Soja

Soja: Com clima adverso nos EUA, Chicago tem altas de dois dígitos nesta 3ª

As cotações, por volta de 7h45 (horário de Brasília), subiam mais de 15 pontos, com o julho já voltando aos US$ 8,17 por bushel


Publicado em: 14/05/2019 às 10:50hs

Soja: Com clima adverso nos EUA, Chicago tem altas de dois dígitos nesta 3ª

Os números sobre o avanço do plantio da soja nos EUA que foram divulgados ontem, após o fechamento do pregão, ajudam na recuperação dos preços nesta terça-feira (14) na Bolsa de Chicago. As cotações, por volta de 7h45 (horário de Brasília), subiam mais de 15 pontos, com o julho já voltando aos US$ 8,17 por bushel.

"O mercado recebe suporte de especuladores preocupados com o clima nos EUA. O plantio no centro-oeste americano continua bem atrasado", diz Steve Cachia, diretor da Cerealpar.

A semeadura da soja está concluída em apenas 9% da área no país, contra expectativas que variavam de 14% a 15%. Na semana anterior, o total era de 6%. No ano passado, a área plantada já era de 32% e a média dos últimos cinco anos é de 29%.

As condições de clima ainda não permitem que os trabalhos de campo caminhem em seu ritmo normal e os atrasos já são consideráveis.

No mais, a soja ainda passa por um movimento de recuperação técnica, ainda segundo Cachia, diante das baixas da sessão anterior.

E mesmo focado no clima nesta terça, os traders não desviam seus olhos da guerra comercial entre China e EUA. As tensões foram intensificadas nos últimos dias e agora o mercado espera por um possível encontro entre Donald Trump e Xi Jinping na cúpula do G20, no final de junho.

"Com tanta coisa negativa pressionando o mercado de soja no momento - guerra comercial piorando, gripe suína reduzindo demanda da China e estoques americanos recordes - e derrubando as cotações ao menor nível em 11 anos, o mercado ensaia recuperação técnica", completa o analista.

Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:

Soja sobe até 3% no interior do Brasil com escalada dos prêmios e alta do dólar

Os preços da soja subiram até 3,97% no interior do Brasil nesta segunda-feira, segundo levantamento feito pelo Notícias Agrícolas pelas principais praças de comercialização do país. A maior alta foi observada em Luís Eduardo Magalhães, onde o dia fechou com a saca cotada a R$ 65,50.

Nos portos os ganhos ficaram entre 0,41% e 0,68%, com os indicativos terminando entre R$ 72,50 e R$ 73,80 para a soja disponível e entre R$ 73,50 e R$ 74,30 para entrega em junho.

O mercado brasileiro reflete a escalada dos prêmios que começou há cerca de uma semana, quando se intensificou a guerra comercial entre China e Estados Unidos. Nesta segunda, com o anúncio da retaliação da China aos americanos - informando alta de suas tarifas em 1º de junho - mais ganhos foram registrados.

Segundo informou a Agrinvest Commodities, nos melhores momentos do dia os prêmios voltaram a alcançar os 100 pontos - ou US$ 1,00 - sobre os valores praticados na Bolsa de Chicago. E isso aconteceu pela primeira vez desde dezembro de 2018.

Para terminar o dia, os premios na posição maio ficou nos 70 cents de dólar acima, enquanto o junho foi a 73 cents, com alta de 2,82%. Em uma semana, o maio subiu 180%, saltando de 25 cents para os atuais 70 centavos de dólar.

Valores mais altos são observados nas posições de entrega mais distantes. O julho, por exemplo, registrou 108 cents - vendedor - e 103 cents - comprador, ainda de acordo com a Agrinvest.

Segundo analistas, o avanço dos prêmios deverá continuar acontecendo, porém, precisaria ser ainda mais forte para compensar os atuais patamares praticados na Bolsa de Chicago.

Nesta segunda, as baixas na Bolsa americana chegaram a cair 15 pontos, levando os vencimentos julho e agosto a operarem abaixo dos US$ 8,00 por bushel.

BOLSA DE CHICAGO E CLIMA

Os futuros da oleaginosa amenizaram as perdas ao final da sessão e fecharam o dia com baixas de pouco mais de 6 pontos - de 0,75% a 0,83% -, com o julho sendo cotado a US$ 8,02 e o agosto, US$ 8,09.

Se o aumento das tensões entre China e Estados Unidos dá alguma força aos preços da soja no mercado brasileiro, ele segue atuando como o principal fator de pressão sobre os futuros da soja no mercado futuro norte-americano. E a retaliação chinesa veio para pesar ainda mais.

Uma das medidas retaliatórias chinesas será a de que o país não poderá comprar mais produtos agrícolas norte-americanos. Se confirmada e colocada em prática, a medida pesará ainda mais sobre os já elevados estoques de soja dos EUA.

Na última sexta-feira, 10, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aumentou sua estimativa para os estoques finais de soja 2018/19 dos EUA para mais de 24,36 para 27,08 milhões de toneladas. Do mesmo modo, sua projeção para as exportações americanas de soja caíram de 51,03 para 48,31 milhões de toneladas.

Assim, como explicou o consultor da Terra Agronegócios, Ênio Fernandes, o mercado da soja na Bolsa de Chicago precisará de notícias fortes que possam mudar este cenário, ou seguirá pressionado.

"Não será qualquer problema de clima que vai mudar esse cenário, terá que ser um grande problema", diz.

As condições para os trabalhos de campo ainda não são as melhores no Corn Belt. As chuvas excessivas e o frio intenso ainda limitam os produtores, que já apresentam atraso em relação a anos anteriores no plantio tanto da soja, quanto do milho.

DÓLAR

Nesta segunda, os preços encontraram força ainda no dólar. A moeda americana fechou com alta de 0,88% e fechou com R$ 3,9792. Ao longo da sessão, a divisa bateu em R$ 4,0054.

"Para o exportador a alta do dólar significa mais reais pela mesma tonelada de um mesmo produto que ele exporta. Se essa guerra comercial durar mais 60/70 dias pode ser um alento muito forte para o produtor de soja porque a China virá buscar essa soja aqui e na Argentina", diz Fernandes.

Fonte: Notícias Agrícolas

◄ Leia outras notícias