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Abilio Diniz fecha acordo com Casino e deixa o Grupo Pão de Açúcar

O empresário Abilio Diniz chegou nesta sexta-feira a um acordo com o grupo francês Casino e anunciou sua renúncia à presidência do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar (GPA), empresa fundada por seu pai em 1948


Publicado em: 09/09/2013 às 13:20hs

Abilio Diniz fecha acordo com Casino e deixa o Grupo Pão de Açúcar

"Estou feliz de pôr fim a esses dois anos de luta", afirmou o empresário, em pronunciamento em São Paulo. "Renuncio à presidência e aos meus poderes lá", acrescentou.

"Na véspera do dia que simboliza a liberdade do Brasil, eu também abraço a minha liberdade para continuar perseguindo os meus sonhos", completou.

O acordo sela o fim do conflito com o Casino como também a saída de Abilio do Pão de Açúcar, que já era controlado pelo grupo francês desde junho de 2012. A partir de agora, o empresário será apenas acionista, sem direitos políticos na empresa.

O Casino cobrava a saída de Abilio da presidência do conselho do GPA desde que o empresário também passou a acumular a presidência do conselho da BRF - um dos maiores fornecedores do Pão de Açúcar. Os termos do acordo feito com o Casino em 2005 garantia que o empresário permanecesse no cargo mesmo depois da transferência do controle do grupo aos franceses.

Por várias vezes durante a entrevista, Abilio disse que os últimos anos não foram fáceis ao se referir à disputa com o Casino. "Os últimos dois anos não foram fáceis e, hoje, com alegria, encontramos uma solução suficientemente boa para todos", disse, agradecendo à família por tê-lo "aguentado" nestes dois anos "que não foram prazerosos".

Abílio lembrou ainda que ele comunica a renúncia exatamente 65 anos depois de seu pai, Valentim dos Santos Diniz, fundar o Pão de Açúcar, em 7 de setembro de 1948.

Termos do acordo

Foi decidido que Abílio trocará as ações ordinárias que tem na Wilkes, holding controladora do GPA, e receberá ações preferenciais, as negociadas em bolsa, na razão de 1 para 1. Com isso, o empresário passará a ter cerca de 9% das ações preferenciais do Grupo Pão de Açúcar – aquelas que não dão direito a voto - juntando com os cerca de 2% de ações ordinárias que ele tinha anteriormente ao negócio.

O empresário destacou que considera o investimento no Pão de Açúcar "excelente" e que não planeja novas vendas de ações preferenciais.

Em comunicado conjunto, Abilio e Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, afirmaram que decidiram "terminar suas disputas e concluir sua parceria de maneira benéfica para ambos, de forma que cada um possa livremente seguir em frente e perseguir novas oportunidades".

Pelos termos, o acordo Wilkes deixa de existir e os conselheiros Luiz Fernando Figueiredo e Modesto Carvalhosa também renunciam ao conselho de administração do Pão de Açúcar.

As duas partes também decidiram encerrar todos os litígios que têm entre si. Abilio afirmou, porém, que o acordo não foi motivado por temores em relação ao Cade impedir a atuação dele ao mesmo tempo na presidência dos conselhos do Pão de Açúcar e da BRF. O motivo de ter ocorrido neste momento, disse, foi o de terem conseguido um acordo.

A saída de Abilio da presidência do Conselho do Pão de Açúcar põe fim a uma conturbada relação do empresário com o Casino. As relações do brasileiro com o grupo francês se deteriorou desde que o empresário tentou uma fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour no Brasil em 2011.

O Casino conseguiu, porém, barrar a iniciatiba de Abilio. O conselho de administração do grupo francês rejeitou a oferta de fusão e o BNDES não confirmou o apoio, o que impediu o avanço do projeto de fusão. Na ocasião, o Casino argumentou que a fusão teria o objetivo de impedir que o grupo assumisse o controle do Pão de Açúcar, como previa o acordo assinado em 2005.

As desavenças entre as duas partes se agravaram neste ano, quando o empresário foi eleito para ser a presidência do conselho da BRF, uma das maiores companhias de alimentos do Brasil e que tem o Pão de Açúcar como seu principal distribuidor de produtos no mercado interno.

Após transferir o controle da varejista ao Casino, no ano passado, Abilio reduziu de forma significativa sua presença no capital da varejista. Em apenas três leilões de venda de ações preferenciais em seu portfólio desde o fim de 2012, ele embolsou mais de R$ 2,5 bilhões.