Publicado em: 30/07/2019 às 18:20hs
A informação é do secretário-executivo do Ministério da Agricultura, o ex-deputado federal Marcos Montes, que estava interinamente à frente da Pasta na última semana e se reuniu com representantes do governo chinês.
Em entrevista concedida ao Valor, Montes avaliou que há grandes chances de que 30 unidades (abatedouros de bovinos, suínos e aves) sejam habilitadas. Nas últimas semanas, técnicos do Ministério da Agricultura estão testando um modelo novo de auditoria de frigoríficos, a pedido de Pequim. Esse modelo, realizado por videoconferência, tende a agilizar as decisões porque evita a necessidade de uma inspeção sanitária in loco dos técnicos sanitários chineses.
"As auditorias por videoconferência estão sendo muito bem-sucedidas e nossa percepção é que a China vai habilitar todas essas plantas dentro de 10 dias mais ou menos", ressaltou Montes. Caso se confirme, a habilitação de frigoríficos ocorrerá antes da viagem da ministra Tereza Cristina à China, programada para 18 de agosto.
Antes das declarações de Montes, executivos do setor avaliavam que os chineses só anunciariam as habilitações durante a visita da ministra e, possivelmente, do presidente Jair Bolsonaro ao país. Na quinta-feira passada, o diretor de finanças e de relações com investidores da Minerva, Edison Ticle, disse ao Valor que havia esperança de um anúncio das autoridades chinesas durante a visita.
Para os frigoríficos, as habilitações representam uma oportunidade para aproveitar melhor a demanda criada pelo surto de peste suína africana que chacoalhou a China. Com os abatedouros atualmente autorizados a exportar, a capacidade de produção está bem perto do limite.
As habilitações devem tornar a China ainda mais importante para os frigoríficos. O país asiático já é o principal destino das exportações brasileiras de carne de frango, suína e bovina. No primeiro semestre, os embarques renderam US$ 1,4 bilhão, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Se tudo ocorrer no ritmo previsto por Montes, a visita de Tereza ao país asiático servirá para tentar convencer os chineses a autorizarem mais do que as 30 plantas - na visita à China, a ministra também tratará de outras pautas comerciais, como a abertura do mercado chinês a frutas do Brasil.
Desde o ano passado, ainda na gestão do ex-senador Blairo Maggi, a pretensão do Ministério da Agricultura era que pudessem ser autorizados a embarcar para a China até 78 estabelecimentos de todas as carnes. De lá para cá, diversos obstáculos impediram o avanço, como a frustrada visita feita em novembro por técnicos chineses a 11 abatedouros. O resultado da missão foi conhecido neste ano, com a reprovação de uma planta e pedidos de correção de inconformidades detectadas.
Afora os problemas técnicos, declarações hostis à China feitas por Bolsonaro, durante a campanha eleitoral, e pelo chanceler Ernesto Araújo também provocaram tensão. A situação melhorou após o apoio brasileiro ao chinês Qu Dongyu, eleito em junho ao comando da FAO, o braço da Organizações das Nações Unidas (ONU) para agricultura e alimentação.
No setor privado, o interesse em exportar à China chegou a provocar discórdia, com críticas da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) à estratégia adotada pelo Ministério da Agricultura. Segundo Montes, a situação foi pacificada. "Tudo mudou agora e a ministra tem hoje uma arma na mão que é a credibilidade que construímos com as empresas e vai proporcionar à China abrir mais plantas que o previsto", disse o secretário.
Fonte: AviSite
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