A demanda por insumos biológicos na agricultura está ganhando força no Brasil, impulsionada pelo aumento da conscientização sobre a importância de práticas agrícolas mais sustentáveis. Apesar de ainda estar em fase inicial, esse mercado cresce mais de 35% ao ano e já representa cerca de US$ 1,2 bilhão. A empresa Biotrop, por exemplo, dobra de tamanho a cada ano, refletindo a crescente aceitação dos bioinsumos por parte dos produtores.

Esse crescimento é impulsionado pelo avanço da pesquisa e pelo desenvolvimento de novas soluções biológicas, bem como pela maior adoção dessas tecnologias pelos agricultores, que reconhecem seus benefícios em termos de produtividade, qualidade e ganhos ambientais. A crescente adoção de bioinsumos mostra que a agricultura está evoluindo para métodos mais sustentáveis e inovadores.

Um dos aspectos mais interessantes desse movimento é a combinação de diferentes microrganismos no mesmo produto, metabólitos com ações biológicas específicas e o uso de extratos vegetais em composições únicas. As novas tecnologias possibilitam agregar funcionalidades adicionais às formulações de produtos, como os polímeros usados para revestir sementes. Esses polímeros agora carregam componentes biológicos que oferecem proteção contra nematoides, fungos e insetos, além de protegerem as plantas contra estresses abióticos, como a seca. Assim, a era dos insumos com múltiplas funções chegou, trazendo benefícios tangíveis para a agricultura.

Outro aspecto positivo do uso de bioinsumos é sua capacidade de lidar com problemas fitossanitários de difícil controle, especialmente aqueles que desenvolveram resistência a produtos químicos tradicionais. Os produtos biológicos, com seus múltiplos mecanismos de ação, reduzem a seleção de pragas resistentes, promovendo uma proteção a longo prazo para as plantações. Além disso, o manejo biológico tem maior eficiência em ambientes de agricultura de precisão, que analisam não apenas componentes químicos e físicos do solo, mas também a microbiota biológica. O programa AGROBIOTA é um exemplo de abordagem inovadora, usando técnicas genéticas para entender as necessidades biológicas do solo e, assim, recomendar o melhor bioinsumo para cada cultura.

Os benefícios dos bioinsumos vão além da agricultura. Ao favorecer o equilíbrio biológico das culturas, eles também têm um impacto positivo no meio ambiente. Em um momento em que a produção sustentável é uma preocupação global, os bioinsumos são fundamentais. Do ponto de vista econômico, eles oferecem uma estabilidade importante para os agricultores, pois, por serem produtos nacionais, têm cotações mais estáveis, reduzindo o impacto das oscilações do câmbio e garantindo um melhor retorno sobre o investimento.

Com relação ao mercado internacional, o uso de bioinsumos também é vantajoso, uma vez que muitas moléculas agroquímicas são proibidas em diversos países, especialmente na Europa. Os bioinsumos, por outro lado, não enfrentam essas restrições e são uma alternativa eficaz para a produção agrícola que atende aos padrões internacionais.

Este é o cenário da revolução em andamento, que está tornando o Brasil ainda mais competitivo em escala global. Empresas como a Biotrop lideram o desenvolvimento e a utilização de bioinsumos na produção agrícola, com planos ambiciosos para expansão nacional e internacional. Para Juliana Marcolino Gomes, gerente de Pesquisa e Inovação na Biotrop, o objetivo vai além de liderar a inovação no setor. "Pensamos no sucesso dos nossos clientes e no que podemos fazer para contribuir ainda mais para um agronegócio melhor e mais seguro, que cresce com os olhos nas necessidades do consumidor final, que poderá desfrutar de alimentos mais saudáveis", conclui ela.

Com essa visão, a revolução dos bioinsumos é mais do que uma tendência: é uma transformação que beneficia a agricultura, as pessoas e o planeta, e que tem o potencial de tornar o Brasil um líder global em práticas agrícolas sustentáveis.