Publicado em: 09/08/2018 às 10:10hs
Nesta quinta-feira (9), o mercado da soja na Bolsa de Chicago devolve parte dos ganhos dos últimos dois dias e trabalha com ligeiras perdas. Perto de 8h10 (horário de Brasília), as perdas variavam entre 2,75 e 3,75 pontos, levando o novembro/18 aos U$ 9,07 por bushel.
Como tradicionalmente acontece, às véspers do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que será divulgado nesta sexta-feira, 10 de agosto, o mercado internacional se ajusta e busca estar bem posicionado antes da chegada dos novos números.
"E o mercado de grãos tem muitas perguntas. Como serão as mudanças entre os estoques finais? De quanto será o aumento na produtividade 2018 da soja e do milho? E mais", diz o boletim diário da consultoria internacional Allendale, Inc.
Enquanto isso, os traders observam e compilam as expectativas para os dados que chegam amanhã e atuam com bastante cautela nesta quinta-feira. Enquanto isso, se atentam ainda às informações do andamento da guerra comercial e do clima nos EUA em um momento de desenvolvimento importante das lavouras americanas.
Ainda nesta quinta, atenção também aos números das vendas semanais para exportação, que também chegam pelo USDA. As estimativas variam de 100 mil a 300 mil toneladas da safra velha e de 300 mil a 600 mil da safra nova.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:
Soja sobe pelo 2º dia consecutivo em Chicago e preços no interior do BR têm ganhos de mais de 1%
Embora com ganhos mais tímidos do que os da sessão anterior, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam mais uma sessão em campo positivo na Bolsa de Chicago nesta quarta-feira (8). O mercado internacional da oleaginosa trabalhou durante todo o dia com algumas altas e finalizou os negócios com os principais contratos subindo entre 4,50 e 4,75 pontos.
Com isso, o novembro/18 terminou o pregão com US$ 9,10 por bushel, enquanto o janeiro/19 foi a US$ 9,21.
Apesar de ser a segunda alta consecutiva na semana, para o chefe do setor de grãos da Datagro Consultoria, Flávio França Junior, ainda é cedo para dizer que o mercado retomou uma tendência de alta neste momento na CBOT, uma vez que há ainda fatores fortes que seguem pressionando severamente as cotações.
Entre eles, há o agravamento da briga comercial entre China e Estados Unidos - com uma nova onda de tarifas entrando em vigor nesta semana - e as perspectivas de uma boa safra vinda dos Estados Unidos, apesar da redução do índice de lavouras americanas em boas ou excelentes condições.
"Essas duas variáveis de centro são limitantes para os preços, estão mais para baixo do que para cima", explica França.
Por outro lado, no front positivo, o mercado vem sentindo melhoras na demanda pela soja norte-americana - como o anúncio de uma nova venda de 145 mil toneladas para destinos não revelados e o acumulado de vendas antecipadas de soja da safra 2018/19 superando 10 milhões de toneladas, acima do registrado no mesmo período do ano passado.
"Ou seja, apesar da guerra comercial entre China e EUA, o volume de antecipações de soja que já está negociada é bem maior do que em igual período. Não há sinais de arrefecimento nas vendas externas dos EUA. Esse é um número bem pujante, que fica até acima da média histórica para o período", explica o analista de mercado da Informa Economics FNP, Aedson Pereira, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Além disso, analistas e consultores de mercado já explicam que, mesmo com a disputa comercial, a China se verá 'obrigada' a comprar parte de sua soja nos Estados Unidos com a oferta no Brasil cada vez mais escassa.
Embora a soja brasileira siga mais competitiva do que a norte-americana quando o assunto é preço com a guerra comercial entre chineses e americanos em curso, a China deverá voltar a ver sua necessidade de importar a oleaginosa dos EUA nos próximos meses, se não nas próximas semanas. A oferta brasileira está cada vez mais escassa e deveremos iniciar 2019 praticamente sem estoques, como explica o consultor em agronegócios, Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.
"Os prêmios nos EUA estão 50 cents acima de Chicago, enquanto no Brasil passam de 200. Só que não temos mais soja no Brasil, o que tem está indo embora, o farelo está indo embora. Embora não seja a favor da guerra comercial, o momento tem favorecido muito o Brasil e o mercado, no curtíssimo prazo, é bastante interessante", explica Fernandes.
O Brasil nunca chegou a agosto exportando volumes tão elevados de soja e derivados como tem acontecido neste ano. E com isso, o aperto no volume ainda a ser ofertado se estreita cada vez mais.
Preços no Brasil
No Brasil, os preços pegaram carona nas altas observadas em Chicago e chegaram a subir mais de 1% nas principais praças de comercialização do país. Além disso, ainda têm força na demanda e nos prêmios pagos pelos produtos brasileiros, que seguem bastante elevados.
Em Castro, no Paraná, a soja disponível foi a R$ 87,50 por saca, registrando um ganho de 4,17% e em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, a R$ 77,00, subindo expressivos 16,67%.
Nos portos, as movimentações mais intensas entre os preços continuam a ser registradas em Rio Grande, onde, nesta quarta-feira, o disponível foi a R$ 88,50, subindo 1,72%, e a referência setembro a R$ 89,00, com ganho de 1,14%. Em Paranaguá, estabilidade ainda nos R$ 88,50 para o spot e nos R$ 81,50 para fevereiro do próximo ano.
O câmbio, por sua vez, teve impacto limitado na formação dos preços no mercado brasileiro, uma vez que também manteve sua estabilidade, registrando apenas uma ligeira queda de 0,04% e cotado ainda nos R$ 3,76.
Fonte: Notícias Agrícolas
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