Publicado em: 16/12/2024 às 14:30hs
A empresa norueguesa Yara deu um passo importante na direção de uma produção mais sustentável ao começar a utilizar biometano como substituto do gás natural na fabricação de amônia. A mudança, que tem como objetivo reduzir o impacto ambiental, resulta em uma diminuição de 75% na pegada de carbono da amônia, quando comparada ao produto tradicional, derivado de fontes fósseis. A Yara planeja produzir entre 6 mil e 7 mil toneladas de amônia sustentável anualmente, o que se traduz em cerca de 15 mil toneladas de fertilizante.
A amônia, que é essencial na produção de fertilizantes nitrogenados e em diversas aplicações industriais, é agora fabricada com o biometano gerado a partir de resíduos da produção de etanol e açúcar, como vinhaça e torta de filtro. O biometano é produzido pela Raízen, em Piracicaba (SP), e fornecido para a Yara, que utiliza o insumo em seu Complexo Industrial de Cubatão, no Estado de São Paulo.
Segundo Daniel Hubner, vice-presidente de soluções industriais da Yara, o uso de torta de filtro como matéria-prima renovável já era conhecido, e o Brasil possui grande potencial para explorar esse recurso. A transição para o uso de biometano não exigiu grandes investimentos em infraestrutura ou alterações nos processos internos da empresa, sendo uma substituição de uma molécula fóssil por uma fonte renovável. No entanto, o valor do investimento não foi divulgado.
Embora o uso de biometano tenha começado, a amônia de baixo carbono ainda representa uma pequena parte da produção total da empresa. Hubner explicou que, para descarbonizar completamente a planta, seria necessário implantar projetos semelhantes ao atual em maior escala. A planta de biometano da Raízen tem capacidade para processar 60 mil metros cúbicos de metano por dia, enquanto a planta total da Yara consome 700 mil metros cúbicos diários.
Além disso, Hubner ressaltou que a variação no custo do gás natural continua sendo um desafio para a produção de amônia no Brasil, destacando a importância de políticas de transição energética eficazes para tornar o setor mais competitivo. Ele afirmou que, para a indústria brasileira, é essencial que as iniciativas governamentais se tornem ações concretas.
O vice-presidente de Marketing e Agronomia da Yara, Guilherme Schmitz, destacou que, para expandir a produção de amônia de baixo carbono, é necessário criar uma demanda no mercado consumidor disposto a pagar mais por esse produto sustentável. A empresa está, portanto, buscando parcerias com empresas do setor agropecuário e alimentício.
Uma das parcerias já firmadas pela Yara é com a cooperativa Cooxupé, com o objetivo de reduzir em 40% a pegada de carbono na produção de café a partir da próxima safra. A Yara também está negociando novas parcerias com empresas e cooperativas de outros setores, como café, citros e outras culturas.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias