Soja

Soja segue recuando em Chicago nesta 6ª feira e mantém foco sobre China e clima no Corn Belt

Os futuros da oleaginosa, por volta de 7h05 (horário de Brasília), perdiam entre 7 e8 pontos e o julho/18, dessa forma, já atuava abaixo dos US$ 9,70 por bushel. O agosto/18 valia US$ 9,71


Publicado em: 08/06/2018 às 10:10hs

Soja segue recuando em Chicago nesta 6ª feira e mantém foco sobre China e clima no Corn Belt

O mercado da soja na Bolsa de Chicago estende seu movimento de baixa observado durante toda a semana e volta a recuar no pregão desta sexta-feira (8). Os futuros da oleaginosa, por volta de 7h05 (horário de Brasília), perdiam entre 7 e8 pontos e o julho/18, dessa forma, já atuava abaixo dos US$ 9,70 por bushel. O agosto/18 valia US$ 9,71.

Os traders seguem avessos ao risco e cautelosos frente à falta de um concreto acordo comercial entre China e Estados Unidos que afaste efetivamente as ameaças de traifação de produtos agrícolas, em especial a soja americana importada pela nação asiática.

"Fundos de investimento continuam na caminhada do encerramento dos contratos de compra abertos nas últimas semanas, uma vez que as incertezas comerciais do embate EUA e China continuam alarmando o Mercado", diz o reporte diário da AgResource Mercosul (ARC).

Complementando o quadro de baixa sobre os preços há ainda o excelente cenário de início da nva safra de grãos dos Estados Unidos. A maior parte das regiões produtoras do país registra bons índices de condições de lavouras e condições para que seu desenvolvimento siga, ao menos até esse momento, de forma bastante favorável. Os problemas são apenas pontuais e não criam uma ameaça aos campos nesse estágio.

Entretanto, o período mais crítico ainda está por vir e a ARC alerta: "apesar de um começo de safra extremamente favorável nos Estados Unidos, ainda não há nenhuma tendência meteorológica definida para as próximas semanas, principalmente sobre o Cinturão Agrícola e o Delta do Mississippi - as principais regiões sojicultoras. Apesar de uma inclinação para temperaturas mais quentes durante o verão norte-americano (junho-agosto), o fator de limitante a definição de um teto produtivo será a incidência de chuvas".

As baixas, além de uma maior aversão ao risco nesse momento, são também um ajuste por parte dos participantes do mercado frente ao final de semana antes da chegada do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O relatório de junho chega no próximo dia 12, com os traders bem atento aos estoques da safra velha e as projeções para a safra nova.

Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:

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Os preços da soja despencaram quase 20 pontos no pregão desta quinta-feira (7) na Bolsa de Chicago e os futuros da commodity fechara o dia bem abaixo do patamar dos US$ 10,00 por bushel. Assim, o contrato julho/18 foi a US$ 9,74 e o setembro/18 a US$ 9,85 por bushel.

As cotações ficaram abaixo dos US$ 10,00 pela primeira vez em dois meses ainda diante de uma falta de acordo entre China e Estados Unidos ao redor de suas disputas comerciais e de um cenário climático que segue bastante favorável para a nova safra norte-americana.

"Essa queda forte em Chicago está sendo provocada por uma baixa demanda pela soja norte-americana. Esse é o o ponto", explica o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica. "Enquanto houver todo esse imbróglio entre ambas as partes, há um enfraquecimento da demanda pela soja americana e as vendas dos EUA recuaram, na semana, cerca de 40% em relação à semana anterior", completa.

Os números trazidos nesta quinta-feira pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostraram números fracos para a soja mais uma vez.

Na semana encerrada no dia 31 de maio, as vendas da safra velha ficaram em 164,8 mil toneladas. As apostas dos traders estavam entre 200 a 500 mil toneladas. Da safra nova, as vendas somaram 34,7 mil toneladas do grão.

A falta de um acordo, embora já em partes precificado pelo mercado, ainda poderia pesar um pouco mais sobre as cotações em Chicago, como explica o consultor. Na outra ponta, um acordo pode exercer uma pressão altista significativa para os preços não só da soja em grão, mas de todo o complexo no mercado internacional.

Além das questões comerciais, o bom quadro climático no Meio-Oeste americano também pesam sobre as cotações. O começo da nova temporada dos EUA é um dos melhores dos últimos anos, com índices recordes de avanço de plantio e lavouras em boas ou excelentes condições. Ademais, nenhuma severa ameaça é esperada, segundo as últimas previsões, para os próximos 15 dias no Corn Belt.

"Gestores de fundos especuladores revertem parte de suas posições compradas na aversão ao risco, uma vez que os mapas climáticos para os Estados Unidos são favoráveis", diz a ARC.

Nesse momento, porém, o que traz alguma preocupação para os traders é o aumento de temperaturas previsto para boa parte do cinturão, com os níveis podendo ficar acima da média em importantes regiões produtoras. Apesar disso, no estágio em que estão as plantações neste momento, esse calor um pouco mais intenso não deverá trazer grandes prejuízos, já que as chuvas esperadas também são boas e adequadas para manter a saúde das lavouras.

"Apesar da concentração ao norte dos totais pluviométricos mais pesados, ainda sim as demais áreas

sojicultoras serão regadas num raio de 25-50mm acumulados para os próximos 10 dias. O fator temperatura acelera o processo de evapotrans- piração do sistema solo e planta, no entanto, desde que a umidade do solo se mantenha em níveis adequados, o calor não será um problema", informa a AgResource.

Mercado Brasileiro

No Brasil, a falta de negócios por conta do tabelamento dos fretes - ainda sendo discutido pelo governo, líderes de diversos setores da economia e pela ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) tirou a referência dos preços da soja em todo o interior do país. Entre as praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, apenas algumas delas apontaram variações nas cotações.

No Rio Grande do Sul, os indicativos perderam pouco mais de 1%, ainda superando os R$ 70,00 por saca. Já no Paraná, os preços subiram mais de 0,6% e também seguem acima dos R$ 74,00. Em São Gabriel do Oeste/MS, o preço cedeu 2,86% para chegar aos R$ 68,00 por saca, enquanto subiu 3,52% em Brasília para R$ 75,10.

Nos portos, os preços se movimentaram. O dólar, afinal, disparou nesta quinta-feira, se aproximando dos R$ 4,00 diante da turbulenta cena política e econômica do Brasil.

Em Paranaguá, a soja disponível foi a R$ 89,00 com ganho de 1,14%, enquanto a referência março/19 se manteve estável nos R$ 88,00. Em Rio Grande, queda de 0,35% no disponível e de 0,57% para julho, com cotações em, respectivamente, R$ 86,50 e R$ 87,00 por saca.

A moeda americana fechou o dia com alta de 2,28% e valendo R$ 3,9258, após bater na máxima do dia de R$ 3,9684. "Estamos vendo um pequeno ataque especulativo ao Brasil via câmbio, mas acredito que é perfeitamente contornável", afirmou o sócio-gestor da gestora Leme Investimentos, Paulo Petrassi à agência de notícias Reuters, acrescentando que o BC tem condições de atuar.

Fonte: Notícias Agrícolas

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