Publicado em: 01/08/2024 às 13:30hs
A crescente variedade de produtos à base de leite e soro de leite, como “pó para preparo de bebida sabor leite” e “doce de soro de leite sabor doce de leite”, levanta dúvidas entre os consumidores sobre suas características nutricionais, regulamentações e valor econômico. As embalagens, muitas vezes semelhantes às de produtos lácteos convencionais, contribuem para a confusão. Para esclarecer essas questões, conversamos com especialistas da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
O professor Luiz Ronaldo de Abreu, da Escola de Ciências Agrárias (Esal) da UFLA, explica que a produção de queijo envolve a transformação do leite em coalhada, que se divide em massa e soro. A massa se transforma em queijo, enquanto o soro é o líquido restante, que não contém a proteína caseína predominante no leite, mas possui proteínas solúveis, lactose, minerais e uma pequena quantidade de gordura. O soro pode ser encontrado em sua forma líquida ou em pó, como Concentrado Proteico de Soro (WPC) e Isolado Proteico de Soro (WPI), frequentemente usados como suplementos para ganho muscular.
A professora Mariana Mirelle, da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS), explica que o soro de leite, um subproduto gerado em grandes quantidades na produção de queijo, possui menos proteínas que o leite integral. Embora o soro seja frequentemente utilizado para substituir parcialmente o leite em produtos lácteos, essa substituição pode reduzir o valor nutricional dos alimentos. A inflação recente tem levado ao aumento de produtos lácteos reformulados com soro de leite, que, apesar de serem mais acessíveis, podem oferecer menor qualidade nutricional.
Sandra Maria Pinto, professora da Esal/UFLA, esclarece que o soro de leite, por si só, não é considerado um alimento ultraprocessado. No entanto, produtos que utilizam soro de leite como ingrediente, como alguns queijos e suplementos, podem ser classificados como ultraprocessados devido aos aditivos e ingredientes não lácteos presentes. Exemplos de produtos ultraprocessados incluem requeijão e leite condensado, que frequentemente contêm aromatizantes e conservantes. Já produtos como queijo ricota e soro em pó (WPC e WPI) não são considerados análogos a lácteos.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a bebida láctea é composta por uma mistura de leite e soro de leite, podendo incluir gordura vegetal e outros ingredientes para sabor. Em contraste, o iogurte é produzido pela fermentação do leite com bactérias específicas, resultando em um produto com sabor ácido. O Mapa exige que os fabricantes identifiquem claramente a natureza dos produtos, mas a professora Mariana destaca que os consumidores devem estar atentos às informações nos rótulos para fazer escolhas mais informadas. Iogurtes oferecem maior teor de cálcio, proteínas e bactérias benéficas em comparação às bebidas lácteas.
O marketing influencia fortemente as escolhas dos consumidores, e a regulação busca garantir a precisão das informações nos rótulos para evitar enganos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Mapa são responsáveis pela regulamentação dos alimentos, exigindo informações claras sobre ingredientes, valor nutricional e alérgenos. Sandra Maria Pinto reforça que rótulos incorretos ou enganosos podem induzir o consumidor a erro, e que é fundamental seguir as normas estabelecidas para garantir a qualidade e a transparência dos produtos.
A professora Mariana observa que substituições de ingredientes, como trocar leite condensado por uma mistura de leite e soro de leite, podem afetar a textura e o sabor dos alimentos, como sobremesas. Ela ressalta a importância da educação alimentar para ajudar os consumidores a interpretar a qualidade dos produtos e fazer escolhas nutricionais mais adequadas. Com o surgimento de novas alternativas no mercado, é essencial que os consumidores estejam informados para evitar produtos de menor qualidade e fazer escolhas que atendam às suas necessidades nutricionais.
Fonte: Portal do Agronegócio
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