Soja

Soja se ajusta em Chicago após as últimas perdas e trabalha com estabilidade nesta 3ª feira

As posições mais negociadas, por volta de 7h50 (horário de Brasília), subiam pouco mais de 2 pontos, com o julho/18 sendo cotado a US$ 8,77 por bushel


Publicado em: 26/06/2018 às 10:31hs

Soja se ajusta em Chicago após as últimas perdas e trabalha com estabilidade nesta 3ª feira

Como o mercado já esperava, depois da despencada dos preços na sessão anterior, as cotações da soja trabalham com estabilidade e do lado positivo da tabela nesta manhã de terça-feira (26) na Bolsa de Chicago. As posições mais negociadas, por volta de 7h50 (horário de Brasília), subiam pouco mais de 2 pontos, com o julho/18 sendo cotado a US$ 8,77 por bushel. O movimento se estende também para outras commodities.

As preocupações com a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos ainda não se dissiparam, porém, o mercado e os traders buscam retomar seu fôlego para as novas informações que estão por vir. Além disso, essa é semana de novos boletins do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e os traders buscam também estar bem posicionados antes da divulgação dos novos números.

Ao mesmo tempo, o que também segue como um limitante para uma recuperação mais expressiva das cotações é a questão climática nos Estados Unidos. Quase todo o Meio-Oeste americano conta com boas condições e um desenvolvimento satisfatório das lavouras 2018/19.

De acordo com o reporte de acompanhamento de safras trazido pelo USDA no fim da tarde de ontem, são 73% dos campos de soja em boas ou excelentes condições. Há ainda 95% das lavouras em fase de germinação e 12% em fase de florescimento.

"O fim de semana aqui no Cinturão Agrícola americano trouxe chuvas amplamente dispersas e, em algumas localidades, com totais pluviométricos expressivos. No atual momento, os níveis de umidade do solo da região são adequados para proporcionar o bom desenvolvimento vegetal", diz o boletim diário da AgResource Mercosul.

E para os próximos dias, as previsões continuam mostrando que as chuvas seguirão chegando em bons volumes e abrangência para manter, até este momento, a sanidade das lavouras norte-americanas.

Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:

Soja fecha com mais de 20 pts de baixa na CBOT em dia de intensa aversão ao risco nesta 2ª feira

A segunda-feira (25) foi de muito nervosismo no mercado internacional de commodities e fechou o pregão com mais de 20 pontos de baixa entre os principais vencimentos. Dessa forma, o contrato julho/18 encerrou o dia com US$ 8,74 por bushel, e todos os principais vencimentos seguem abaixo do patamar dos US$ 9,00.

A sessão foi de intensa aversão ao risco por parte dos investidores, que vieram se desfazendo de suas posições compradas na soja em função das baixas consecutivas e intensas provocadas por uma intensificação das tensões comerciais entre China e Estados Unidos.

As conversas de que o protecionismo de Donald Trump poderia ser ainda mais forte e abrangente ganharam mais peso no fim de semana e provocaram, nesta segunda-feira, uma despencada geral não só de commodities, mas dos principais índices acionários mundo a fora. A China e a Europa, inclusive, alertaram para uma "recessão global" caso os movimentos continuem.

Sobre a nação asiática, parte das taxações impostas pelo presidente americano - de US$ 24 bilhões em produtos chineses - começa a valer já em 6 de julho. Como principal instrumento de retaliação da China, a soja americana, por isso as perdas de mais de 2% nesta primeira sessão da semana, uma vez que já é realidade uma menor demanda da China pela soja dos EUA.

No entanto, parte dessa pressão sobre as cotações da oleginosa vem também do bom desenvolvimento da nova safra americana e das condições ideais de clima que têm sido registradas em praticamente todo o Corn Belt.

"Os 'gerentes do dinheiro' se tornam cada vez mais pessimistas sobre os futuros da soja e do milho diante das boas condições de clima para o desenvolvimento das lavouras no Meio-Oeste americano. Apesar do excesso de chuvas em algumas áreas, a maior parte do Corn Belt conta com um cenário ideal para seu progresso desde o início dessa nova safra", dizem os analistas do portal internacional Agriculture.com.

A opinião é compartilhada com o analista sênior da Price Futures Group, Jack Scoville. "Muitos pensam que o mercado caiu o suficiente para se acomodar, e muitos acreditam que esteja muito para vender agora. Mas, isso não significa que não pode cair ainda mais, dada a queda livre das últimas semanas é duro se manter comprado", diz.

Além desses dois fatores, o mercado da soja em Chicago viu ainda embarques semanais norte-americanos menores e apenas dentro das expectativas do mercado, o que não contribuiu nem ao menos para limitar as quedas.

Negócios parados no Brasil

No Brasil, apesar de todos nervosismo no mercado internacional, as cotações nos portos conseguiram resistir ou ao menos apresentar baixas limitadas. Em Paranaguá, disponível estável nos R$ 84,00 e em Rio Grande, perda de 0,59% para os mesmos R$ 84,00. Ainda no terminal paranaense, R$ 85,00 no março/19, também sem alteração, e queda de 0,24% no julho/18 no terminal gaúcho.

O principal colchão para os preços no Brasil continuam a ser os prêmios. Batendo nos 200 pontos em alguns portos e dependendo dos prazos de pagamento e posições de entrega, as referências mostram a demanda intensa pela soja do Brasil e a tentativa de uma compensação dos patamares mais baixos de Chicago para garantir o produto.

Entretanto, poucos negócios saem no Brasil em função dos problemas logísticos causados pela incerteza dos fretes. E boas oportunidades têm sido perdidas pelos produtores brasileiros diante desse cenário.

Segundo José Eduardo Sismeiro, vice-presidente da Aprosoja PR e diretor da Aprosoja Brasil, no Paraná houve boa oportunidade de venda há 20 dias que não pôde ser aproveitada em função dos entraves logísticos.

"Tínhamos dólar alto, bons preços em Chicago e prêmios altos mas não conseguimos travar. Por conta desse problema com os fretes, as empresas não compravam. Todos os estados estão com esses problemas. Agora, precisamos torcer para que Chicago volte aos US$ 10,50 e para que tenhamos novas oportunidades", espera o vice-presidente da Aprosoja PR. As cotações estão, no estado paranaense, cerca de R$ 4,00 por saca mais baixas.

O quadro já impacta, inclusive, as decisões e fechamento de preços para a próxima safra do Brasil, uma vez que até mesmo a entrega dos fertilizantes está atrasada e comprometendo o calendário da nova temporada.

Fonte: Notícias Agrícolas

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