Biológicos e Bioinsumos

Bioinsumos impulsionam agricultura regenerativa e atraem investimentos em startups no Brasil

Biológicos ganham espaço no campo e aceleram transformação no agro brasileiro


Publicado em: 07/08/2025 às 07:00hs

Bioinsumos impulsionam agricultura regenerativa e atraem investimentos em startups no Brasil
Foto: Freepik

Diante de desafios persistentes no campo e da crescente demanda por práticas sustentáveis, os bioinsumos vêm se consolidando como protagonistas na transição do agronegócio brasileiro para modelos mais regenerativos. Impulsionados por fatores como as mudanças climáticas, a pressão internacional por sustentabilidade e o esgotamento do uso intensivo de produtos químicos, os insumos biológicos vêm crescendo rapidamente e ganhando espaço entre produtores, investidores e startups.

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), a área tratada com pesticidas na safra 2024/25 deve ultrapassar 2 bilhões de hectares, um aumento de 6% em relação ao ciclo anterior. O uso de defensivos químicos também avançou 8,5%, com destaque para herbicidas (45%), fungicidas (23%) e inseticidas (23%). O cenário mostra a força da agricultura brasileira, mas também evidencia a dependência de soluções químicas — algo cada vez mais insustentável no longo prazo.

Nesse contexto, os bioinsumos surgem como alternativa estratégica, especialmente no avanço da agricultura regenerativa, que alia produtividade à restauração ambiental.

Brasil lidera mercado de bioinsumos e cresce acima da média global

O país já é líder mundial no uso de bioinsumos, tanto em volume quanto em área tratada. O setor movimentou aproximadamente R$ 5 bilhões na safra 2023/24, com crescimento anual médio de 21%, quase quatro vezes acima da média global, segundo dados da CropLife Brasil e da Abisolo.

Além da produtividade, os biológicos têm papel fundamental na recuperação de solos degradados, contribuindo para o aumento da matéria orgânica, equilíbrio da microbiota, redução da compactação e maior resiliência a estresses climáticos.

Startups e investidores protagonizam avanço da agricultura regenerativa

De acordo com o Arara Tech Report 2024, os investimentos em startups voltadas ao agro, clima e alimentação somaram R$ 1,16 bilhão no Brasil, com 41 startups investidas — um crescimento de 12% em relação a 2023. Uma parcela significativa desse capital tem sido direcionada a soluções regenerativas, como manejo biológico, agricultura de precisão, drones autônomos, rastreabilidade e biofábricas.

“Os desafios são antigos, mas a tecnologia já oferece caminhos viáveis. Agora é hora de acelerar a adoção dessas soluções para garantir equilíbrio entre produtividade, sustentabilidade e segurança alimentar”, afirma Henrique Galvani, CEO da Arara Seed, plataforma de co-investimento coletivo voltada ao agro.

Agtechs se destacam no setor de bioinsumos

O ecossistema de biológicos tem atraído grandes movimentos de mercado e aportes expressivos:

  • Biotrop: adquirida em 2023 pelo grupo belga Biobest por mais de R$ 2 bilhões, consolidando o setor no Brasil.
  • Bioworld: especialista em soluções on-farm para controle de pragas e doenças, já atua em mais de 2,5 milhões de hectares no país com um portfólio de mais de 30 produtos registrados.
  • Agrivalle: recebeu investimento do fundo Aqua Capital para expansão internacional, com foco em biofertilizantes e defensivos biológicos.
  • Gênica: com sede em Piracicaba (SP), é referência em bioestimulantes e defensivos microbiológicos. Reconhecida entre as 100 startups agro mais promissoras de 2023, tem atraído aportes para ampliar sua capacidade tecnológica e industrial.
  • Agrion: firmou uma joint venture com a japonesa Mitsui & Co., marcando a entrada do Japão no mercado de bioinsumos brasileiro, com foco em grandes culturas como soja, milho e cana.
  • Solubio: oferece biofábricas móveis para produtores e já atende mais de 2 milhões de hectares no país com apoio de capital nacional privado.
  • Symborg: adquirida pela Corteva, é especializada em microbiologia do solo com foco em práticas regenerativas.

A própria Arara Seed também vem atuando na estruturação de rodadas para startups em estágio inicial com foco em regeneração ambiental, conectando ciência, tecnologia e impacto direto no campo.

Futuro promissor: produtividade com sustentabilidade e protagonismo global

Segundo Galvani, o próximo passo é democratizar o acesso a essas inovações, garantindo que tanto pequenos quanto grandes produtores se beneficiem. “Com o avanço das tecnologias e o apoio de investidores, o agronegócio brasileiro pode reduzir de forma sustentável sua dependência de produtos químicos e se consolidar como líder mundial em agricultura regenerativa.”

A transição para um novo modelo agrícola, que equilibre rentabilidade, inovação e regeneração ambiental, já está em curso — e o Brasil tem todas as condições de liderar essa transformação.

Fonte: Portal do Agronegócio

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