Soja

Soja enfrenta pressão no mercado interno e externo com câmbio, logística e impasse EUA-China

Preços internos e externos da soja recuam diante de desafios logísticos, flutuação cambial e impasses comerciais entre Estados Unidos e China, impactando produtores e exportadores


Publicado em: 22/09/2025 às 10:50hs

Soja enfrenta pressão no mercado interno e externo com câmbio, logística e impasse EUA-China

O mercado da soja iniciou a semana sob forte influência de fatores cambiais, logísticos e geopolíticos. No Brasil, a queda do dólar reduziu o ritmo de negócios, enquanto, no exterior, a Bolsa de Chicago registrou novas baixas diante da colheita nos Estados Unidos e da falta de avanços comerciais com a China.

Dólar em queda afasta vendedores no Brasil

Segundo levantamento do Cepea, a desvalorização do dólar — que atingiu na semana passada o menor patamar desde junho — limitou a comercialização de grandes volumes de soja no mercado interno. A pressão sobre a paridade de exportação reduziu a atratividade das negociações, levando muitos produtores a adotar cautela.

Parte dos agentes busca oportunidades diante da redução da taxa de juros nos Estados Unidos (0,25 ponto percentual) e da manutenção dos juros no Brasil, em seu maior nível desde 2006, cenário que pode atrair fluxo cambial ao país.

Conab prevê safra recorde de soja em 2025/26

A primeira estimativa da Conab aponta que a área de cultivo de soja deve atingir um recorde de 49,08 milhões de hectares, com produção estimada em 177,6 milhões de toneladas. O número é levemente superior à projeção do USDA, que prevê 175 milhões de toneladas.

Preços da soja variam nas principais praças brasileiras

Os preços da oleaginosa permaneceram estáveis ou com leves oscilações nas principais regiões produtoras:

  • Rio Grande do Sul: cotações em torno de R$ 135,00 por saca no interior; nos portos, R$ 142,50.
  • Santa Catarina: pouca liquidez devido à entressafra; no porto de São Francisco, R$ 140,29 por saca.
  • Paraná: estabilidade em Paranaguá (R$ 141,46, +0,33%) e pequenas quedas em Cascavel, Maringá e Ponta Grossa.
  • Mato Grosso do Sul: quedas de cerca de 0,8% em Dourados, Campo Grande, Maracaju e Sidrolândia; Chapadão do Sul teve baixa de 0,64%.
  • Mato Grosso: preços entre R$ 120,96 e R$ 123,09 por saca, com destaque para o impacto dos custos logísticos — o frete até o Porto de Santos pode chegar a R$ 470,60 por tonelada, reduzindo margens de produtores.
Soja recua em Chicago com pressão da colheita nos EUA

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos de soja abriram a segunda-feira (22) em queda, refletindo os avanços da colheita norte-americana e o início do plantio no Brasil.

Por volta das 6h55 (horário de Brasília), os contratos mais negociados recuavam entre 5,75 e 6,25 pontos: novembro cotado a US$ 10,20 por bushel e maio a US$ 10,68. O farelo e o óleo de soja também operavam em baixa.

Impasse comercial entre EUA e China amplia incertezas

A soja encerrou a semana passada em queda em Chicago, pressionada pelo impasse nas negociações entre Estados Unidos e China.

  • Novembro: -1,16% (US$ 1.025,50/bushel)
  • Janeiro: -1,11% (US$ 1.044,75/bushel)
  • Farelo (outubro): -0,04% (US$ 282,90/ton curta)
  • Óleo de soja: -1,07% (US$ 50,03/libra-peso)

Segundo analistas, o mercado reagiu negativamente à ligação entre Donald Trump e Xi Jinping, em que não houve menção a produtos agrícolas.

Com estoques internos elevados, Pequim adota postura paciente e usa a soja como instrumento de negociação. Até 11 de setembro, a China não havia reservado nenhum carregamento da safra 2024/25 dos EUA, fato inédito desde 1999, de acordo com a Bloomberg.

Perspectivas para o mercado

A soja acumulou perdas semanais de 2,01% em Chicago, acompanhada pelo recuo do farelo (-1,6%) e do óleo (-3,17%). Especialistas destacam que a volatilidade deve permanecer elevada enquanto não houver definição nas negociações entre EUA e China, exigindo cautela de produtores e traders.

No Brasil, o avanço da safra e o cenário cambial seguirão como principais fatores de atenção para o ritmo das vendas e a formação de preços.

Fonte: Portal do Agronegócio

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