Publicado em: 18/08/2023 às 11:10hs
A indústria brasileira de processamento de aves tem reduzido a sua produção como parte de um plano de contingência para reduzir os impactos de eventual caso de gripe aviária em granjas comerciais. O Brasil é um dos quatro países do mundo considerados livres da doença, mas já registrou 77 focos em aves silvestres e dois em criações de subsistência.
Embora os episódios não causem efeito no status sanitário do Brasil no mercado internacional, provocou a suspensão das importações japonesas de produtos oriundos do Espírito Santo e, mais recentemente, de Santa Catarina – Estados onde houve casos de gripe aviária em granjas de subsistência.
“Eu não tenho números, mas eu vejo as empresas fechando plantas temporariamente porque se tiver influenza aviária vai dar problema e aproveitando para fazer as reformas que têm que fazer e ficar com um colchão de ação”, destacou, nesta quarta-feira (16/08), o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
Além da suspensão das atividades, as empresas também adotam a redução do peso e do volume de aves abatidas como forma de aumentar o tempo de permanência no campo. Com isso, caso haja uma interrupção temporária das exportações, o setor teria espaço para adaptar seu ritmo de produção diante de um choque negativo na demanda.
“Esse é um movimento preventivo que as empresas fazem. Algumas reportam [corte de] 5%, outras 10%, outras 15%. A gente está estimando uma produção que deve ficar entre 14,8 milhões e 14,95 milhões de toneladas do que antes se esperava ser acima de 15 milhões. Então ela cai na casa de 2 a 3%”, detalhou Santin.
Ainda de acordo com o executivo, a suspensão japonesa das exportações de Santa Catarina, segundo maior produtor do país, acendeu um alerta para as empresas no último mês. “Elas se deram conta que este é um fato que pode acontecer. Nós rezamos para que não aconteça, mas pode dar influenza no Brasil”.
Outra medida de contingência tem sido a renegociação dos protocolos sanitários firmados com importadores da carne de frango brasileira. O pleito do setor e levado pelo governo brasileiro em suas missões diplomáticas é de que os eventuais embargos provocados por focos da doença sejam regionalizados no país.
“Estão sendo enviados documentos para as embaixadas para se troque os certificados e o Brasil, se um dia tiver caso de gripe aviária em ave comercial, possa segregar somente o local do surto”, explica Santin. De acordo com o executivo, o pedido brasileiro é que a segregação seja realizada no raio de 10 quilômetros do foco, seguindo as regras da Organização Mundial de Saúde Animal.
“Depois disso, se não for possível essa restrição, que seja por município e, depois, por Estado, zonas ou compartimento”, detalha o presidente da ABPA ao considerar a recente suspensão japonesa às exportações do Espírito Santo como um “teste”.
Segundo Santin, entre 70% e 80% desses certificados já foram revisados, incluindo Arábia Saudita, Coreia e Japão, que passaram a reconhecer a regionalização por Estado e analisam o pedido brasileiro para que esse recorte seja por município.
“Esse é um procedimento que vamos continuar a fazer em países que ainda não mudaram seus certificados como África do Sul ou México. O Brasil está trabalhando nisso para atingir todos”, completa o executivo.
Fonte: AviSite
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