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Soja: com mercado volátil, preços voltam a subir na CBOT nesta 4ª

A volatilidade continua bastante presente no mercado internacional da soja e os futuros da oleaginosa, nesta quarta-feira (25), operam em campo positivo na Bolsa de Chicago


Publicado em: 25/06/2014 às 10:30hs

Soja: com mercado volátil, preços voltam a subir na CBOT nesta 4ª

As posições mais negociadas registram, no entanto, ganhos de pouco mais de 3 pontos e o contrato agosto/14, um dos mais negociados nesse momento, era cotado a US$ 13,60 por bushel, por volta das 9h15 (horário de Brasília).

Entre os fundamentos no curto prazo, ainda há suporte para as cotações com os estoques muito apertados nos Estados Unidos, a oferta limitada na América do Sul e uma demanda ainda aquecida. No entanto, os compradores, segundo analistas, estão voltados mais aos produtos brasileiro e argentino nesse momento.

Por outro lado, as expectativas de uma grande safra nos Estados Unidos limitam o potencial de alta das cotações. As lavouras se desenvolvem bem nas principais áreas de produção, apesar do excesso de chuvas que vem sendo registrado no Meio-Oeste americano, e fortalecem as projeções de que a colheita 2014/15 do país supere as 98 milhões de toneladas.

Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:

Expectativas de grande safra nos EUA pesam e soja fecha em queda

O mercado internacional da soja fechou os negócios desta terça-feira (24) em baixa na Bolsa de Chicago. Os vencimentos mais negociados recuaram durante todo o dia e terminaram a sessão regular perdendo entre 4 e 10 pontos. De acordo com informações da agência internacional de notícias Bloomberg, os futuros da oleaginosa registraram a maior perda em quatro semanas.

Segundo analistas, o mercado internacional de grãos - soja, milho e trigo - fechou do lado negativo da tabela nesta terça em função do bom desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos. As cotações do farelo também recuaram na CBOT e as do óleo, por outro lado, encerraram o pregão com ligeira alta.

De acordo com o último boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), 72% das lavouras de soja foram classificadas como boas ou excelentes até o último domingo (22), registrando a melhor classificação para o período desde 1986. Para o milho, são 74% das plantações em boas condições.

Imagem: ODS Serviços em Agronegócio

As chuvas excessivas que chegaram ao Meio-Oeste americano nos últimos dias não foram suficientes para causar danos severos às lavouras e as previsões climáticas indicam que os próximos dias serão de condições favoráveis para a continuidade do bom desenvolvimento da nova safra. De acordo o instituto meteorológico Commodity Weather Group, pelos próximos 15 dias, os níveis de umidade continuarão adequado para soja e milho em quase todas as áreas, com um pequeno risco de inundações para os estados de Iowa e Nebraska, dois dos mais importantes no cultivo da oleaginosa.

Previsão do Tempo para os EUA - de 22 a 28 de junho - Imagem: ODS Serviços em Agronegócio

Segundo explicou Mario Mariano, analista de mercado da Novo Rumo Corretora, essas condições deverão resultar em uma produtividade de cerca de 46,1 bu/ac, com uma produção com grandes possibilidades de chegar a um volume entre 98 milhões e 99 milhões de toneladas. A última estimativa do USDA para a área de plantio da temporada 2014/15 era de 32,98 milhões de hectares, entretanto, estimativas do mercado já apontam que essa área poderá chegar ao recorde de 33,27 milhões.

"90% das lavouras estão emergindo adequadamente, isso faz com que o mercado encontre, em relação ao ano passado, condições muito melhores para os próximos dias, mesmo com as chuvas excessivas que chegaram na última semana", acredita o analista. "Toda a chuva que tem caído por lá está sendo benéfica para o desenvolvimento da soja e do milho e não deverá trazer uma preocupação de perdas de lavoura", completa.

Assim, Mariano acredita que o entendimento do mercado nesse momento é de que mesmo algumas áreas que chegaram a receber de quatro a seis vezes mais chuvas do que o ano passado não devem sofrer perdas, mas somente danos no curto prazo que poderão ser revertidos mais adiante.

Demanda na América do Sul e prêmios altos

Outro fator que pesa sobre os preços da soja praticados na Bolsa de Chicago é a transferência da demanda dos Estados Unidos para a América do Sul, principalmente Brasil e Argentina. Com um produto norte-americano mais caro em relação ao brasileiro e ao argentino por conta da baixa disponbilidade, os compradores têm se voltado para esses outros exportadores, reduzindo a demanda pela soja dos EUA.

"A demanda existe, está presente na América do Sul e, portanto, os preços na bolsa devem ser reduzidos porque a demanda nos EUA também fora reduzida", explica o analista. No último boletim do USDA sobre os embarques semanais, foram reportadas somente 62 mil toneladas de soja para a semana que terminou em 19 de junho, contra mais de 200 mil da semana anterior.

O termômetro para essa demanda aquecida são os altos prêmios pagos nos portos brasileiros pela soja nessa época do ano. Nesta terça-feira, o vencimento julho fechou em 36 centavos de dólar positivos e o agosto 78 cents sobre os preços praticados em Chicago. São esses valores que têm impedido que as perdas no mercado internacional tenham uma influência ainda mais negativa sobre as cotações no mercado interno brasileiro.

Assim, os valores da soja tanto no Porto de Paranaguá quanto no de Rio Grande têm registrado poucas oscilações e se mantêm entre R$ 70,00 e R$ 71,00 por saca para o produto disponível. Com esses preços e esse cenário, os vendedores continuam retraídos e limitam ainda mais a oferta no Brasil, situação que se repete na Argentina.

As vendas futuras, com referência nos contratos em Chicago da nova safra americana, também acontecem em um ritmo mais lento, segundo explica Vlamir Brandalizze, já que os futuros mais distantes da soja flutuam entre os US$ 12 e US$ 13 por bushel, enquanto o alvo dos produtores brasileiros era o dos US$ 14.

"Com essas expectativas para safra americana e de crescimento para a safra da América do Sul também, esse patamar está difícil de ser concretizado diante dessas condições de clima favorável. Então, ainda temos muitas resistências até chegarmos lá e a primeira delas é a safra nova nos US$ 13 por bushel", explica o consultor de mercado da Brandalizze Consulting.

Movimentação dos Fundos

Completando esse quadro de preços mais pressionados, há ainda a movimentação dos fundos de investimentos de deixarem parte de suas posições compradas e venderem alguns contratos. Fundos que gerenciam recursos deixaram 50% dessas posições compradas na última semana, vendendo cerca de 40 mil contratos, acreditando que não será possível um desenvolvimento mais altista para os preços frente a esse bom desenvolvimento das lavouras americanas.

"O mercado observou esse volume de vendas futuras dos grandes fundos e o quadro climático americano favorável. Esses dois estão pesando fatores vão limitar altas mais fortes nos últimos dias", afirma Vlamir Brandalizze.

Fonte: Notícias Agrícolas

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