Publicado em: 03/07/2018 às 10:30hs
Às vésperas de um dos feriados mais importantes dos EUA e depois de novas baixas fortes na sessão anterior, o mercado da soja na Bolsa de Chicago atua com bastante cautela nesta terça-feira (3), registrando tímidas variações. Por volta de 7h40 (horário de Brasília), os futuros da oleaginosa subiam pouco mais de 0,50 ponto em algumas das posições mais negociadas.
Assim, o julho - sem variação - tinha US$ 8,48 por bushel, enquanto o agosto subia 1 ponto para ser cotado a US$ 8,54.
"O mercado de grãos está cauteloso antes do feriado do Dia da Independência. Sem pregão amanhã e com tantas incertezas rondando as relações comerciais norte-americanas e o clima no Meio-Oeste americano, muitos preferem se manter às margens dos negócios até que passe o feriado", dizem os analistas da consultoria internacional Allendale, Inc.
A relação dos EUA com a China não traz novidades até esse momento, tampouco a possibilidade de um acordo entre os dois países. Há, inclusive, a extensão da guerra comercial de Trump com outros países, nesse momento, principalmente, com os da União Europeia.
"A atual tendência de queda agressiva foi criada com o início dos embates políticos-comerciais de Trump com seus principais parceiros econômicos.No caso da China, onde as retaliações tarifárias são direcionadas para os produtos agrícolas estadunidenses, a soja tem sido o “saco de pancadas”. Fundos especulativos reverteram a maior posição comprada líquida no lado das compras - desde o início de 2014 - para um total líquido vendido de 44mil contratos da soja em grão, em apenas 14 semanas", explica a AgResource Mercosul (ARC).
Sobre a safra 2018/19, poucas mudanças também são observadas. Ontem, no final da tarde, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seu novo reporte semanal de acompanhamento de safras com uma ligeira redução no índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições, o que já vinha sendo esperado pelo mercado. O número caiu, em uma semana, de 73% para 71%.
Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:
Soja perde mais 10 pts em Chicago nesta 2ª mas alta do dólar volta a compensar para preços no Brasil
A pressão do mercado financeiro internacional chegou aos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago e o mercado fechou o pregão desta segunda-feira (2) com baixas de 10 pontos entre os principais vencimentos. Com isso, o vencimento julho/18 foi a US$ 8,53 e o agosto encerrou o dia com US$ 8,59 por bushel.
O início de semana foi, mais uma vez, de intensa aversão ao risco por parte dos investidores frente aos temores comerciais de uma declarada guerra comercial pelo presidente norte-americano Donald Trump e que já não chega só à China.
E assim, as vendas de posições por parte dos fundos investidores atingiu as commodities em cheio, da mesma forma que provocou uma nova corrido ao dólar, em detrimento a uma série de outras moedas neste início não só de semana, mas de mês e de semestre. E para analistas e consultores, a cena externa ainda sustenta a tendência de alta da divisa americana.
Nesta segunda, frente ao real, o dólar subiu 0,87% e fechou com R$ 3,9111, mais alto patamar desde o o último 7 de junho. "A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China segue no foco dos mercados, apoiando o dólar forte", trouxe a corretora Rico Investimentos em relatório, segundo noticiou a agência Reuters.
A alta do dólar index, no fim da tarde desta segunda-feira, era de quase 0,7% frente a uma cesta de moedas internacionais.
Como explica o analista de mercado Matheus Pereira, da AgResource Mercosul, há muito medo especulativo no mercado. "Política é um tema imprevisível. Só acredito que as negociações possam ser reabertas se Trump decidir se encontrar pessoalmente com Xi Jinping", explica. "A agressividade deste embate não é modesta. Ambos os líderes possuem um orgulho maior do que seu próprio título. Não voltarão facilmente atrás de suas decisões", completa.
Os preços são pressionados também pelo bom avanço da nova safra de grãos dos Estados Unidos, que continuam a contar com condições climáticas bastante favoráveis até este momento.
"O ponto principal é que as condições de umidade do solo na maior parte do Meio-Oeste estão favoráveis e ainda leva algumas semanas para que algumas regiões sequem o suficiente para causar algum stress muito sério. Enquanto isso, no meio tempo, as últimas previsões seguem mostrando uma condição ainda um tanto incerta sobre as variações de temperaturas e chuvas, mas ainda sem indicar um cenário de muito stress até o final do verão", diz um boletim do instituto internacional World Weather Inc.
Assim, nem mesmo o bom número dos embarques semanais norte-americanos, que ficaram acima das expectativas do mercado, foram suficientes para limitar as baixas na oleaginosa.
Na semana encerrada em 28 de junho, foram embarcadas 849,204 mil toneladas de soja, volume maior do que o da semana anterior, e acima das projeções de 380 mil a 790 mil toneladas. No acumulado da temporada, os embarques já somam 49.673,709 milhões de toneladas, contra mais de 52 milhões do ano passado.
Mercado Nacional
E foi a alta do dólar, mais uma vez, que provocou um bom avanço das cotações da soja no mercado brasileiro. Nesta segunda, o interior do país viu os preços subirem mais de 1% nas principais praças de comercialização e em boa parte deles as referências superarem os R$ 70,00 por saca.
No porto de Rio Grande, a soja disponível foi a R$ 85,40 com alta de 0,47% e R$ 86,00 para agosto, com alta de ganho de 0,23%. Em Paranaguá, estabilidade no disponível, com R$ 89,00, e no futuro, com R$ 81,00 para março/19.
Fonte: Notícias Agrícolas
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