Adubos e Fertilizantes

Margens Agrícolas Globais em 2026 Sofrem Pressão: Custos Sobem e Preços Caem

Relatório do Rabobank aponta que fertilizantes mais caros e supersafras pressionam rentabilidade de soja, milho e trigo; Brasil e EUA lideram produção, mas enfrentam desafios financeiros


Publicado em: 22/09/2025 às 11:50hs

Margens Agrícolas Globais em 2026 Sofrem Pressão: Custos Sobem e Preços Caem
Lucros dos Produtores Rurais Continuam Sob Pressão

Um novo estudo do Rabobank, Field Crop Margin Outlook 2026, alerta que os produtores agrícolas globais enfrentarão margens de lucro apertadas pelo menos até meados de 2027. Segundo o relatório, a combinação de custos operacionais mais altos — especialmente fertilizantes — e preços de commodities em queda deve resultar em safra de rentabilidade limitada nas principais regiões produtoras de soja, milho e trigo.

Custos de Produção Aumentam em Todo o Mundo

Para a safra de 2026, os custos de produção devem subir significativamente:

  • Fertilizantes: Os preços do fosfato continuam elevados devido ao equilíbrio apertado entre oferta e demanda. No Brasil, o MAP (fosfato monoamônico) registra alta e produtores buscam alternativas como SSP e TSP, que também sofrem pressão de preços.
  • Defensivos agrícolas: Inseticidas e outros defensivos devem encarecer devido a problemas de abastecimento. Apesar de uma leve queda nos preços vindos da China, o impacto global continua relevante.
  • Câmbio: A desvalorização de moedas locais frente ao dólar afeta países como Austrália e algumas nações europeias, aumentando os custos de importação de insumos.
Oferta Global de Commodities Mantém Preços Baixos

A produção mundial de grãos segue em níveis recordes, pressionando os preços:

  • Milho: Brasil, EUA e China devem colher safras históricas.
  • Soja: A produção global deve alcançar 690 milhões de toneladas, marcando o sexto recorde consecutivo.
  • Trigo: O crescimento contínuo na União Europeia e Rússia impulsiona seis safras seguidas em alta.

Mesmo com estoques globais de milho e trigo em declínio e consumo doméstico elevado, a supersafra mantém os preços em território baixista.

Projeções de Margens Operacionais por Região

As margens operacionais — lucro bruto sobre receita líquida, sem incluir custos com terra e subsídios — mostram variações significativas entre países e culturas:

  • Brasil: Soja — 24%
  • EUA: Soja — 13% / Milho — 7%
  • Argentina: Soja — 8% / Milho — 26%
  • França: Cereais — 13%
  • Austrália: Canola — 48%

O cenário indica que margens estreitas devem ser a regra, especialmente para milho e soja nos Estados Unidos e Argentina.

Brasil: Recuperação Financeira Esperada Apenas em 2027

Os produtores brasileiros ainda enfrentam os efeitos da seca, juros altos e endividamento acumulado. Atualmente, as margens de soja e milho estão em 38% e 23%, respectivamente, mas devem cair em 2026 com o aumento dos custos de produção. A expansão da área plantada está prevista em apenas 1,5%, e o equilíbrio financeiro do setor deve se restabelecer somente em meados de 2027.

Estados Unidos: Margens Apertadas e Incertezas com Tarifas

Nos EUA, o One Big Beautiful Bill Act (OBBBA) trouxe algum alívio, mas dúvidas persistem quanto aos pagamentos aos produtores. Além disso, tarifas comerciais anunciadas em abril de 2025 podem impactar a safra 2027. Para 2026, a soja deve registrar margem de 13% e o milho de 7%, podendo gerar prejuízo líquido sem auxílio governamental.

Europa: Recuperação em 2025, Mas Pressão Retorna

Condições climáticas favoráveis elevaram a produtividade de trigo e canola em países como França e Espanha em 2025. No entanto, a expectativa para 2026 é de compressão das margens devido aos preços baixos das commodities e aumento de 15% nos custos de fertilizantes.

Austrália: Margens em Queda, Exceto para a Canola

A Austrália deve registrar margens mais baixas para trigo e cevada, impactadas por preços internacionais desfavoráveis e custos altos. A canola se mantém como exceção, beneficiada por preços favoráveis e depreciação do dólar australiano, que reduz custos de insumos importados.

Fonte: Portal do Agronegócio

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