Publicado em: 02/05/2025 às 12:00hs
Em março de 2025, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos alcançou receitas líquidas de vendas de R$ 24 bilhões, representando um crescimento de 13,1% em relação ao mesmo mês de 2024. No entanto, houve uma queda de 4,9% em comparação com fevereiro do mesmo ano, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). No acumulado do primeiro trimestre, o setor registrou uma alta de 15,2% em relação ao mesmo período de 2024. Essa performance positiva, entretanto, é parcialmente atribuída a uma base de comparação baixa, considerando os três anos consecutivos de retração nas receitas do setor.
O mercado interno mostrou sinais de recuperação no primeiro trimestre de 2025, com crescimento de 18,0% em relação ao ano anterior, mas apresentou uma queda de 9,8% em março em comparação com fevereiro. Essa desaceleração reflete uma retomada ainda incerta nos investimentos em diversos setores econômicos. Embora segmentos como logística, construção civil e agricultura tenham impulsionado esse desempenho, a recuperação do mercado se mostra mais como uma correção de anos de retração do que um indicativo de tendência sólida e sustentada.
O cenário no mercado externo, por sua vez, foi negativo. As exportações de máquinas e equipamentos caíram 5,8% no primeiro bimestre de 2025, afetadas principalmente pela forte retração nas vendas para os principais mercados da América do Norte. As quedas mais expressivas foram para os Estados Unidos (-30,2%), México (-30%) e Canadá (-27,2%). Outros mercados significativos, como Singapura, também apresentaram quedas substanciais (-30,5%), refletindo um ambiente externo desafiador para as exportações brasileiras.
O consumo aparente nacional de máquinas e equipamentos foi de R$ 34 bilhões em março de 2025, apresentando um aumento de 16,8% em relação ao mesmo mês de 2024, embora tenha registrado uma queda de 8,4% em comparação a fevereiro. No acumulado do primeiro trimestre, o crescimento foi de 23,5%. No entanto, grande parte desse crescimento foi impulsionado pela expansão das importações, que subiram 30% em reais. Atualmente, quase metade (48,3%) do consumo de máquinas no Brasil é suprido por produtos importados, evidenciando a perda de competitividade da indústria nacional.
O aumento das importações foi notável, especialmente nos setores agrícola, de infraestrutura e componentes. A China, em particular, ampliou significativamente sua participação no mercado brasileiro, alcançando 34,1% das importações totais no primeiro trimestre de 2025, um aumento substancial em relação a 2013. Esse movimento reflete a crescente dependência de máquinas chinesas, que tem impactado a indústria local e reduzido a presença de fornecedores tradicionais, como Alemanha, Estados Unidos, Itália e Japão.
Embora se espere uma recuperação nas receitas de vendas em abril de 2025, tanto em comparação a março quanto ao mesmo mês de 2024, o crescimento deverá ser mais moderado. A queda de 5,1% na carteira de pedidos de março em relação a fevereiro e de 6,1% em comparação com março de 2024 já indica uma perda de fôlego no setor. O índice de confiança da indústria, embora ligeiramente melhor, reflete um cenário de incertezas no curto prazo.
No médio prazo, a expectativa é de desaceleração mais acentuada, impulsionada pela política monetária restritiva e pela previsão de redução da atividade econômica no país. Além disso, o aumento do protecionismo nos Estados Unidos e o crescimento das incertezas globais podem impactar negativamente as decisões dos investidores. Dessa forma, projeta-se que o crescimento da receita líquida do setor, embora tenha sido de 15% no primeiro trimestre, deve se moderar para um modesto 3,7% em 2025.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias