Publicado em: 21/06/2018 às 10:10hs
Segue a pressão sobre o mercado internacional da soja. A guerra comercial entre China e Estados Unidos ganha um tom cada vez mais tenso e, embora ainda no campo da especulação para boa parte das ações de ambos os países, mantém o mercado financeiro em alerta e os investidores mais cautelosos, buscando por ativos mais seguros do que commodities agrícolas.
Dessa forma, os fundos seguem se desfazendo de suas posições entre os futuros da soja e, nesta quinta-feira (21), os preços voltam a recuar. Por volta de 8h05 (horário de Brasília), as baixas variavam entre 3 e 3,25 pontos, com o julho/18 - que ainda é o contrato mais negociado - sendo cotado a US$ 8,86 por bushel. Mais cedo, as baixas passavam de 8 pontos.
"O mercado de grãos está esperando por mais notícias sobre os próximos passos das duas maiores economias do mundo nessa guerra comercial. Os poderes de ambas serão suficientes para resolver os desencontros antes destas tarifas terem valor efetivo?", se questionam os analistas da consultoria internacional Allendale, inc.
Ademais, segue o desenvolvimento da safra 2018/19 dos Estados Unidos. As condições atuais de clima são bastante favoráveis para as lavouras até este momento e, nas previsões, ainda não são notadas ameaças que poderiam tirar o potencial das plantações.
"Precipitações eminentes são es- peradas para todo o Cinturão Agrícola num raio de 30-60mm acumula- dos nestes próximos 5 dias. As regiões que recebem a maior quantidade pluviométrica são também aquelas que traziam alguma preocupação com o potencial de permanência de uma estiagem. Agora, a umidade do solo do centro do Cinturão se recupera, invalidando qualquer efeito negativo das temperaturas elevadas dos últimos dias", diz o boletim diário da AgResource Mercosul (ARC).
Nesta quinta-feira também, o mercado e seus participantes se atentam aos novos números de vendas semanais que serão divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). As expectativas dos traders para a soja variam de 300 mil a 600 mil toneladas para a safra velha e de 100 mil a 400 mil para a safra nova.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:
Preços da soja voltam a subir nos portos do BR nesta 4ª, mas mercado segue travado pelos fretes
Os preços da soja nos portos do Brasil testaram patamares melhores nesta quarta-feira (20) nos portos e interior do país pegando uma carona na alta de mais de 1% do dólar frente ao real. Os prêmios mais altos também ajudam a compensar as cotações mais baixas no mercado internacional.
Em Rio Grande, a soja disponível subiu 3,46% e foi a R$ 83,80 por saca e 3,68% na referência julho/18 para R$ 84,50. Em Paranaguá, apenas a soja disponível fechou em alta, subindo 1,22% para R$ 83,00. Enquanto isso,no terminal paranaense, queda de 1,82% para R$ 81,00 no março/19.
No interior, as altas chegaram a 5,88%, como foi o caso de Brasília, onde o último indicativo ficou em R$ 72,00 por saca, mas bons ganhos foram observados também em praças da região Sul do Brasil, como as do Paraná, onde as referências subiram mais de 1%. Já em Mato Grosso, por outro lado, as praças seguem sem referência na maior parte delas, ainda em função do travamento pelo qual passa o mercado de grãos em função das incertezas sobre o frete.
Em algumas delas, o valor da saca de soja caiu, como em Tangará da Serra, que fechou o dia com 1,52% de baixa, para R$ 65,00, ou Campo Novo do Parecis, onde a baixa foi de 2,31% para R$ 63,00.
Entre os prêmios, o destaque desta quarta ficou por conta da posição setembro/18, em Paranaguá, onde subiu 11,43% para chegar a US$ 1,95 por bushel acima dos valores praticados na Bolsa de Chicago. Julho ainda tem US$ 1,65 e o agosto, US$ 1,70.
Como explicou o consultor em agronegócio da Terra Agronegócios, Ênio Fernandes, a comercialização permanece travada no Brasil, com navios que levariam entre 14 e 15 dias para se abastecer tendo que gastar até 40 dias.
As oportunidades que a disputa comercial entre China e Estados Unidos está trazendo ao mercado brasileiro, no entanto, não estão sendo aproveitadas com todo seu potencial por conta dessa instabilidade em relação ao custo logístico.
Nesta quarta-feira, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu mais uma semana para que caminhoneiros e empresas tentem um acordo na questão dos preços dos fretes. Além disso, a ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) abriu uma consulta pública para discutir a tabela dos preços na tentativa da construção de uma nova tabela.
Dólar
O pregão desta quarta-feira foi bastante volátil para o dólar frente ao real, porém, em um movimento de correção, a moeda americana terminou o dia com alta de 1,03% e valendo R$ 3,7827.
"O mercado fez algumas compras, mas esperava que o Banco Central atuasse novamente. Ele colocou pouco swap hoje", disse o gerente de câmbio do grupo Ourominas, Mauriciano Cavalcante.
Bolsa de Chicago
Em Chicago, as cotações terminaram o dia com variações bastante tímidas na casa de 0,50 ponto, com altas e baixas entre as posições mais negociadas. Assim, o julho/18 fechou a sessão com US$ 8,89 por bushel.
O mercado segue bastante especulativo e à espera de algumas informações que possam definir melhor o andamento das cotações a partir dos últimos ocorridos, principalmente o anúncio do presidente americano de aumentar a tarifação dos EUA sobre os produtos da China e a retaliação dos chineses na soja, entre outros produtos.
Na sessão anterior, a soja chegou a registrar suas mínimas em quase 10 anos e agora busca recuperar parte dessas baixas, que chegaram a 50 pontos ao longo do dia de ontem.
"O mercado dos grãos está tomando fôlego depois da volatilidade extrema pela qual passou nas últimas duas sessões. Faz três semanas que foram observadas máximas no contrato dezembro do milho e julho da soja", explicam os analistas da consultoria internacional Allendale, inc.
As baixas são reflexo ainda das boas condições de clima nos Estados Unidos, o que tem permitido um desenvolvimento bastante satisfatório das lavouras. Além disso, o mercado se atenta também ao novo reporte de área que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chega no próximo dia 29.
Fonte: Notícias Agrícolas
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