Publicado em: 01/08/2019 às 10:15hs
Manhã de estabilidade para os preços da soja na Bolsa de Chicago nesta quinta-feira, 1º de agosto. As cotações trabalham com movimentações mais limitadas e leves baixas nesta sessão depois das perdas intensas de mais de 14 pontos no fechamento de ontem. Por volta de 7h40 (horário de Brasília), os futuros da soja tinham recuos de 0,25 a 1 ponto nos principais contratos, com o agosto sendo cotado a US$ 8,63 e o novembro, US$ 8,81 por bushel.
O mercado segue dividindo suas atenções entre a política e a nova safra norte-americana, em especial as condições de clima para este mês, que é determinante para a cultura da soja nos EUA. Mais do que isso, os traders seguem muito ansiosos à espera do novo boletim que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz no dia 12 de agosto.
"As questões de área serão, enfim, respondidas este mês?", questionam os especialistas da consultoria internacional Allendale, Inc. O mercado está ansioso em saber quanto da área norte-americana de soja e milho foi destinada ao programa do Prevent Plant, quanto foi 'abandonado' pelos produtores e o que foi efetivamente plantado. Dados como estes são conhecidos bem mais cedo, porém, os problemas sérios enfrentados durante o plantio impediram até mesmo a coleta dessas informações em importantes regiões produtoras do cinturão.
As estimativas de produção e produtividade, consequentemente, também ficam mais incertas e gerando especulações cada vez mais intensas no mercado futuro norte-americano. "O mercado está sem direção diante de previsões que mostram condições melhores de clima para o desenvolvimento da safra contra essas projeções de uma área não plantada nos EUA", completa a Allendale.
Atenção ainda aos dados de vendas semanais para exportação que serão reportados pelo USDA nesta quinta-feira. O mercado espera algo entre 100 mil e 700 mil toneladas.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:
Com nova rodada de baixas intensas em Chicago, soja perde até 2,8% no Brasil
O mercado da soja intensificou suas baixas e fechou o pregão desta quarta-feira (31) cedendo mais de 14 pontos entre os principais vencimentos. O agosto foi a US$ 8,64 e o novembro a US$ 8,81 por bushel refletindo, novamente, a combinação do agravamento das relações entre China e Estados Unidos e das boas condições de clima, até este momento, no Corn Belt, segundo explicam analistas e consultores.
"Não há absolutamente nada de novo para se reportar quando o assunto é o mercado de grãos. O mercado está exausto nesse ponto", diz à Reuters Internacional o analista de mercado da consultoria internacional Crossroads, Joe Christopher. "Podemos ter algumas surpresas com o o relatório do USDA de 12 de agosto, tudo vai depender da área americana", completa.
PREÇOS EM QUEDA NO BRASIL
Com essa nova rodada de baixas na Bolsa de Chicago, os preços da soja perderam até 2,86% no mercado brasileiro, como foi o caso da praça de Brasília, onde a referência terminou o dia com R$ 68,00 por saca. Na Bahia, as perdas também superaram os 2% e os indicativos variam entre R$ 66,00 e R$ 67,00.
Mais praças no interior do país perderam força e fecharam os negócios desta quarta-feira em queda. E nos portos, os preços também recuaram significativamente. Em Paranguá, R$ 77,50 no disponível e R$ 78,00 para agosto, com perdas de 0,64%. Já em Rio Grande, R$ 77,00 e R$ 77,50, respectivamente, caindo 0,65% e 0,64%.
O que limitou as baixas nos preços do Brasil foi o dólar, que subiu nesta sessão depois do corte de juros nos EUA anunciado pelo Federal Reserve. A moeda americana fechou a quarta com alta de 0,70% e R$ 3,8173.
"As mudanças no comunicado do Fed vieram mistas, mas levemente 'hawkish' na margem", disseram profissionais do Goldman Sachs, como noticiou a Reuters.
GUERRA COMERCIAL
Chineses e americanos voltaram a se reunir esta semana, porém, as conversas foram curtas, inconclusivas e não trouxeram nenhuma grande novidade. Comunicados oficiais de Pequim e Washington afirmam que a China teria se comprometido em comprar mais produtos agrícolas norte-americanos e os EUA a criar condições mais favoráveis para tal.
Mais detalhes sobre essas compras, porém, mais uma vez não foram revelados e a falta de confiança do mercado em informações como estas já se mostra bastante clara a julgar pelas perdas intensas desta quarta-feira, por exemplo.
Apesar dessas declarações, especialistas continuam afirmando que um acordo real e efetivo ainda estaria bastante distante e que o caminho necessário de ser percorrido para ser alcançado é bastante tortuoso. Steve Cachia, consultor da Cerealpar e da Agro Culte explica que o momento atual poderia ser, de fato, um pouco mais vantajoso para a China.
CLIMA NOS EUA
As condições de clima nos EUA se mostram favoráveis neste momento, com mais chuvas sendo previstas para os primeiros dias de agosto, favorecendo áreas que vinham sofrendo com a falta delas há dias. Temperaturas mais amenas também são esperadas, de acordo com as previsões atualizadas.
"As máximas durante o dia por todo o centro dos EUA deverão permanecer mais baixas do que o normal pelo menos até o meio da semana que vem. E chuvas moderadas deverão alcançar o oeste do Corn Belt na próxima semana, e mais algumas partes do Missouri, oeste do Kansas e dos Nebraska, alcançando mais de 75 mm até 7 de agosto", explica o analista de mercado Ben Potter, do portal Farm Futures, baseando-se nos mapas trazidos pelo NOAA, o serviço oficial de clima do governo norte-americano.
"Apesar dos problemas pontuais em alguns estados, adversidades climáticas deverão ser mais intensas e generalizadas para sustentar qualquer movimento de alta,principalmente em um ano que a demanda por soja está bem reduzida", explicam os analistas da ARC Mercosul.
E é justamente por isso que os problemas enfrentados pela nova safra de soja EUA até este momento têm tido impacto limitado sobre o andamento dos preços da soja na Bolsa de Chicago. A falta da demanda chinesa no mercado dos EUA tem mantido os estoques elevados no país e assim, mesmo que houvesse uma grande quebra da temporada 2019/20, ainda assim a oferta poderia ser equilibrada, também como explicam analistas e consultores de mercado.
USDA 12 DE AGOSTO
Diante desse quadro e do atraso severo que também é observado nos campos americanos de soja e milho, o mercado se mostra muito ansioso pelos dados que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz no dia 12 de agosto. As informações mais aguardas são, talvez, os números de área depois de tantos problemas enfretados durante a época de plantio.
"Tudo depende de quanto os produtores dedicaram ao Prevent Plant e quanto de área foi perdida ou abandonada nos EUA", diz Joe Christopher.
Fonte: Notícias Agrícolas
◄ Leia outras notícias