Publicado em: 11/04/2019 às 11:40hs
Até o fim de 2019, a saca de 60 quilos de soja deve chegar a um valor médio de R$ 79,00 – um aumento de 8,77% em relação ao projetado para o mês de março deste ano, de R$ 72,95. A projeção foi realizada com base em dados da COSTDRIVERS, plataforma global SaaS que fornece ferramentas exclusivas e informações sobre preços e custos em vários segmentos.
A projeção foi feita logo após as recentes notícias sobre o recuo da commodity, incluindo a previsão de que o Brasil tenha, inclusive, de racionar a demanda do recurso no segundo semestre.
A soja, um dos principais produtos da produção interna de grãos, está com uma estimativa, segundo a Conab (Companhia nacional de abastecimento) de redução de 4,9% na produção para o ano de 2019, o que equivale a 113,5 milhões de toneladas. Importantes estados produtores como Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia já projetaram uma quebra na safra prevista em 5,8 milhões de toneladas.
“Mesmo com essa perspectiva de redução na produção, o comportamento das exportações da soja em grãos, farelo e de óleo superaram os US$ 2 bilhões, em comparação à produção dos meses de fevereiro em anos anteriores”, afirma Rodrigo Scolaro, analista de mercado da COSTDRIVERS.
Atualmente a China representa 26,8% de tudo o que Brasil comercializa no mercado externo, e configura-se atualmente como o principal destino das nossas exportações, segundo dados da FGV divulgados em janeiro deste ano.
“Esse resultado foi influência das taxas impostas pelos chineses aos americanos ao grão, em resposta às barreiras criadas pelos americanos contra o aço chinês. A instabilidade nessas negociações entre americanos e chineses deixa o Brasil em um impasse comercial com relação às regras que vão ser definidas nesse acordo”, explica o analista
Segundo o especialista, ainda há incertezas no mercado brasileiro em virtude do acordo, que aumentaria as compras chinesas dos Estados Unidos, sobretudo devido aos estoques do país, porém o Brasil é único que consegue abastecer a demanda chinesa no momento.
Proximidade do acordo gera otimismo
De acordo com Scolaro, há um otimismo no preço internacional da soja, apesar dos preços ainda não terem subido muito nos últimos meses. O otimismo se deve à proximidade desse acordo comercial que deve ocorrer nas próximas semanas, com a promessa chinesa da compra de 10 milhões de toneladas de soja americana. Por enquanto, o governo de Donald Trump sinaliza que continuará no andamento das negociações.
Outros fatores do mercado chinês também continuam contribuindo para a alta do preço da soja. Um desses é o surto da peste suína africana que afeta a China, prejudicando a produção local de carne suína. Esse fato levou os compradores chineses, apesar da disputa comercial, a recorrerem à compra de carne suína dos Estados Unidos, levando a um aumento nos preços da soja, um dos principais componentes da ração animal.
“Apenas para entender o efeito em cadeia que essa demanda produziu, somente na primeira semana de março, de acordo com os dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), foram exportadas 23.800 toneladas de carne suína para a China. Esta foi a maior venda do produto dos EUA para a China desde abril de 2017, quando foram vendidas 23.900 toneladas”, afirma o analista da COSTDRIVERS.
O Brasil está logrando com melhores vantagens competitivas no período também, como uma diminuição média de 27% no frete da soja no comparado com 2018, devido ao tabelamento do frete.
O governo brasileiro retorna de sua agenda nos Estados Unidos ainda sem um acordo definido relacionado às atividades comerciais. Entretanto se mostrou disposto a manter as relações diplomáticas com a China, e missões de promoção para as exportações brasileiras para o país asiático já estão sendo programadas.
Fonte: Intelligenzia
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