisas que fizemos em cinco países, a gente constatou que o consumidor lá fora quer, sim, que tenha o nome cachaça no rótulo, assim como Brasil escrito com a letra “s”. É a nossa identidade, é a origem da bebida”, conta Naiara.

Conforme divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), em 2011 “as exportações de cachaça foram de US$  17,3 milhões para todo o mundo. Desse total, US$ 1,8 milhão, pouco mais de 10%, foi vendido para os Estados Unidos”. E em busca de atender o mercado externo, Naiara diz que a produtividade da bebida foi aumentada em 25%, chegando a 250 mil litros já em 2011. “Entre o próximo semestre e o começo de 2013 pelo menos duas das nossas cachaças chegarão ao exterior”, conta a gerente de marketing do grupo.

Para Alexandre Wagner da Silva, diretor presidente da Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq), “os produtores de Minas Gerais estão otimistas, a perspectiva é que, até o ano que vem, aumente em até 10% as exportações. Sendo que hoje, menos de 1%, dos 240 milhões de litros produzidos ao ano no Estado é exportado”.

O especialista acredita que os eventos mundiais que serão sediados no Brasil nos próximos anos, Copa e Olimpíadas, serão ótimas oportunidades para divulgar ainda mais a bebida para o mundo. “Já participamos de eventos no exterior e, também faz parte das políticas estaduais de Minas Gerais, disseminar a cachaça”, afirma Silva.

Receita de caipirinha

Para brindar o momento otimista da branquinha parceira da feijoada na mesa dos brasileiros, o barman Souza, do famoso Veloso Bar, em São Paulo, concedeu especialmente aos leitores do Sou Agro a receita da tradicional caipirinha brasileira.

“Coloque um limão tahiti, sem as partes laterais e cortadas em fatias finas, dentro de um copo. Acrescente duas colheres de sobremesa de açúcar. Macere e, em seguida, encha o copo com gelo e macere novamente. Complete o copo com cachaça. Mexa e sirva!”. A caipirinha é feita com limão e cachaça branca, “esta é a tradicional, feito com a bebida de alambique”, decreta Souza. E para quem pensa que cachaça é água. Cachaça não é água, não. Tim-tim!

Fonte: SouAgro

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