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BRF dá "frio na barriga" segundo Diniz

Abilio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, disse ontem, no Rio, que a mudança dá "um pouquinho de frio na barriga"


Publicado em: 21/03/2013 às 16:00hs

BRF dá "frio na barriga" segundo Diniz

A pouco menos de um mês da reunião que poderá alçá-lo à posição de presidente do conselho de administração da BRF, fabricante de alimentos e dona das marcas Sadia e Perdigão, o empresário Abilio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, disse ontem, no Rio, que a mudança dá "um pouquinho de frio na barriga". Ele falou pela primeira vez publicamente sobre sua estratégia relativa à BRF durante evento do instituto Endeavor e da fundação Kauffman.

Em junho de 2012, o empresário entregou o controle do Pão de Açúcar ao sócio francês Casino, conforme previsto em contrato firmado entre as partes. Antes disso, porém, o empresário se envolveu numa série de disputas com o grupo - que ainda não cessaram. O estopim foi a tentativa do empresário de fundir as operações do Pão de Açúcar às do Carrefour, negócio vetado pelo Casino.

Agora, a ida de Abilio para a BRF também está cercada de polêmica. Como o empresário quer permanecer na presidência do conselho do Pão de Açúcar mesmo após assumir o cargo na BRF, o Casino já disse publicamente que vê um conflito de interesse, uma vez que o Pão de Açúcar é um dos maiores clientes da BRF.

Abilio, no entanto, não vê conflito algum. "Não há nenhuma legislação, nenhuma regulamentação que impeça uma pessoa de ser presidente do conselho de administração de uma grande companhia e de outra também", afirmou ontem o empresário, ressaltando que os dois cargos são "perfeitamente compatíveis".

Geralmente, quando exerce cargo no conselho de mais de uma empresa, um executivo tende a não participar de tomadas de decisões que envolvem o relacionamento dessas duas companhias. No caso da BRF e do Pão de Açúcar, há potencial para isso ocorrer com frequência.

Mas Abilio não tocou diretamente nesse assunto ontem, durante sua palestra. "Posso contribuir enormemente para as duas companhias. E mais: contribuir para um desenvolvimento melhor entre fornecedores e distribuidores, que sempre têm atritos", completou Abilio.

Novo setor. Para abrir as portas na BRF, Abilio Diniz teria comprado mais de R$ 1 bilhão em ações da companhia. Além disso, o empresário de 76 anos articulou o apoio dos fundos Previ (caixa de aposentadoria dos funcionários do Banco do Brasil) e Tarpon - detentores, respectivamente, de 12,19% e 8,02% da BRF - para articular sua "campanha" à presidência do conselho da companhia. A operação começou a ser articulada em janeiro.

Ontem, Abilio Diniz disse ainda que está "confiante" em relação à sua entrada em um novo segmento. "Sempre estive na distribuição, sempre estive no comércio; de repente, vou para a indústria", disse.

A indicação de Abilio à presidência do conselho da BRF foi confirmada em 21 de fevereiro. Para assumir o cargo, ele tem de ser eleito em assembleia geral de acionistas, marcada para o próximo dia 9.

Abilio disse que "fará o melhor" para ter o nome ratificado. "Estou muito feliz com esse desafio. Também me tornei um pequeno acionista (da BRF) e estou muito feliz com a confiança depositada em mim", completou.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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