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Associativismo consolida agroindústria de produtos lácteos em Santo Ângelo

Os frutos do associativismo estão sendo colhidos por quatro mulheres, moradoras do interior de Santo Ângelo, que apostaram na agroindustrialização de queijos


Publicado em: 05/04/2013 às 13:40hs

Associativismo consolida agroindústria de produtos lácteos em Santo Ângelo

Os 50 litros de leite produzidos quando a ideia surgiu há cinco anos, hoje dão lugar a mil litros, produzidos pelas quatro famílias para abastecer a agroindústria de queijos e doce de leite.

A agricultora Romi Friske, uma das associadas, lembra-se da caminhada de perseverança. “A agroindústria começou com equipamentos que estavam na prefeitura, e conseguimos a cedência de uma sala do Clube de Mães. Inicialmente eram 12 famílias envolvidas, hoje são quatro que integram a Agroindústria Laticínios União. Podemos dizer que valeu a pena, para a autoestima da gente, e sempre sobra um pouquinho mais de dinheiro”, relata.

Para que os planos de estabelecer uma agroindústria fossem consolidados, um projeto de produção, processamento do leite e comercialização de seus derivados foi elaborado, com o auxílio de entidades como a Emater/RS-Ascar e a Secretaria Municipal da Agricultura. O trabalho da agroindústria é fortalecido pelo vínculo com a Cooperativa de Produção Agroindustrial de Santo Ângelo (COOPASA).

Para a produção de uma tonelada de produtos, as famílias garantem a continuidade da oferta com a criação de 31 vacas, no total. Cada família é responsável por, a cada dois dias, fornecer a matéria prima à agroindústria.

O processo de transformação do leite em subprodutos como queijo e doce de leite, ocorre de forma sustentável. A mão de obra é familiar, a produção de leite é a pasto e o pastoreio, rotativo.

Parte da produção da agroindústria administrada pelas mulheres é distribuída em 12 supermercados e para os programas do Governo Federal: Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) e de Alimentação Escolar (PNAE). “A média mensal é de 9 mil litros de leite processados por mês. No total, produzimos uma tonelada de queijo por mês e ainda o doce de leite”, conta a agricultora Adriana Fenner Cassol.

Para chegar ao cenário atual, foi preciso, sobretudo, a virtude que dá nome à agroindústria: união. “O nome é porque nossa comunidade se chama Distrito União, e também pela união das quatro famílias que continuam trabalhando de uma forma associativa. A gente trabalha, tem reuniões, conversa, se organiza, sempre com união, na mesma sintonia”, afirma a agricultora Marlene dos Santos Kreuzberger.

O trabalho começa já na propriedade, com o manejo dos animais, pastagens e ordenha. Para tanto, o apoio da família é peça-chave. “O marido ajuda no serviço e as meninas vão para a escola. Mas no que podem eles ajudam. Eu tinha pensado no início em desistir, mas minha filha e toda a família deu apoio para eu ficar. É sofrido no começo, mas depois vale a pena. Antes nós tínhamos quatro, cinco vacas. Agora aumentamos e temos dez vacas. A gente viu que deu resultado”, comenta a agricultora Irene Nikititz.

Os resultados do trabalho conjunto estimulam, inclusive, a sucessão familiar. O jovem técnico agrícola Tiago André Friske, filho de uma das agricultoras, retornou de Mato Grosso, onde trabalhava, para ajudar os pais na atividade leiteira. “Na propriedade temos a nossa própria renda. Trabalhando de empregado, muitas vezes não tem tanto retorno. A gente, que teve a experiência de ter vivido longe da família, sente falta. Agora, na propriedade, ficar perto dos pais é a melhor coisa que tem”, relata o jovem.

Políticas Públicas para Agroindústria

Para o estabelecimento da agroindústria e garantia de fornecimento dos produtos, diversas políticas públicas são disponibilizadas. A Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) coordena o Programa da Agroindústria Familiar, que estabelece medidas para orientar e facilitar a implantação e a legalização de agroindústrias familiares no Estado. Além disso, a possibilidade de fornecer produtos para os programas federais PNAE e PAA, amplia horizontes. “No caso dessas quatro famílias, o associativismo proporcionou a possibilidade e, hoje, a agroindústria é uma referência para o município. Os programas do Governo Federal, PAA e PNAE vieram incrementar bastante e trouxeram muitas perspectivas, inclusive de jovens retornando a sua propriedade. Hoje, em Santo Ângelo, são fornecidos para o PAA, por exemplo, 54 produtos oriundos da agricultura familiar. Num município onde é forte a monocultura de soja e trigo, conseguiu-se avançar bastante neste aspecto”, destaca o extensionista rural da Emater/RS-Ascar Diomar Lino Formenton.

Informações sobre como acessar essas políticas públicas podem ser obtidas nos escritórios municipais da Emater/RS-Ascar.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar

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