Publicado em: 30/06/2025 às 17:00hs
Em um ambiente global marcado por tensões comerciais e incertezas geopolíticas, o mercado internacional de soja enfrenta transformações relevantes que devem impactar os preços e os fluxos de exportação ao longo do segundo semestre de 2025. De acordo com relatório do RaboResearch Food & Agribusiness, divulgado em junho, o setor está diante de um cenário no qual fatores políticos ganham cada vez mais espaço na formação de preços, superando a influência tradicional da oferta e demanda.
A manutenção da tarifa de 10% sobre a soja norte-americana importada pela China é um dos pontos mais sensíveis para o mercado nos próximos meses. Segundo o Rabobank, parte das exportações dos Estados Unidos para a China referentes à safra 2024/25 foi antecipada para o final de 2024. No entanto, a grande incógnita é se a tarifa continuará vigente durante a próxima janela de embarques norte-americanos, entre setembro e dezembro.
Se o imposto for mantido, há expectativa de que a demanda chinesa volte-se com mais força à soja brasileira, o que pode elevar os prêmios pagos no Brasil. Por outro lado, um eventual acordo comercial que leve à retirada das tarifas tende a enfraquecer os prêmios brasileiros — especialmente em um contexto de margens mais apertadas, o que eleva o risco de armazenamento prolongado por parte dos produtores.
Apesar da forte influência dos fatores geopolíticos, os fundamentos de mercado indicam uma expansão contínua da produção brasileira, que deve atingir um recorde de 172 milhões de toneladas na safra atual. Esse aumento é reflexo tanto da ampliação da área plantada quanto dos ganhos de produtividade. O resultado é uma expectativa de recomposição dos estoques globais pelo quarto ciclo consecutivo, ao final da temporada 2025/26.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos de soja registraram queda de 14% em junho na comparação com o mesmo mês de 2024. No Brasil, entretanto, o recuo foi mais contido: no Mato Grosso, os preços da oleaginosa caíram apenas 3% no mesmo intervalo. Esse descolamento se deve, em grande parte, à sustentação proporcionada pelos prêmios de exportação.
Outro fator que influencia o mercado interno é a valorização do real frente ao dólar, que pressiona as cotações em moeda local e torna os produtos brasileiros menos competitivos no exterior — ao mesmo tempo em que favorece a soja norte-americana no mercado internacional.
Em paralelo, a elevação do percentual de biodiesel na mistura com o diesel nos Estados Unidos tem impulsionado a demanda por óleo de soja, fortalecendo o ritmo de esmagamento no país. Essa mudança regulatória pode afetar de forma indireta o equilíbrio global entre oferta e demanda da soja em grão e seus derivados.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou 51,5 milhões de toneladas de soja entre janeiro e junho de 2025, um crescimento de 3% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar da alta, o avanço é considerado moderado diante da tensão comercial entre Estados Unidos e China, que continua influenciando o ritmo global das negociações.
Fonte: Portal do Agronegócio
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