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Soja do PR e MS registra perdas por tempo seco; MT tem primeiras colheitas

A safra de soja no Paraná e em Mato Grosso do Sul, dois Estados que figuram entre os cinco maiores produtores da oleaginosa do Brasil, já registra perdas em algumas regiões que estão há vários dias sem chuvas


Publicado em: 19/12/2018 às 20:00hs

Soja do PR e MS registra perdas por tempo seco; MT tem primeiras colheitas

A safra de soja no Paraná e em Mato Grosso do Sul, dois Estados que figuram entre os cinco maiores produtores da oleaginosa do Brasil, já registra perdas em algumas regiões que estão há vários dias sem chuvas, o que deve impactar a produção total do Brasil, de acordo com especialistas.

Enquanto isso, as primeiras colheitas em Mato Grosso, em áreas irrigadas e plantadas precocemente, estão começando. O Estado, maior produtor brasileiro de soja, também registra falta de chuva ao sul, mas ali os problemas são menores do que em Mato Grosso do Sul e Paraná.

O intenso calor e chuvas em volumes aquém do ideal até o Natal deverão agravar a situação no Paraná e em Mato Grosso do Sul, antes de mais precipitações esperadas até o final do mês, que poderiam limitar um prejuízo maior.

"É difícil ainda saber o tamanho das perdas, está muito quente. A estiagem está tendo efeito nessas lavouras precoces (plantadas primeiro), essas lavouras estavam em enchimento de vagens e foram atingidas...", disse o analista da AgRural Fernando Muraro, ponderando que, neste momento, é "impossível quantificar" a quebra.

O Paraná, segundo produtor nacional de soja, e Mato Grosso do Sul, o quinto, poderiam sofrer perdas de até 20 por cento, se as chuvas não voltarem em bons volumes, destacou o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Roque.

"Tem de estar de olho. Se não retornarem em volumes importantes, a perda pode chegar a até 20 por cento dos volumes desses Estados. Se a chuva voltar, (a perda) pode ser bem menor...", acrescentou Roque.

Ele apontou que as chuvas no Paraná estão voltando, mas os maiores volumes estão previstos somente para a semana do Natal.

"É um fato para a gente ficar atento, isso pode mudar a cara desse panorama ótimo da safra brasileira", destacou.

De acordo com dados meteorológicos do Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon, as chuvas serão praticamente diárias no Paraná e Mato Grosso do Sul até o final do ano, mas os maiores volumes só virão a partir do final desta semana.

O agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos, observou que as precipitações ocorridas nos últimos cinco dias nas principais regiões agrícolas do Brasil foram muito irregulares e de baixa intensidade.

Ele também chamou a atenção para algumas lavouras do Paraná e no Mato Grosso do Sul "que já estão há mais de 20 dias sem registros de chuvas".

"E essa forte estiagem, associada a altíssimas temperaturas, tem ocasionado reduções significativas nos potenciais produtivos de diversas lavouras de soja", afirmou ele, avaliando que, de forma geral, Paraná e Mato Grosso do Sul terão perdas de mais de 10 por cento em relação ao potencial.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou em boletim na semana passada, ainda sem considerar os efeitos da seca, que o Paraná poderia registrar um aumento de 2,4 por cento na produção estadual, para 19,7 milhões de toneladas, enquanto o Mato Grosso do Sul poderia ter uma colheita de pouco mais de 9 milhões de toneladas, uma queda anual de 4 por cento.

De forma conservadora, a safra brasileira 2018/19 foi estimada pela Conab em 120 milhões de toneladas, um novo recorde, mas com ligeiro crescimento de 0,7 por cento ante a temporada passada, apesar de um aumento de quase 2 por cento no plantio.

Analista do Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Paraná, Marcelo Garrido disse que há uma tendência de reavaliação para baixo da safra do Estado. O Deral espera divulgar esta semana novos números, que deverão apontar algumas perdas, afirmou ele.

"Já pegou alguma coisa, pelo que o pessoal tem falado de campo, acho que vai ter reflexo na safra... A situação não está muito boa na região oeste, só não sei dizer o quanto (vai ser reduzida)", afirmou Garrido, acrescentando que houve relatos de "chuviscos" e "precipitações esparsas" nos últimos dias.

Colheita

Segundo Garrido, a colheita no Paraná deverá ser antecipada no Estado, pelo plantio precoce e também pela seca, que acelera o ciclo da planta. Mas ele acredita que somente em janeiro os produtores paranaenses estarão colhendo.

Já em Mato Grosso, produtores do médio-norte, próximos à BR-163, que utilizam pivô de irrigação, estão começando os trabalhos de colheita nesta semana, disse Muraro, da AgRural. Ele citou ainda trabalhos de colheita na região de Campo Novo do Parecis, a oeste do Estado.

"Colheita vai pegar fogo mesmo só na primeira semana de janeiro", disse Muraro.

A Aprosoja-MT disse ter informação de que um produtor está colhendo em Nova Ubiratã, ao norte de Mato Grosso.

Fonte: Reuters

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