Publicado em: 30/07/2025 às 07:00hs
A presença crescente de micotoxinas — substâncias tóxicas produzidas por fungos em grãos e forragens — vem preocupando pesquisadores e produtores de todo o mundo. Essas toxinas, que podem surgir tanto no campo quanto durante o armazenamento, comprometem a saúde animal, causam perdas produtivas e, em casos severos, levam à mortalidade. Recentemente, no The World Mycotoxin Forum, realizado na Áustria, cientistas revelaram que já foram identificados mais de 700 tipos diferentes de micotoxinas — um aumento significativo em relação às cerca de 600 anteriormente conhecidas.
Daniel Miranda, zootecnista e gerente Técnico Global de Micotoxinas da Trouw Nutrition, explica que a maior incidência e a diversidade das micotoxinas estão diretamente ligadas às mudanças climáticas e a fatores globais. “Tudo que estressa o fungo — muita ou pouca umidade, queimadas, ou até mesmo eventos geopolíticos, como a guerra na Ucrânia — pode estimular a produção dessas toxinas”, destaca Miranda. Ele ressalta que esses fatores tornam os desafios para o controle das micotoxinas mais complexos e aumentam a demanda por pesquisas e novas estratégias.
Para enfrentar esses desafios, o especialista reforça a necessidade de os produtores adotarem programas de gerenciamento de micotoxinas na alimentação animal. “Assim como já existe a preocupação com saúde intestinal e vacinação, é fundamental ter uma estratégia para controlar as micotoxinas, que podem afetar a produção de várias formas e causar perdas econômicas significativas”, comenta Miranda. Segundo ele, o primeiro passo é conhecer o desafio específico de cada região e empresa, por meio de um banco de dados com análises dos ingredientes recebidos, para então criar soluções adequadas.
Para minimizar os impactos negativos, são usadas diversas tecnologias, incluindo minerais, leveduras e seus derivados, enzimas e fitocomplexos, cada qual com mecanismos específicos para neutralizar ou reduzir os efeitos tóxicos. “Diante da contaminação crescente por múltiplas micotoxinas, é necessário combinar diferentes tecnologias para uma mitigação eficaz”, explica o gerente técnico.
A inteligência artificial (IA) surge como uma ferramenta inovadora nesse contexto. Ela ajuda a modelar e prever a incidência de micotoxinas com base em históricos regionais e de empresas, otimizando as estratégias de mitigação em tempo real. “Com a IA, podemos tomar decisões mais precisas e reduzir custos operacionais, garantindo a segurança do alimento e a eficiência produtiva”, conclui Daniel Miranda.
Fonte: Portal do Agronegócio
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