Publicado em: 04/08/2025 às 10:30hs
Levantamentos do Cepea indicam que os preços internos da soja subiram na última semana, influenciados principalmente pela valorização do dólar frente ao real e pela forte demanda externa e interna. O Brasil exportou 10,44 milhões de toneladas de soja em julho, com média diária de embarques 12,4% superior à registrada no mesmo mês de 2024.
Segundo o Cepea, tradings estão acelerando compras para completar cargas nos portos brasileiros, o que elevou os prêmios de exportação para os maiores níveis dos últimos três anos. O aumento das tarifas dos Estados Unidos sobre produtos de diversos países também pode favorecer a demanda internacional pelo complexo soja brasileiro.
Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros da soja abriram a semana com pouca variação e leves quedas, refletindo a boa condição das lavouras nos Estados Unidos e a ausência de novas compras por parte da China. Por volta das 7h20 (horário de Brasília), os contratos de setembro e novembro recuavam entre 2 e 2,5 pontos, sendo cotados a US$ 9,67 e US$ 9,87 por bushel, respectivamente.
Ginaldo Sousa, diretor do Grupo Labhoro, observou que o clima seco predominou no cinturão agrícola norte-americano (Corn Belt), com exceção de chuvas pontuais em Ohio, Indiana e parte de Dakota do Sul. O milho já está polinizado e apresenta boa produtividade, enquanto a soja, em fase de enchimento de vagens, exige atenção, pois agosto é considerado o mês mais crítico para a cultura.
Além disso, a queda no petróleo — com o recuo de mais de 1,5% dos contratos futuros de brent e WTI — devido à decisão da OPEP de ampliar a produção, também pressiona o mercado de commodities, incluindo a soja.
Os preços da soja seguem instáveis nas principais regiões produtoras do Brasil. No Rio Grande do Sul, as cotações permanecem relativamente estáveis, com destaque para os R$ 140,00 pagos no porto, enquanto no interior os valores giram em torno de R$ 132,00 a R$ 133,00 por saca. Em Santa Catarina, gargalos logísticos dificultam o escoamento da safra, especialmente no porto de São Francisco, onde a saca manteve-se em R$ 137,99. O aumento de 19% na produção estadual entre 2020 e 2025 não foi acompanhado pela expansão da capacidade de armazenagem, que cresceu apenas 5,1%, resultando em um déficit de mais de 800 mil toneladas.
No Paraná, os preços buscam equilíbrio entre interior e porto: Paranaguá teve cotação de R$ 140,17; Cascavel, R$ 126,96; Maringá, R$ 127,22; e Ponta Grossa, R$ 128,32. No balcão, os valores ficaram em R$ 118,00.
No Mato Grosso do Sul, as vendas seguem lentas, ainda que o fim da semana tenha mostrado pequenas valorizações. Em Dourados, Campo Grande e Maracaju, a saca foi cotada a R$ 122,42. Chapadão do Sul teve preço de R$ 119,75, e Sidrolândia apresentou a maior valorização, com R$ 122,42 (+1,83%).
No Mato Grosso, apesar da ampliação das exportações para a China, os produtores enfrentam gargalos logísticos críticos. Ainda assim, os preços subiram pelo terceiro dia consecutivo: Campo Verde, Primavera do Leste e Rondonópolis registraram R$ 120,68; já Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sorriso ficaram em R$ 118,07.
A soja negociada na Bolsa de Chicago encerrou a sexta-feira (2) com leve valorização, mas acumulou perdas ao longo da semana. O contrato de agosto subiu 0,63%, fechando a US$ 961,50 por bushel, enquanto o de setembro avançou 0,58%, para US$ 968,75. O farelo e o óleo de soja também fecharam com altas diárias de 0,67% e 0,59%, respectivamente.
Contudo, a semana foi marcada por recuo de 3,70% nos preços da soja, influenciado pela boa condição das lavouras americanas e pela forte concorrência brasileira no mercado global. A ausência da China nos relatórios de compras também acendeu um sinal de alerta. Até agora, o país é o principal destino da soja americana, com 18,2 milhões de toneladas embarcadas em 2025. Outros importadores relevantes são México, Egito, Japão e Holanda.
Entre os derivados, o farelo de soja acumulou leve queda de 0,10%, e o óleo, um recuo mais expressivo de 3,13%.
O mercado da soja segue dividido entre pressões externas e boas oportunidades no mercado doméstico. Enquanto a valorização cambial e a demanda internacional aquecida sustentam os preços no Brasil, a falta de compras da China e a expectativa de safra robusta nos EUA mantêm os preços internacionais sob pressão. Internamente, a dificuldade logística e o déficit de armazenagem continuam sendo entraves importantes para a comercialização eficiente da safra.
Fonte: Portal do Agronegócio
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