Publicado em: 22/08/2025 às 11:01hs
O mercado de soja no Brasil apresenta cenários distintos entre os estados, com produtores adotando estratégias variadas de armazenagem e comercialização.
No Rio Grande do Sul, as negociações seguem lentas, pressionadas por limitações de armazenamento. Os preços no porto foram reportados em R$ 141,50/saca (pagamento em 29/08), enquanto no interior variaram de R$ 122,00 a R$ 134,00 por saca, a depender da praça.
Em Santa Catarina, a atenção está voltada para a capacidade de estocagem e para a mão de obra disponível. A soja compete espaço com outras culturas e a logística de armazenagem se mantém como desafio. No porto de São Francisco, a cotação atingiu R$ 142,84/saca (+1,31%).
No Paraná, a comercialização avança em ritmo mais firme. Parte da produção segue estocada, mas cooperativas e tradings têm acelerado os embarques. Em Paranaguá, a saca foi negociada a R$ 144,83 (+0,93%). Em outras praças: Cascavel, R$ 128,79 (-0,80%); Maringá, R$ 130,89 (+0,58%); Ponta Grossa, R$ 131,55 (-0,86%); e Pato Branco, R$ 142,84 (+1,31%).
No Mato Grosso do Sul, produtores mantêm volumes estocados em propriedades e cooperativas, enquanto observam o mercado para vendas futuras. Em Dourados, Campo Grande e Sidrolândia, a saca foi cotada a R$ 123,83, com leves oscilações negativas.
Já no Mato Grosso, a suspensão da Moratória da Soja trouxe dinamismo às negociações. Os preços variaram entre R$ 121,96/saca em Campo Verde, Primavera do Leste e Rondonópolis (-1,37%) e R$ 122,82/saca em Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sorriso (+1,42%).
Apesar das pressões externas, o mercado doméstico se mantém aquecido. Segundo dados da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), a média no Rio Grande do Sul encerrou a semana em R$ 125,22/saca. No restante do país, as cotações oscilaram entre R$ 116,00 e R$ 126,50.
O câmbio, com o dólar a R$ 5,49 no dia 21/08, somado aos prêmios firmes nos portos, sustentou os preços no Brasil. Comparado a 2024, os valores atuais estão de 5,4% a 9% mais altos, superando inclusive a inflação acumulada de 5,23%.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), a soja encerrou a quinta-feira (21) em forte alta, impulsionada por vendas externas expressivas da nova safra dos EUA e pela valorização do óleo de soja, que disparou 4,77%, cotado a US$ 53,64/libra-peso. O contrato de setembro fechou a US$ 1.034,50/bushel (+1,92%), enquanto o novembro encerrou em US$ 1.056,00/bushel (+1,93%).
Na sexta-feira (22), entretanto, o mercado mostrou leve acomodação, com ganhos moderados de pouco mais de 1 ponto nos principais vencimentos. O setembro era negociado a US$ 10,35 e o novembro a US$ 10,57/bushel.
O farelo de soja também encerrou em alta, com valorização de 11% em agosto, enquanto o óleo acumulou queda de 6,4% no mesmo período.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reportou vendas da nova safra de 1,142 milhão de toneladas, acima das expectativas, reforçando o viés positivo. Ainda assim, a ausência da China nas compras diretas permanece como fator limitador. Analistas especulam que parte dos registros de “destinos desconhecidos” possa estar vinculada a compradores chineses.
O impasse comercial entre EUA e China segue como variável-chave. Desde a imposição de tarifas por Donald Trump, os chineses reduziram drasticamente suas compras dos EUA, ampliando as importações de Brasil e Argentina. Esse movimento abriu espaço para o Brasil atingir cerca de 120 milhões de toneladas negociadas até agosto, garantindo liquidez interna.
Apesar do ambiente favorável, os estoques finais brasileiros, estimados pela Conab em 3,9 milhões de toneladas — mais de quatro vezes acima do registrado no ano passado —, têm impedido valorizações mais robustas. Esse fator sugere que os preços devem se manter sustentados, mas sem grandes disparadas no curto prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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