Publicado em: 14/07/2025 às 09:30hs
O comércio varejista de laticínios e frios liderou o índice de fechamento de empresas no país em 2024, com uma redução líquida de 26,6% no número de estabelecimentos, segundo levantamento exclusivo da Equus Capital. Esse movimento revela uma crise no setor, tradicional dentro da cadeia agroindustrial brasileira, e destaca mudanças significativas na forma como os produtos chegam ao consumidor final.
Ao todo, 7.603 estabelecimentos varejistas encerraram suas atividades nos últimos 24 meses, afetando principalmente micro e pequenas empresas. O cenário expõe fragilidades estruturais e dificuldades relacionadas à competitividade, gestão e adaptação às novas exigências de mercado.
Além do varejo, a indústria de laticínios também apresentou números preocupantes. A taxa de fechamento no setor chegou a 21,5%, com 1.334 empresas encerradas. Os principais fatores apontados são a alta complexidade regulatória, os custos operacionais elevados e a constante pressão por margens reduzidas, que comprometem a sustentabilidade do negócio.
O comércio atacadista de leite e derivados também foi afetado, embora em menor escala. A taxa de fechamento ficou em 13,7%, com 187 empresas encerrando as atividades. A pressão por maior competitividade logística e a concentração de mercado explicam boa parte dessa vulnerabilidade.
Já o setor de preparação do leite, de menor escala e mais técnico, registrou uma taxa de fechamento de 13,2%, com 38 encerramentos. Os altos custos para atender às exigências sanitárias e os desafios operacionais foram apontados como os principais entraves.
Apesar das dificuldades enfrentadas, os segmentos industrial e atacadista vêm demonstrando recuperação em termos líquidos. O crescimento tem sido impulsionado por investimentos em logística, inovação tecnológica e estratégias de consolidação regional.
Segundo Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, empresas que investem em tecnologia, gestão de estoque e ampliação dos canais de distribuição estão ganhando espaço, sobretudo nos setores de atacado e indústria. “O grande desafio hoje está na manutenção da cadeia e na otimização da logística”, afirma.
O levantamento utilizou a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) para segmentar o mercado em três elos principais:
Outro movimento apontado no estudo é a descentralização e o reposicionamento estratégico das empresas. Muitas estão reduzindo sua presença nos grandes centros urbanos e migrando suas operações para regiões interioranas, onde há melhor custo logístico e maior potencial de crescimento.
“Há um claro movimento de consolidação e descentralização no setor. As empresas estão reavaliando sua atuação em áreas saturadas e buscando regiões com maior eficiência logística”, reforça Vasconcellos.
Para o especialista da Equus Capital, a sobrevivência e expansão sustentável das empresas dependerão de sua capacidade de se adaptar às exigências regulatórias, inovar em produtos e processos e desenvolver estratégias financeiras sólidas.
“A eficiência operacional e o posicionamento de marca serão fundamentais para mitigar riscos e aproveitar as oportunidades em um setor em plena transformação”, explica.
Vasconcellos ainda alerta que o mercado de laticínios está deixando de ser espaço para amadores:
“Quem não estruturar bem sua operação, investir em logística, tecnologia e gestão de riscos dificilmente vai resistir ao atual processo de consolidação. As margens estão cada vez menores, e o setor exige preparo técnico e visão estratégica”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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