Publicado em: 17/07/2014 às 13:50hs
Conforme dados divulgados ontem pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as entregas das misturadoras aos consumidores finais alcançaram 12,987 milhões de toneladas no período, 6,9% a mais que nos primeiros seis meses de 2013.
Somente em junho, as entregas alcançaram 2,692 milhões de toneladas, um crescimento de 2,9% em relação ao mesmo mês do ano passado. O Estado de Mato Grosso manteve a liderança nas vendas ao longo do primeiro semestre deste ano, com 2,735 milhões de toneladas, seguido pelo Paraná, com 1,728 milhão de toneladas, e São Paulo, com 1,584 milhão, conforme a Anda.
O crescimento observado nos primeiros seis meses do ano foi impulsionado por compras visando ao plantio de soja na safra de verão da temporada 2014/15, que começará em meado de setembro. Conforme a Anda, houve aumento de 2,4% nas entregas de fertilizantes fosfatados e de 10,1% no caso dos produtos derivados do potássio. Mesmo as vendas de fertilizantes nitrogenados, menos demandados pelos sojicultores, apresentaram uma expansão de 7,8% na comparação com igual intervalo do ano passado.
Segundo representantes do segmento, o aumento da demanda na primeira metade do ano também refletiu boas vendas para as culturas de milho, algodão, trigo e café.
De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), até o fim de junho 75% das compras de adubos para a safra de verão 2014/15 no Cerrado (Centro-Oeste e Nordeste) já estavam fechadas, ante 70% em igual período do ano passado.
De acordo com Victor Ikeda, pesquisador do Cepea, em algumas regiões de Mato Grosso, como Sorriso e Rondonópolis, cerca de 50% da aquisição de fertilizantes foi realizada para a próxima temporada de verão já no início de janeiro, ante 40% no mesmo intervalo de 2013. Ikeda lembra que, em janeiro e fevereiro, houve um aumento nos preços internacionais dos fertilizantes. As cotações recuaram em abril e maio e voltaram a aumentar a partir de junho.
No primeiro semestre, a média dos preços internacionais da ureia foi 11,4% menor que entre janeiro e junho do ano passado, afirma João Santucci, analista da INTL FCStone. Na comparação, os preços do MAP (fosfato monoamônico) recuaram 5,2% e os do cloreto de potássio, 23,7%, em média.
Agora, a perspectiva é de alta nos preços dos fertilizantes derivados do potássio e do fosfato. Já por conta dessa tendência e da queda das cotações dos grãos, as relações de troca entre fertilizantes e produtos agrícolas em geral pioraram um pouco para os produtores rurais no mês passado.
Conforme o Cepea, em junho eram necessárias 20 sacas de soja no Cerrado (Centro-Oeste e Nordeste) para a aquisição de uma tonelada de cloreto de potássio (KCl), ante 19 sacas em maio. Porém, na comparação com o mesmo mês de 2013, quando eram necessárias de 24 a 25 sacas para a compra do produto, a relação ficou mais favorável em junho.
Enquanto a demanda interna cresceu consideravelmente, a produção nacional de fertilizantes no primeiro semestre caiu 10,2% em relação a igual intervalo de 2013, para 4,157 milhões de toneladas.
Nesse contexto, as importações cresceram e também bateram recorde nos primeiros seis meses de 2014. No intervalo, as compras do exterior cresceram 11,9%, para 10,842 milhões de toneladas, de acordo com a Anda. Somente em junho, até por causa do forte ritmo de antecipações, as importações caíram 6,3% sobre o mesmo mês de 2013, para 1,951 milhão de toneladas.
O diretor-executivo da Anda, David Roquetti Filho, disse ao Valor que em 2014 deverá ser batido um novo recorde para as vendas internas do segmento. Em 2013, o desempenho já tinha sido histórico, com entregas ao consumidor final de 31,1 milhões de toneladas, aumento de 5,23% sobre o ano anterior. A INTL FCStone estima comercialização entre 31,14 e 34,04 milhões de toneladas em 2014.
Já Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da Associação dos Misturadores de Adubos (Ama-Brasil), afirma que a tendência é de desaceleração do crescimento das vendas no segundo semestre, diante da antecipação registrada na primeira metade do ano. "Pode ser que se repita o que se entregou [de adubos] no ano passado".
Fonte: CAnal do Produtor
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