Publicado em: 29/11/2023 às 18:00hs
Uma análise recente conduzida pelo Boston Consulting Group (BCG) revela que o mercado de fertilizantes está experimentando transformações substanciais, impulsionadas por novas tecnologias e aplicações inovadoras de matéria-prima. Após a retomada dos preços na indústria e o retorno do volume de produtos comercializados a níveis históricos pós-conflito entre Rússia e Ucrânia, o setor enfrenta desafios e oportunidades decorrentes de padrões comerciais em evolução, maior pressão regulatória e práticas agrícolas inovadoras.
O BCG prevê um crescimento anual de 4% no mercado de amônia verde, principal matéria-prima para fertilizantes nitrogenados, até 2050, com a produção de amônia verde superando a amônia cinza até 2040.
Um dos principais desafios identificados pela consultoria é a questão da sustentabilidade. Anualmente, aproximadamente 260 megatoneladas de nutrientes agrícolas são utilizadas globalmente, com um excesso de cerca de 20%, conforme medido pela Eficiência de Uso de Nutrientes (EUN). Na Conferência de Biodiversidade da ONU de 2022, foi estabelecida a meta de reduzir essa sobrecarga para quase metade até 2030. Apesar da complexidade, o BCG destaca que tecnologias emergentes, como agricultura digital e de precisão, bioestimulantes e práticas agrícolas regenerativas, têm o potencial de reduzir a demanda por fertilizantes sintéticos entre 8% e 12% nos próximos dez anos.
Quanto aos fertilizantes nitrogenados, o mercado está passando por mudanças tecnológicas substanciais, impulsionadas pela competição crescente pela amônia verde. A descarbonização do setor energético intensificará essa concorrência, tornando a amônia de baixo teor de carbono atrativa para diversas aplicações além dos fertilizantes, como matéria-prima para geração de eletricidade, meio de transporte para H2 verde em longas distâncias e combustível para embarcações marítimas, visando uma indústria naval descarbonizada.
À medida que a produção de amônia azul e verde, com menores emissões de CO2, cresce, o mercado comercial experimentará um aumento significativo até 2050. O BCG aconselha as empresas a buscarem a diversificação em suas estratégias de negócios, explorando oportunidades de crescimento em novas práticas, como oferta de serviços de aconselhamento agronômico e ferramentas digitais para aumentar a eficiência do uso de nutrientes e apoiar a agricultura regenerativa e de baixo carbono.
Os fertilizantes verdes emergem como uma opção de negócio viável. A longo prazo, a capacidade de produção de H2 verde torna-se crucial, permitindo que as empresas alcancem sua produção de energia renovável ou estabeleçam parcerias para acesso a energia renovável de baixo custo. No Brasil, o BCG observa um movimento significativo em direção a soluções de fertilizantes nitrogenados com menor pegada de carbono, como a amônia verde, apesar das diferenças regionais.
A estratégia vencedora dependerá da capacidade das empresas de adaptar seus modelos de negócios e cobertura da cadeia de valor às necessidades de cada mercado. Em um cenário de crescentes barreiras comerciais, tarifas e disparidades nos preços de energia, as empresas de fertilizantes também enfrentarão decisões cruciais sobre seus mercados-alvo, pegada de produção e os prováveis efeitos de suas direções estratégicas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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