Publicado em: 29/09/2025 às 10:10hs
O relatório Radar Agro, da Consultoria Agro e Pesquisa Econômica do Itaú BBA, divulgado em setembro de 2025, projeta um cenário de estabilidade para o mercado global de soja na safra 2025/26. Apesar da produção menor nos Estados Unidos, a expectativa de safra recorde no Brasil, com até 175 milhões de toneladas, garante o abastecimento mundial e limita altas na Bolsa de Chicago (CBOT).
A produtividade brasileira deve se aproximar da média de 3,6 toneladas por hectare, após resultados acima da média em 2024/25. Esse cenário pode manter os estoques globais em linha com a temporada anterior, mesmo com a redução da relação estoque/uso.
O desenvolvimento do fenômeno La Niña deve influenciar o ciclo agrícola. O cenário indica chuvas abaixo da média no Sul da América do Sul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e precipitações mais abundantes no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil.
Para a Argentina, a projeção base é positiva, com safra próxima a 50 milhões de toneladas. No entanto, eventuais frustrações ligadas ao clima poderiam valorizar os preços em Chicago.
A ausência da China no mercado da soja americana vem resultando no pior ritmo de exportações dos EUA nos últimos seis anos. Segundo o Itaú BBA, esse cenário mantém pressão sobre as cotações em Chicago, ao mesmo tempo em que favorece a valorização dos prêmios no Brasil.
Negociações entre China e Estados Unidos podem alterar o quadro: um acordo para compra de grãos americanos elevaria preços na CBOT, mas reduziria prêmios no Brasil. Sem acordo, o efeito seria inverso.
A projeção do Itaú BBA para o câmbio aponta R$ 5,35/USD em 2025 e R$ 5,50/USD em 2026. A valorização do real no curto prazo é sustentada pelo enfraquecimento global do dólar e pela expectativa de cortes antecipados de juros pelo Federal Reserve.
Entretanto, o banco alerta para a possibilidade de alta volatilidade em 2026, devido ao estreitamento do diferencial de juros e riscos fiscais no Brasil.
Mesmo com safra robusta, a rentabilidade tende a diminuir. O estudo mostra que a soja pode ser negociada abaixo de R$ 100 por saca no Mato Grosso, em função da combinação entre câmbio e preços internacionais.
Em Sorriso (MT), a margem operacional deve cair de R$ 3.080/ha (44%) em 2024/25 para R$ 1.946/ha (31%) em 2025/26, impactada por custos mais altos e preços menos atrativos.
Até agosto, apenas 20% da safra 2025/26 havia sido comercializada, abaixo da média histórica de 29%. O início do plantio com chuvas regulares pode acelerar os negócios nas próximas semanas.
Outro ponto de atenção é a medida da Argentina de zerar impostos sobre exportações de soja, milho e trigo até outubro, o que pode estimular vendas no país vizinho e pressionar ainda mais a CBOT e os prêmios brasileiros.
De acordo com o Itaú BBA, os fundamentos atuais sugerem que os preços internacionais da soja devem permanecer contidos. O câmbio será o fator determinante para a formação de preços no Brasil, podendo amenizar ou acentuar a queda.
Enquanto isso, a confirmação da safra recorde no Brasil tende a manter o mercado global abastecido, reforçando a pressão sobre as cotações internacionais.
Fonte: Portal do Agronegócio
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