Publicado em: 15/08/2018 às 10:12hs
O mercado internacional da soja volta a recuar nesta quarta-feira (15) na Bolsa de Chicago. As cotações devolvem boa parte dos ganhos de mais de 10 pontos do pregão anterior e, por volta de 7h45 (horário de Brasília), perdiam entre 6,25 e 7,25 pontos, levando o novembro/18 aos US$ 8,72 por bushel.
Os traders veem notícias de um lado pressionado e de outro dando suporte às cotações neste momento e buscam definir um direcionamento. Entre os fatores que ainda seguem no radar dos participantes do mercado estão as condições de clima para a conclusão da safra nos EUA, as novidades sobre a guerra comercial entre chineses e americanos, além do início da nova temporada no Brasil.
"A ARC lembra que apesar de problemas climáticos pontuais ao longo do Cinturão Agrícola estadunidense, ainda sim a safra se desenvolve bem, de maneira geral. Uma produção recorde continua dentre os cenários mais prováveis para a atual safra 2018/19", diz o boletim diário da AgResource Mercosul.
Ademais, as informações de demanda - que confirmam um ritmo ainda forte e aquecido do consumo, tanto aqui no Brasil, quanto nos EUA, também são acompanhadas de perto e tem servido como importante pilar para os futuros da oleaginosa.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Soja: Mercado sobe mais de 10 pts em Chicago com demanda forte e queda do dólar nesta 3ª feira
Os preços da soja vieram ampliando suas altas ao longo do pregão desta terça-feira (14) para fechar o dia com altas de mais de 11 pontos entre os principais vencimentos, o que levou o novembro/18 aos US$ 8,80 por bushel para encerrar os negócios.
O mercado, segundo explicou o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, se voltou para bons fundamentos da demanda - além do ajuste depois das últimas e intensas baixas - que são fortes e bastante positivos neste momento.
Na China, o ritmo de compras segue bastante aquecido - mesmo diante da guerra comercial que o país ainda trava com os Estados Unidos - e, no Brasil as vendas estão ainda maiores do que o projetado. "O Brasil está embarcando e exportando mais mesmo com os problemas do frete e o mercado enxerga isso como demanda forte", diz.
Segundo os últimos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil já embarcou pouco mais de 2,7 milhões de toneladas de soja em grão nas duas primeiras semanas de agosto, com os produtores buscando alternativas logísticas como caminhões particulares e trens para fazer chegar sua safra aos portos.
Nos Estados Unidos, o quadro não é diferente. As vendas antecipadas da safra 2018/19 estão em um ritmo também bastante acelerado, superando os números do ano comercial anterior nessa mesma época, mesmo com a China deixando de comprar nos EUA até esse momento.
Outros países têm buscando com mais avidez a soja norte-americana, que, além de tudo, está mais barata neste momento. "Os compradores estão achando a soja barata e buscam garantir as entregas futuras", explica Brandalizze.
Além dos ajustes e da demanda intensa, o mercado encontrou suporte também na baixa do dólar frente não só ao real, mas a uma cesta de moedas internacionais, em um dia de menor aversão ao risco no mercado financeiro internacional.
Os ganhos, afinal, foram generalizados entre as commodities agrícolas, liderados pelos grãos, que, ao lado da soja, terminaram o dia com ganhos de mais de 1% em Chicago. Ao mesmo tempo, nesta terça, somente frente à divisa brasileira a baixa da americana foi de 0,78% para R$ 3,8669.
"Ainda que a retórica (entre Estados Unidos e Turquia) continue de agressão, os bastidores já operam para tentar solucionar diplomaticamente o problema", escreveu o economista-chefe da gestora Infinity, Jason Vieira à agência Reuters.
Ao lado do dólar, os traders receberam ainda uma segunda redução consecutiva no índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições nos EUA. Por conta de pontuais problemas pontuais, o número caiu de 67% para 66% em uma semana, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Preços no Brasil
Com o avanço de mais de 11 pontos em Chicago, os ganhos foram quase gerais no mercado brasileiro nesta terça-feira, e as perdas foram bastante pontuais. Além dos patamares melhores em Chicago, afinal, os prêmios pagos pelo produto brasileiro seguem muito altos e sendo - ao lado da demanda - um dos maiores pilares para as cotações da soja no país.
Assim, no interior, as altas desta terça variaram entr e 0,71% a 6,06%, como foram os casos de, respectivamente, Tanagará da Serra/MT - com a saca valendo R$ 70,50 - e Luís Eduardo Magalhães/BA - onde o último indicativo de preço foi de R$ 70,00.
Nos portos, a pressão do dólar falou mais alto em Paranaguá. No terminal paranaense, a soja disponível fechou com R$ 91,50 o dia, perdendo 0,54%, enquanto a referência fevereiro/19 foi a R$ 83,00, com baixa de 1,19%.
Já em Rio Grande, as cotações subiram. O produto registrou alta de 0,57% no disponível, para ficar em R$ 88,00 por saca, enquanto foi a R$ 88,50 para setemebro/18, com ganho de 1,14%.
"A (recente) valorização do dólar frente ao real, o maior interesse chinês pela oleaginosa brasileira e a redução no estoque nacional de passagem sustentaram os preços internos da soja nos últimos dias e elevaram a liquidez nos portos", disseram os pesquisadores do Cepea.
Fonte: Notícias Agrícolas
◄ Leia outras notícias