Publicado em: 25/07/2025 às 08:00hs
Armazenar grãos com qualidade e segurança é um dos principais desafios do agronegócio brasileiro, especialmente porque grande parte da safra de milho e farelo de soja é destinada à alimentação animal. Antes, a secagem intensa era essencial para conservar os grãos, mas hoje a ciência e a tecnologia oferecem soluções que mantêm a integridade dos grãos mesmo com umidade mais alta, reduzindo perdas e o consumo de energia.
O Brasil ainda enfrenta limitações na capacidade de armazenagem: atualmente são cerca de 211 milhões de toneladas disponíveis, enquanto a safra de 2025 deve ultrapassar 330 milhões, segundo dados da Conab. Isso faz com que parte da produção seja armazenada de forma improvisada — a céu aberto, em caminhões ou nos portos — aumentando o risco de contaminações, perdas e desperdícios.
“Num país continental como o Brasil, armazenar com segurança e qualidade é fundamental para preservar o padrão do grão desde a colheita até o consumo, garantindo segurança alimentar e redução de perdas”, afirma Matheus Dario, engenheiro agrônomo e Coordenador Comercial da Kemin para o segmento de grãos. Ele destaca que, como 50% do milho e 80% do farelo de soja produzidos são usados na alimentação animal, é essencial oferecer matéria-prima de alta qualidade para o plantel.
Um dos benefícios da conservação aprimorada é a redução do tempo e da intensidade da secagem, que normalmente utiliza fontes de calor, sendo a lenha a mais comum. “A queima dessa biomassa libera CO₂ na atmosfera. Com grãos armazenados em maior umidade, diminui-se o tempo de secagem e, consequentemente, a queima de lenha”, explica Dario.
Produtos como o Myco CURB GT, desenvolvido pela Kemin, são aliados importantes no armazenamento com menor impacto ambiental. Trata-se de um conservante líquido à base de ácidos orgânicos que protege os grãos contra contaminações fúngicas e ajuda a preservar suas características físicas e nutricionais, mesmo com maior umidade. A aplicação é simples, segura e eficiente em diversos ambientes, como armazéns, fábricas de ração e indústrias de etanol.
Grãos mal conservados favorecem o crescimento de fungos como Aspergillus, Penicillium e Fusarium, que produzem micotoxinas prejudiciais à saúde animal. Essas toxinas podem causar desde problemas reprodutivos em suínos até queda na produção e saúde das aves. “A zearalenona, por exemplo, pode provocar aborto em suínos, enquanto a toxina T-2 reduz a produção de ovos e o peso das aves”, alerta o especialista.
Além dos riscos à saúde, a deterioração dos grãos reduz proteína e amido, obrigando o uso de maior volume de matéria-prima para manter o desempenho nutricional. Isso encarece a produção e diminui a eficiência. “Conservando melhor o grão, evitamos perdas, melhoramos a sanidade e a qualidade da ração, resultando em melhor conversão alimentar, custos menores e maior desempenho animal”, reforça Matheus Dario.
O engenheiro agrônomo destaca que, apesar dos avanços recentes, ainda há muito a ser feito, especialmente no que diz respeito à sustentabilidade. “O mercado tem se atentado ao setor de armazenagem, buscando melhorar produtos e reduzir custos, mas o caminho para uma armazenagem sustentável e eficiente ainda é longo.”
Fonte: Portal do Agronegócio
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