Adubos e Fertilizantes

Importação de fertilizantes no Brasil bate recorde em julho com preços em alta

País registra maior volume do insumo no mês, em meio a pressões do mercado internacional, segundo consultoria DATAGRO


Publicado em: 19/08/2025 às 10:30hs

Importação de fertilizantes no Brasil bate recorde em julho com preços em alta
Foto: Cláudio Neves

O Brasil importou 4,79 milhões de toneladas de fertilizantes em julho de 2025, o maior volume do ano e um recorde histórico para o mês, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O resultado representa um crescimento de 15,6% em relação a junho e de 7,1% frente a julho de 2024.

Acumulado do ano já é o maior da história

De janeiro a julho, as importações brasileiras somaram 24,2 milhões de toneladas, alta de 8,8% na comparação anual. O número superou o recorde anterior, registrado em 2022, quando o país trouxe 23,67 milhões de toneladas, e consolidou o maior volume já contabilizado para o período.

Principais fornecedores do Brasil

A Rússia segue como principal parceira comercial, com 6,88 milhões de toneladas enviadas ao Brasil entre janeiro e julho (28,2% do total), alta de 18% em relação a 2024.

A China ocupa a segunda posição, com 5,14 milhões de toneladas (21,2% do total), um avanço expressivo de 75,7% frente ao ano anterior.

Já o Canadá, terceiro colocado, exportou 3,1 milhões de toneladas (12,8%), registrando uma queda de 2,2%.

Tensões internacionais pressionam preços

Após as incertezas causadas pelo conflito entre Israel e Irã em junho, o mercado foi novamente pressionado em julho com a intensificação da guerra tarifária conduzida pelos Estados Unidos.

O aumento das tarifas sobre países que mantêm relações comerciais com a Rússia elevou o risco de interrupções no abastecimento e puxou as cotações internacionais para cima. A Índia, por exemplo, passou a pagar tarifas de 50% na importação do insumo.

Produtores antecipam compras para evitar desabastecimento

Com o cenário instável, agricultores latino-americanos — em especial do México, Colômbia e Brasil — intensificaram as compras de fertilizantes. No caso brasileiro, a estratégia visa garantir o suprimento para culturas como soja, milho e café. Essa corrida elevou a demanda e levou os preços a novos patamares.

Preços sobem em todas as categorias

O preço médio CIF de compostos NP atingiu US$ 570,87/t, alta de 13,2% em relação a junho e de 15,9% frente a 2024.

  • A ureia CIF subiu 7% no mês, para US$ 427,37/t, acumulando 23% de valorização anual.
  • MAP e KCl avançaram entre 5% e 6% sobre junho.

Em relação a julho de 2024, o MAP acumula 23,8% de alta, o KCl 14,5% e o sulfato de amônio 6,2%.

Portos e participação nas importações

No acumulado do ano, os principais pontos de entrada de fertilizantes no Brasil foram:

  • Paranaguá (PR) – 6,34 milhões de toneladas (26,2% do total);
  • Santos (SP) – 3,91 milhões (16,2%);
  • Rio Grande (RS) – 3,86 milhões (16%);
  • São Luís (MA) – 2,31 milhões (9,5%);
  • Salvador (BA) – 1,61 milhão (6,7%).
Impacto financeiro e perspectivas

O gasto brasileiro com fertilizantes atingiu US$ 8,8 bilhões até julho, alta de 16% em relação ao mesmo período de 2024. As compras representaram 5,2% do total das importações nacionais, contra 4,9% no ano anterior.

Com o segundo semestre marcado pela alta demanda, 2025 caminha para estabelecer novo recorde em volume e valor. Apesar da pressão sobre os custos, especialistas avaliam que os produtores continuarão importando, já que a falta do insumo impactaria a produtividade agrícola de forma mais severa que o encarecimento dos preços.

Fonte: Portal do Agronegócio

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