Publicado em: 07/10/2025 às 11:25hs
O setor brasileiro de máquinas e implementos agrícolas deve registrar um crescimento de 3,4% em 2026, segundo projeção divulgada pela Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da ABIMAQ. A estimativa foi apresentada durante a 25ª edição do Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial, que reuniu especialistas em inovação, macroeconomia e crédito rural.
De acordo com o presidente da CSMIA, Pedro Estevão Bastos de Oliveira, o crescimento previsto é considerado modesto e reflete o cenário desafiador enfrentado pela indústria. “É um aumento tímido, resultado do que os fabricantes estão observando no mercado, especialmente diante dos juros elevados e das incertezas externas”, afirmou o dirigente.
O evento, que encerrou o ciclo anual de planejamento da entidade, também abordou temas estratégicos como o uso da inteligência artificial, novos modelos de financiamento e os efeitos da conjuntura internacional sobre o agronegócio.
Na abertura do seminário, Gustavo Melles, sócio da StartWE Inovação e Comunicação, apresentou a palestra “Pense com a IA e acelere seus processos e lucros”. Ele defendeu que a inteligência artificial deve ser encarada como uma “inteligência ampliada”, capaz de potencializar a produtividade e impulsionar a inovação dentro das empresas do setor.
Segundo o especialista, o uso estratégico da IA será um diferencial competitivo para as indústrias que buscam eficiência e maior rentabilidade nos próximos anos.
Durante sua apresentação, Pedro Estevão também divulgou dados atualizados sobre o desempenho da indústria. O faturamento do setor atingiu R$ 62 bilhões em 2024 e deve crescer 10% em 2025, alcançando R$ 68 bilhões.
O dirigente alertou, contudo, para a baixa reposição de máquinas nos últimos dois anos, o que pode gerar uma demanda reprimida a partir de 2026. “A renovação do parque de máquinas está atrasada e isso tende a pressionar o mercado futuramente”, destacou.
O acesso ao crédito foi um dos pontos centrais do debate. Segundo a CSMIA, metade das vendas de máquinas na safra 2024/25 contou com financiamento, mas apenas 36% tiveram juros equalizados, percentual inferior aos 60% registrados em anos anteriores.
O advogado Marcelo Winter, da VBSO Advogados, reforçou a importância do mercado de capitais como alternativa para o financiamento do agronegócio. Ele destacou o crescimento de 315% entre 2022 e 2024 de instrumentos como CPR, CRA, LCA e FIAGRO, que vêm se consolidando como opções viáveis para reduzir a dependência do crédito subsidiado. “Transparência, governança e profissionalização são essenciais para atrair investidores”, afirmou.
O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, analisou o contexto internacional e seus impactos sobre o agronegócio brasileiro. Ele citou a instabilidade econômica nos Estados Unidos, as tensões comerciais com a China e os efeitos do fenômeno La Niña como fatores de atenção para 2026.
Apesar dos desafios, Honorato destacou que o agronegócio continuará sendo um dos principais motores da economia brasileira, com geração estimada de R$ 1,6 trilhão no próximo ano.
O painel contou ainda com José Velloso, presidente executivo da ABIMAQ, e João Carlos Marchesan, vice-presidente do Conselho de Administração da entidade, que ressaltaram a preocupação do setor com o alto custo do financiamento e o impacto das tarifas norte-americanas nas exportações brasileiras.
O analista Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, encerrou o evento destacando tendências que devem definir o futuro do setor, como a expansão dos biocombustíveis, a recuperação de pastagens degradadas e a necessidade de avanços logísticos para garantir competitividade internacional.
Ele também alertou para a alta dependência de fertilizantes importados, que representam cerca de 90% do consumo nacional, o que torna o país vulnerável a oscilações do mercado global.
Com ampla participação de fabricantes, patrocinadores e especialistas, a 25ª edição do Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial consolidou-se como um dos principais fóruns de debate da indústria de máquinas agrícolas.
O encontro reforçou que, diante de um crescimento projetado de 3,4% para 2026, inovação, planejamento e diversificação de fontes de crédito serão fundamentais para garantir competitividade e sustentabilidade às empresas do setor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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