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Soja vive semana de contrastes: demanda interna aquece no Brasil, enquanto incertezas na China pressionam Chicago

Mercado brasileiro mostra firmeza com prêmios de exportação em alta e preços sustentados, mas cenário internacional segue volátil com dúvidas sobre compras chinesas e avanço da oferta global


Publicado em: 15/12/2025 às 11:00hs

Soja vive semana de contrastes: demanda interna aquece no Brasil, enquanto incertezas na China pressionam Chicago
Mercado interno ganha ritmo com alta na demanda e preços firmes

O mercado da soja no Brasil registrou um aumento nas negociações no segmento spot na última semana, segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O movimento foi impulsionado pela maior demanda para completar cargas nos portos brasileiros e pela nova estimativa da Conab, que reduziu a projeção dos estoques de passagem em relação ao relatório anterior.

Esse contexto reforçou a valorização dos prêmios de exportação e sustentou os preços internos. De acordo com a Conab, os embarques da safra 2024/25 — que se encerra neste mês — devem atingir recorde histórico de 106,97 milhões de toneladas, alta de 0,3% sobre o relatório anterior. Dados da Secex indicam que 98,88% desse volume já foi embarcado até 5 de dezembro.

Regiões produtoras mostram estabilidade e cautela nas vendas

No Rio Grande do Sul, o cenário segue incerto, com preços variando entre R$ 132 e R$ 136 por saca no interior e R$ 142 no porto, segundo a TF Agroeconômica. A resistência de produtores locais em vender reflete a busca por melhores condições de mercado diante do clima ainda instável.

Em Santa Catarina, o foco dos produtores é o armazenamento estratégico, como forma de defesa diante dos riscos climáticos e da lentidão no embarque nos portos. Em São Francisco do Sul, a saca de soja é negociada a R$ 142,52, com leve queda de 0,08%.

No Paraná, a volatilidade logística influencia diretamente os preços. Em Paranaguá, a soja é cotada a R$ 141,82 por saca, enquanto no interior, os valores variam de R$ 130 a R$ 133, dependendo da praça. O armazenamento também tem sido adotado como estratégia de proteção.

O Mato Grosso do Sul apresenta estabilidade nos preços, com cotações ao redor de R$ 128,20 por saca em Dourados, Campo Grande e Maracaju. Já em Chapadão do Sul, o preço ficou em R$ 123,56.

No Mato Grosso, principal estado produtor, a soja mantém leve valorização, com médias entre R$ 119,85 e R$ 122,70 por saca em municípios como Sorriso, Rondonópolis e Primavera do Leste.

Chicago opera de lado, com traders à espera de novos fundamentos

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos da soja iniciaram a semana operando em campo misto e com estabilidade. Por volta das 7h35 (horário de Brasília) desta segunda-feira (15), o contrato de janeiro registrava alta de 1,50 ponto, cotado a US$ 10,78 por bushel, enquanto o vencimento de maio caía 0,25 ponto, a US$ 10,96.

Segundo analistas, os traders aguardam novos fatores de impulso, e até que isso ocorra, os preços devem seguir laterais. A melhora das condições climáticas no Brasil reduziu os riscos para a safra, o que trouxe leve pressão às cotações. Além disso, a demanda chinesa ainda incerta mantém o mercado contido.

Os futuros de farelo e óleo de soja também registraram leves altas no início da sessão, acompanhando o comportamento cauteloso do complexo da oleaginosa.

Pressão externa: incertezas na China e oferta global derrubam cotações

Apesar do leve fôlego observado no início da semana, o mercado internacional encerrou os últimos dias sob pressão, refletindo o baixo ritmo de compras da China e o avanço da oferta global.

Na última sessão, o contrato de soja com vencimento em janeiro recuou 1,53%, encerrando a US$ 10,76 por bushel, enquanto o março caiu 1,45%, a US$ 10,86. No acumulado semanal, a soja perdeu 2,58% — cerca de 28,50 cents por bushel.

O farelo teve leve alta de 0,13%, enquanto o óleo de soja registrou queda de 1,48%, cotado a US$ 50,07 por libra-peso.

A pressão sobre os preços está ligada à perda de fôlego após a trégua tarifária entre EUA e China, com o mercado atento à promessa de compra de até 12 milhões de toneladas do grão por parte dos chineses. Até o momento, os números oficiais apontam para 3,37 milhões de toneladas já adquiridas, enquanto projeções indicam que 50% a 60% da meta já teria sido atingida.

Além disso, o avanço da colheita recorde no Brasil e a redução dos impostos de exportação na Argentina aumentam a percepção de oferta no mercado internacional, ampliando a pressão baixista sobre as cotações em Chicago.

Panorama geral: mercado dividido entre força doméstica e incerteza global

Enquanto o mercado interno brasileiro mantém preços firmes e boas perspectivas de exportação, o mercado internacional enfrenta um cenário de volatilidade.

A combinação de produção robusta na América do Sul, dúvidas sobre a demanda chinesa e fatores macroeconômicos globais deve continuar definindo o rumo das cotações da soja nas próximas semanas.

Fonte: Portal do Agronegócio

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