Publicado em: 02/07/2015 às 07:00hs
Em um ano de resultados adversos na economia brasileira, o agronegócio tem se destacado por ser o único setor a manter níveis elevados de crescimento. Os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio cresceu 4,7% no primeiro trimestre do ano, frente ao mesmo período de 2014, enquanto o PIB Nacional teve uma retração de 0,2% nos primeiros três meses.
Diante deste cenário, as empresas do setor agropecuário têm buscado soluções para desenvolverem e aumentarem sua competitividade no mercado. O momento positivo do setor é ideal para transformar oportunidades em novos negócios, desde que se assuma uma administração moderna e focada em resultados.
Foi o que fez a Cooperativa dos Produtores do Serro (MG). A entidade, que agrega 600 associados dedicados à produção do queijo do Serro - reconhecido como patrimônio imaterial brasileiro – iniciou, em 2013, um processo de mudança de gestão, com o objetivo de combater os fatores que estagnavam o seu crescimento.
Denominado “Mão na Massa”, o projeto, desenvolvido com a orientação da Prodap, propôs a implantação de um sistema de gestão estável e sustentável, promovendo a organização e padronização de seus processos internos e a valorização das pessoas - engrenagem fundamental de todo o ciclo de mudança.
O primeiro passo da reestruturação foi organizar a casa, implantando um controle de custos e despesas que permitisse avaliar quais eram os excessos que impactavam diretamente a saúde financeira do negócio. Com essa correção de rota, reduziu-se os desperdícios - principal responsável pelos altos custos da produção - e alterou-se a política de precificação dos produtos, aumentando o rendimento do leite. Assim, os primeiros resultados apareceram. O balanço de resultados de 2013 – ano em que foi implementado o projeto - apontou um salto de 168%.
O segundo passo era cuidar das pessoas, principal ativo de uma Cooperativa. O desempenho da CooperSerro é essencialmente ligado ao engajamento de seus pares. Por isso, era preciso implantar uma cultura de gestão com foco em resultados que mobilizasse colaboradores, produtores e associados para a busca de um mesmo objetivo: o desenvolvimento sustentável do negócio.
O processo de implementação da cultura começou com a definição de metas atingíveis e desafiadoras – alinhadas com o objetivo global da empresa - para cada setor da Cooperativa. Mas, antes de torná-los atores ativos nesse processo de crescimento, era preciso prepará-los para isso. Então, promoveu-se uma série de capacitações específicas para que colaboradores e produtores compreendessem o impacto e a importância da sua contribuição para o resultado da entidade, que, consequentemente, também era o seu resultado. Para os colaboradores as orientações estavam voltadas ao aprimoramento e controle da rotina de trabalho, que potencializarão a produção, e para a implantação de uma política de valorização e reconhecimento, que retém e mantém talentos, compartilhando responsabilidades e rendimentos para que os indivíduos se sintam donos do negócio.
Já a qualificação dos produtores tem como enfoque a alimentação do gado e o manejo adequado do rebanho – fatores que interferem diretamente na qualidade e na captação do leite. Para garantir a efetividade desta política, a entidade criou sua própria fábrica de ração, oferecendo aos associados linhas específicas com os suplementos minerais e núcleos necessários para alcançar melhorias de índices zootécnicos e financeiros na propriedade. Este incremento do negócio instaurou um ciclo virtuoso de geração de valor para toda a cadeia do leite. Os associados aumentam a produtividade do rebanho e, consequentemente, seus ganhos financeiros; a Cooperativa tem uma nova fonte de renda e passa a receber mais volume de leite para a produção; e o consumidor tem a garantia de estar adquirindo um alimento de qualidade.
O processo de implantação do “Mão na Massa” termina em agosto deste ano. Mas, a visão estratégica assumida pela CooperSerro já transformou seus resultados. Hoje, a entidade dobrou sua produção e projeta um crescimento de 10% para 2015, seguindo a média dos últimos anos.
Esses resultados comprovam que o crescimento sustentável de uma organização está mais condicionado a adoção de uma postura estratégica, focada em métodos de gestão, conhecimento do negócio e liderança, do que a grandes investimentos em infraestrutura e inovações. É preciso romper com o pensamento tradicionalista que ainda paira sobre as propriedades rurais, para que elas deixem de ser vistas como uma atividade familiar para serem encaradas como empresas de sucesso. O grande momento do agronegócio é agora e sobreviverão aqueles que se organizarem no presente para alcançar grandes resultados no futuro.
Tiago Debortoli - Gerente Comercial de Negócios Leite e Fábrica de Ração da Prodap
Fonte: Rede Comunicação de Resultado
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