Nutrição Animal

Nutrição estratégica com Ácidos Graxos Essenciais

De maneira simples e direta, é preciso adotar estratégias nutricionais para que o rebanho mantenha seu ECC do parto no início da EM


Publicado em: 27/09/2021 às 08:20hs

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Sabe-se que o status nutricional em que a fêmea se encontra ao parto e no início da estação de monta (EM) é de extrema importância para o desempenho reprodutivo e, o escore de condição corporal (ECC), é a principal ferramenta utilizada para avaliar tal status. Carvalho (2017) demonstrou que animais com ECC ≥ 3,0 apresentaram maior taxa de prenhez em comparação com os animais com ECC ≤ 2,75 ao parto. Além disso, a manutenção do ECC entre o parto e início da EM, demonstrou ter efeito positivo sobre a função reprodutiva do rebanho em algumas categorias (primíparas e secundíparas), por apresentarem maior sensibilidade em quaisquer alterações nutricionais. De maneira simples e direta, é preciso adotar estratégias nutricionais para que o rebanho mantenha seu ECC do parto no início da EM.

Partindo da premissa que os animais parirão com um ECC ≥ 3,0 e entrarão com o mesmo ECC na estação de monta, podemos adotar tecnologias para otimizar a função reprodutiva do rebanho, tais como suplementação com sais de cálcio de ácidos graxos (SCAG) contendo AGE, como o óleo de soja (Nutri Gordura®). Estes ácidos graxos são considerados essenciais, afinal não é algo que os animais produzem, portanto é necessário fornecer via dieta, e são de extrema importância para reprodução, composição de membranas celulares e sistema imune. Mais especificamente na função reprodutiva, Lopes et al. (2009; 2011) reportaram benefícios de pelo menos 27% na taxa de prenhez oriundos da suplementação estratégica de 100g/animal dia de SCAG de óleo de soja do momento da IA até 28 dias após a IATF (Tabela 1). Vale ressaltar que o SCAG foi incluído em um suplemento de 1 g/kg de peso vivo (PV).

Tabela 1. Efeito da suplementação com sais cálcicos de ácidos graxos (SCAG) de óleo de soja sob o desempenho reprodutivo de fêmeas Nelore (Adaptado de Lopes et al., 2009; 2011).

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1ECC na escala de 1 a 9
2Não demonstrado no artigo

Os resultados acima reportados dos estudos, foram creditados basicamente a uma melhoria na manutenção da gestação (Spencer & Bazer, 2004). Entretanto, após os primeiros resultados, ficou a dúvida se o efeito positivo dessa estratégia foi em relação ao aumento de ingestão de energia ou, por conta da suplementação específica com AGE presentes no SCAG. Por isso, outros experimentos subsequentes avaliaram o efeito da suplementação com SCAG saturados (óleo de palma) ou poli-insaturados em animais B. indicus (Cipriano et al., 2016; Cooke et al., 2014; Lopes et al., 2009; 2011) e B. taurus (Brandão et al., 2018), mantendo assim um semelhante consumo de energia e proteína entre os grupos (Tabela 2).

Tabela 2. Efeito da suplementação com sais cálcio de ácidos graxos (SCAG) de óleo de palma (OP) ou soja (OS) sob o desempenho reprodutivo de fêmeas B. indicus (Cooke et al., 2014; Lopes et al., 2009; 2011) ou B. taurus (Brandão et al., 2018).

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1ECC na escala de 1 a 9

A partir desses estudos, podemos concluir que os resultados positivos da suplementação com SCAG de óleo de soja na função reprodutiva do rebanho são oriundos dos AGE e não do consumo de energia do suplemento. Sendo assim, a incorporação dos AGE nos tecidos dos animais e ações específicas do ômega-6 (ácido linoleico e seus derivativos) nos tecidos reprodutivos e plasma, um aumento no volume do CL e concentrações plasmáticas de progesterona ganham destaque. Além disso, a suplementação com óleo de soja melhorou a expressão de genes associados com o reconhecimento materno fetal (prostaglandin E synthase e interferon-tau), resultando em uma melhor manutenção da gestação (Cooke et al., 2014; Cipriano et al., 2016; Tabela 3).

Tabela 3. Concentrações de interferon-tau (IFN-tau) no fluido uterino, assim como as concentrações plasmáticas de progesterona (P4), volume do corpo lúteo (CL) e expressão de genes associados com a manutenção de gestação de fêmeas B. indicus suplementadas ou não SCAG de óleo soja (Adaptado de Cooke et al., 2014; Cipriano et al., 2016).

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Desta forma, se assumirmos que animais que concebem mais cedo na EM, irão parir mais cedo na estação de parição, desmamarão bezerros(as) mais pesados e, consequentemente resultarão em um retorno maior para a operação de cria. Essa realidade se torna ainda mais importante na realidade dos preços de bezerros e reposição citados no início deste artigo. Sendo assim, para obtenção de tais objetivos, deve-se evitar deficiências nutricionais da ordem macro no rebanho, em outras palavras os animais terão que parir em um ECC ≥3,0 e entrar na EM com o mesmo ECC. Para então, aplicar estratégias específicas como a suplementação com SCAG de óleo de soja (Nutri Gordura®; Nutricorp) durante o protocolo de IATF e os 30 dias posterior ao mesmo, para a otimização do reconhecimento materno fetal, manutenção da gestação e consequente incremento nos índices reprodutivos da operação.

Osvaldo Sousa - Coordenador de P&D, Nutricorp

Fonte: Alfapress Comunicações

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